Sendo puxada pelo aumento na ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), a região 7, de Novo Hamburgo, recebeu no último sábado o primeiro aviso no novo sistema 3As de monitoramento da pandemia implementado no Estado. Conforme justificado em boletim divulgado no início da tarde, a taxa vem subindo e já estava em 72,4%. Além deste, mais três avisos foram emitidos pelo governo na última atualização: para as regiões de Porto Alegre, Capão da Canoa e Guaíba.
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Enquanto isso, os leitos clínicos apresentam "aparente estabilização na ocupação", de acordo com o documento. Na semana, a variação de pacientes foi de -9,4%, seguida por -4% no período anterior. O Grupo de Trabalho (GT) Saúde do Comitê de Dados, responsável pelo monitoramento, destaca que as prefeituras das respectivas regiões já foram informadas da deliberação pela Secretaria de Articulação e Apoio aos Municípios (Saam), seguindo o fluxo estabelecido pelo sistema.
Decretos na região
Depois de anunciar novo protocolo na última terça-feira, o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (Amvars) e prefeito de Campo Bom, Luciano Orsi, disse à reportagem do Jornal NH que a região pode antecipar decretos, de caráter mais restritivos, caso os números da pandemia voltem a piorar.
"Nossa taxa de ocupação de leitos de UTI estava baixando e parou de cair. Também tivemos aumento nos casos positivos de Covid. Estamos conversando no nosso comitê Covid e também com os prefeitos para que haja intensificação da fiscalização e aumento nas campanhas de cuidados e prevenção contra a doença", destaca.
Ele destaca que, neste momento, as ações ainda são de caráter preventivo. "Flexibilizamos alguns serviços e temos decretos em vigor até o final deste mês, mas vamos monitorar como fica a situação ao longo da semana. Se a questão piorar, podemos adotar medidas mais restritivas", reforça. Caso os indicadores sigam registrando aumentos, o alerta pode ser questão de dias para a região.
Momento de prevenção
O novo sistema de monitoramento possui três estágios: aviso, alerta e ação. Como a região recebeu um aviso, ainda não é necessário enviar ao governo planos de ação com protocolos adaptados. Porém, deve redobrar a atenção para o quadro da pandemia. Nesta fase, o Estado informa que devem ser tomadas "providências com medidas adequadas para a preservação da saúde pública, de forma a reduzir a velocidade de propagação".
Entre as ações sugeridas estão o reforço nas campanhas de orientação sobre o uso correto de máscara, distanciamento e ventilação; ampliação da testagem; isolamento dos suspeitos e confirmados; manutenção da vacinação (incluindo a busca ativa para aplicação da segunda dose); além de forte ação de fiscalização de aglomerações e do cumprimento dos protocolos mínimos obrigatórios.
Ao longo da última semana, Santa Maria, Pelotas, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul, Bagé e Erechim já receberam avisos do Estado, que foram mantidos nesta atualização. Também seguem valendo os oito alertas recomendados, dos quais cinco regiões já se encontram sob ação, com planos aprovados: Cachoeira do Sul, Cruz Alta, Ijuí, Passo Fundo e Santo Ângelo. Enquanto isso, Santa Rosa, Uruguaiana e Palmeira das Missões enviaram os protocolos, que estão valendo, mas ainda serão analisados pelo gabinete de crise.
Caso as regras sejam consideradas insuficientes, o Estado entrará em contato, sem prazo determinado para que isso ocorra. Automaticamente, quando o alerta é emitido, parte-se para a necessidade de ação. Os municípios têm 48 horas para "avaliar, responder sobre o quadro e apresentar plano de ação compatível" a fim de reverter a situação. Os boletins com dados deste são divulgados diariamente.
A prefeita de Novo Hamburgo, Fatima Daudt, lembra que a tendência de aumento já havia sido identificada na cidade. "Nos últimos dias, o Centro Covid registrou maior procura por atendimento de casos suspeitos. Isso nos motivou a fazer um apelo para que as pessoas redobrassem a atenção com os cuidados."
Segundo Fatima, a notificação recebida corrobora com o quadro que vinha sendo acompanhado. "O aviso do governo do Estado para a região de Novo Hamburgo reforça a necessidade de cada pessoa fazer a sua parte."
Por fim, a chefe do Executivo reforça que além dos cuidados individuais, a campanha de imunização é a grande aliada para frear a pandemia, mas reforça a dificuldade atual com as vacinas.
Para o secretário municipal de Saúde de São Leopoldo, Marcel Frison, novas ações deverão ser feitas nos próximos dias e o aviso do Estado já era previsto. "Devemos adotar medidas mais restritivas que o resto da região e vamos cobrar dos prefeitos que nos acompanhem, na medida em que o próprio Estado reconhece que a situação é complicada. Recebemos aquilo que já sabíamos que iria acontecer, já estava previsto e que está se configurando", ressaltou.
Na região de Capão da Canoa, o aviso foi emitido devido ao crescimento da incidência de casos confirmados: de 140,8 casos para cada 100 mil habitantes em 15 de maio para 220,9 casos em 21 de maio. "Chama a atenção que o aumento de casos se dá depois de longo período em queda", aponta o documento. Além disso, houve crescimento nas internações de pacientes confirmados Covid em UTI e a taxa estava em 70,8%, com tendência de subida. Segundo a Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte), o aviso será analisado em encontro de prefeitos na manhã de hoje. "Reunião que já estava programada para avaliação geral do Sistema 3As na região", diz a assessoria.
Por enquanto, regiões de Taquara, Canoas e Lajeado, que englobam vales do Paranhana e Caí, são as únicas a não receber avisos, alertas ou ações. Na região Taquara, a variação de casos foi de 31,6%, mas a ocupação de UTIs caiu 3,1% e dos leitos clínicos se mantiveram estáveis. Em Canoas, a média semanal de confirmações reduziu 11,4%, a de leitos clínicos ficou em -11,7% e das UTIs subiu 14,3%.
Caxias do Sul recebeu aviso na última quarta. No boletim, a região apresentava variação semanal de 6,7% nos casos, 5,2% nas UTIs e 12,5% nos leitos clínicos.
Nos boletins, um ponto de atenção é o baixo índice de vacinação na região de Novo Hamburgo, se comparado às demais áreas. Na aplicação da primeira dose, é a penúltima colocada no RS, à frente apenas da região de Taquara. Com a segunda dose, o Vale do Sinos é a antepenúltima, antes de Bagé e Santa Maria.
Na última semana, reportagens do Jornal NH trouxeram depoimentos de especialistas que preveem a formação de uma quarta onda de Covid-19 no Estado nas próximas semanas. No Vale do Sinos, levantamento divulgado pela Universidade Feevale na última sexta aponta para estabilização da pandemia em níveis altos.
Colaborou: Bruna Mattana