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Notícias | Especial Coronavírus Pandemia

Após 'aviso' do Estado, prefeitos da região podem alterar decretos que flexibilizam regras

Monitoramento da pandemia apontou aumento de indicadores no bloco liderado por Novo Hamburgo

Por Bianca Dilly
Publicado em: 24.05.2021 às 06:00 Última atualização: 24.05.2021 às 09:07

Em relação às UTIs, a região tem a terceira maior lotação do RS, ficando atrás apenas de Guaíba (92,2%) e Porto Alegre (75,7%) Foto: Lu Freitas/PMNH
Sendo puxada pelo aumento na ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), a região 7, de Novo Hamburgo, recebeu no último sábado o primeiro aviso no novo sistema 3As de monitoramento da pandemia implementado no Estado. Conforme justificado em boletim divulgado no início da tarde, a taxa vem subindo e já estava em 72,4%. Além deste, mais três avisos foram emitidos pelo governo na última atualização: para as regiões de Porto Alegre, Capão da Canoa e Guaíba.

No bloco liderado por Novo Hamburgo, a notificação também é explicada pelo crescimento de novas confirmações de Covid-19. A variação semanal na média móvel de casos foi de 50,7%, uma das maiores do Rio Grande do Sul, enquanto que a taxa geral do Estado ficou em 15,3%. Em relação às UTIs, a região tem a terceira maior lotação do RS, ficando atrás apenas de Guaíba (92,2%) e Porto Alegre (75,7%). Ontem, o índice local já estava em 74,1%, com destaque para as unidades privadas, que chegavam a 102%.

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Enquanto isso, os leitos clínicos apresentam "aparente estabilização na ocupação", de acordo com o documento. Na semana, a variação de pacientes foi de -9,4%, seguida por -4% no período anterior. O Grupo de Trabalho (GT) Saúde do Comitê de Dados, responsável pelo monitoramento, destaca que as prefeituras das respectivas regiões já foram informadas da deliberação pela Secretaria de Articulação e Apoio aos Municípios (Saam), seguindo o fluxo estabelecido pelo sistema.

Decretos na região

Depois de anunciar novo protocolo na última terça-feira, o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (Amvars) e prefeito de Campo Bom, Luciano Orsi, disse à reportagem do Jornal NH que a região pode antecipar decretos, de caráter mais restritivos, caso os números da pandemia voltem a piorar.

"Nossa taxa de ocupação de leitos de UTI estava baixando e parou de cair. Também tivemos aumento nos casos positivos de Covid. Estamos conversando no nosso comitê Covid e também com os prefeitos para que haja intensificação da fiscalização e aumento nas campanhas de cuidados e prevenção contra a doença", destaca.

Ele destaca que, neste momento, as ações ainda são de caráter preventivo. "Flexibilizamos alguns serviços e temos decretos em vigor até o final deste mês, mas vamos monitorar como fica a situação ao longo da semana. Se a questão piorar, podemos adotar medidas mais restritivas", reforça. Caso os indicadores sigam registrando aumentos, o alerta pode ser questão de dias para a região.

Momento de prevenção

O novo sistema de monitoramento possui três estágios: aviso, alerta e ação. Como a região recebeu um aviso, ainda não é necessário enviar ao governo planos de ação com protocolos adaptados. Porém, deve redobrar a atenção para o quadro da pandemia. Nesta fase, o Estado informa que devem ser tomadas "providências com medidas adequadas para a preservação da saúde pública, de forma a reduzir a velocidade de propagação".

Entre as ações sugeridas estão o reforço nas campanhas de orientação sobre o uso correto de máscara, distanciamento e ventilação; ampliação da testagem; isolamento dos suspeitos e confirmados; manutenção da vacinação (incluindo a busca ativa para aplicação da segunda dose); além de forte ação de fiscalização de aglomerações e do cumprimento dos protocolos mínimos obrigatórios.Sistema 3As Monitoramento


Regiões já receberam alertas e estão em ação

Ao longo da última semana, Santa Maria, Pelotas, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul, Bagé e Erechim já receberam avisos do Estado, que foram mantidos nesta atualização. Também seguem valendo os oito alertas recomendados, dos quais cinco regiões já se encontram sob ação, com planos aprovados: Cachoeira do Sul, Cruz Alta, Ijuí, Passo Fundo e Santo Ângelo. Enquanto isso, Santa Rosa, Uruguaiana e Palmeira das Missões enviaram os protocolos, que estão valendo, mas ainda serão analisados pelo gabinete de crise.

Caso as regras sejam consideradas insuficientes, o Estado entrará em contato, sem prazo determinado para que isso ocorra. Automaticamente, quando o alerta é emitido, parte-se para a necessidade de ação. Os municípios têm 48 horas para "avaliar, responder sobre o quadro e apresentar plano de ação compatível" a fim de reverter a situação. Os boletins com dados deste são divulgados diariamente.

Autoridades falam em cuidados e mais restrições

A prefeita de Novo Hamburgo, Fatima Daudt, lembra que a tendência de aumento já havia sido identificada na cidade. "Nos últimos dias, o Centro Covid registrou maior procura por atendimento de casos suspeitos. Isso nos motivou a fazer um apelo para que as pessoas redobrassem a atenção com os cuidados."

Segundo Fatima, a notificação recebida corrobora com o quadro que vinha sendo acompanhado. "O aviso do governo do Estado para a região de Novo Hamburgo reforça a necessidade de cada pessoa fazer a sua parte."

Por fim, a chefe do Executivo reforça que além dos cuidados individuais, a campanha de imunização é a grande aliada para frear a pandemia, mas reforça a dificuldade atual com as vacinas.

Para o secretário municipal de Saúde de São Leopoldo, Marcel Frison, novas ações deverão ser feitas nos próximos dias e o aviso do Estado já era previsto. "Devemos adotar medidas mais restritivas que o resto da região e vamos cobrar dos prefeitos que nos acompanhem, na medida em que o próprio Estado reconhece que a situação é complicada. Recebemos aquilo que já sabíamos que iria acontecer, já estava previsto e que está se configurando", ressaltou.

Situação nos outros blocos da região

Na região de Capão da Canoa, o aviso foi emitido devido ao crescimento da incidência de casos confirmados: de 140,8 casos para cada 100 mil habitantes em 15 de maio para 220,9 casos em 21 de maio. "Chama a atenção que o aumento de casos se dá depois de longo período em queda", aponta o documento. Além disso, houve crescimento nas internações de pacientes confirmados Covid em UTI e a taxa estava em 70,8%, com tendência de subida. Segundo a Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte), o aviso será analisado em encontro de prefeitos na manhã de hoje. "Reunião que já estava programada para avaliação geral do Sistema 3As na região", diz a assessoria.

Por enquanto, regiões de Taquara, Canoas e Lajeado, que englobam vales do Paranhana e Caí, são as únicas a não receber avisos, alertas ou ações. Na região Taquara, a variação de casos foi de 31,6%, mas a ocupação de UTIs caiu 3,1% e dos leitos clínicos se mantiveram estáveis. Em Canoas, a média semanal de confirmações reduziu 11,4%, a de leitos clínicos ficou em -11,7% e das UTIs subiu 14,3%.

Caxias do Sul recebeu aviso na última quarta. No boletim, a região apresentava variação semanal de 6,7% nos casos, 5,2% nas UTIs e 12,5% nos leitos clínicos.

Vacinação

Nos boletins, um ponto de atenção é o baixo índice de vacinação na região de Novo Hamburgo, se comparado às demais áreas. Na aplicação da primeira dose, é a penúltima colocada no RS, à frente apenas da região de Taquara. Com a segunda dose, o Vale do Sinos é a antepenúltima, antes de Bagé e Santa Maria.

Estudos

Na última semana, reportagens do Jornal NH trouxeram depoimentos de especialistas que preveem a formação de uma quarta onda de Covid-19 no Estado nas próximas semanas. No Vale do Sinos, levantamento divulgado pela Universidade Feevale na última sexta aponta para estabilização da pandemia em níveis altos.

Colaborou: Bruna Mattana

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