Conheça as homenageadas e os filmes que concorrerão ao Festival de Cinema de Gramado
Entre as novidades da 51ª edição está a première mundial de uma nova série da Amazon, que ocorrerá durante o evento
Há pouco mais de um mês para começar o 51º Festival de Cinema de Gramado, a Gramadotur, autarquia municipal responsável pela organização do evento, apresentou as novidades e revelou nomes de homenageados da edição deste ano. Ainda divulgou quais os seis filmes que concorrem na mostra competitiva de longas-metragens brasileiros e que serão apresentados de forma inédita ao público no País, de 11 a 19 de agosto.
A coletiva de imprensa ocorreu na manhã desta terça-feira (4), no Palácio dos Festivais, casa que recebe e exibe os filmes durante o período do festival. Conforme a presidente da Gramadotur, Rosa Helena Volk, foram mais de mil filmes inscritos.
Destes, seis concorrem na categoria Longas-Metragens Brasileiros (LMB), cinco em Longas-Metragens Documentais, cinco em Longas-Metragens Gaúchos (LMG), 12 em Curtas-Metragens Brasileiros (CMB) e 23 em Curtas-Metragens Gaúchos (CMG). No total, serão entregues 38 kikitos, além dos tradicionais troféus, como o Kikito de Cristal e o Oscarito.
Marcos Santuário, um dos curadores dos longas-metragens, relembrou o processo de seleção das produções. O critério principal permanece o do ineditismo, assim, todas as obras não podem ter sido exibidas em outros festivais.
"Foi um processo muito difícil, porque tínhamos entre 300 filmes entre ficção e documentários para selecionar seis e cinco. Nos deram trabalho, bastante trabalho. Muita gente ficou de fora, mas a gente agradece por todos aqueles que enviaram seus filmes e querem estar aqui, onde, com certeza, é um dos templos sagrados do audiovisual brasileiro", diz.
Entre as novidades para este ano, está a própria exibição dos documentários. Em 2022, primeiro ano que ocorreu o foco a este tipo de produção audiovisual, as obras eram televisionadas apenas no Canal Brasil. Desta vez, ganham espaço no Palácio.
Apesar do pouco tempo de duração, comparado a períodos de outros eventos que são realizados no município, as autoridades enfatizaram a importância do Festival de Cinema para a imagem da cidade.
"Embora tenha aproximadamente dez dias, é o evento que mais divulga Gramado. Nossa cidade vai respirar cinema durante todos esses dias de agosto", pontua o prefeito Nestor Tissot.
Para o vice-prefeito e secretário de Turismo, Luia Barbacovi, a estrutura do município deve estar em constante melhoria para atender a estes visitantes. "Gramado deve anunciar amanhã o número de visitantes do primeiro semestre, que deve chegar de 4 a 4,1 milhões de pessoas. E isso se deve muito ao Festival de Cinema, que leva o nome da cidade à nível Brasil e exterior durante o ano todo", conta.
As homenageadas
Um dos diferenciais deste ano em relação às homenagens é que apenas mulheres foram escolhidas. "Desta vez, apenas mulheres, ocupando os espaços que temos como direto, mérito e dedicação. E as mulheres do cinema, temos visto como são importantes e fazem trabalhos diferenciados. Acredito que para confirmar essa posição da mulher que temos apenas homenageadas mulheres esse ano", frisa a presidente da Gramadotur, Rosa Helena Volk.
A Kikito de Cristal deste ano é a atriz Alice Braga. Com sólida carreira no cinema brasileiro e estadunidense, Braga já participou de mais de 30 produções, atuando ao lado de nomes como Anthony Hopkins, Margot Robbie e Matt Damon. Mais recentemente, contracenou ao lado de Ben Affleck.
Já o Troféu Oscarito, mais uma vez, terá algo inédito: duas mulheres e grandes artistas receberão o reconhecimento. São elas Laura Cardoso e Léa Garcia. "Pela inestimável atuação e importância, as duas realmente merecem", complementa Rosa.
Laura Cardoso tem 95 anos e é uma das atrizes mais premiadas do País e a que mais estrelou novelas, totalizando mais de 80 trabalhos na televisão. São sete décadas de vida dedicadas à profissão.
Léa Garcia possui uma história antiga com Gramado, conquistando quatro Kikitos com Filhas do Vento, Hoje tem Ragu e Acalanto. Com 90 anos completos, a veterana possui no currículo mais de 100 produções, incluindo cinema, teatro e televisão. Com uma célebre trajetória nas artes, foi indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes em 1957 por sua atuação no filme Orfeu Negro que, em 1960, ganharia o Oscar de melhor filme estrangeiro, representando a França.
As homenageadas que receberão o Troféu Cidade de Gramado e o Troféu Eduardo Abelin serão divulgadas no dia 11 de julho, durante a coletiva de imprensa que ocorrerá no Rio de Janeiro. Neste momento, também será divulgados os nomes de três prêmios, por meio do Instituto Estadual de Cinema (Iecine), o Novas Façanhas, Troféu Leonardo Machado e a novidade Troféu Sirmar Antunes, em parceria com a Assembleia Legislativa.
Também serão conhecidos nesta ocasião os Curtas-Metragens Brasileiros (CMB) selecionados.
Première mundial
Em 51 edições, pela primeira vez o evento de Gramado terá uma série como atração. E receberá, nada mais, nada menos, que a première mundial de Novo cangaço, nova série que estará disponível na plataforma de streaming Amazon Prime e que é estrelada pelo artista Allan Souza.
"Promete muito o envolvimento e ser conhecido pelo Brasil. É Gramado acompanhando novas tendências, que tende a dar muito certo", pontua o curador Marcos Santuário.
Para o representante, esse é um olhar para o futuro. "Lembro do nosso primeiro encontro, em 2012, porque Gramado esperava por uma mudança. Essa tela é única, queremos que as produções nasçam em Gramado, não morram em Gramado. Então não podemos deixar de dar esse passo importante para o caso dos streamings", justifica Santuário.
Filme de abertura
O documentário Retratos Fantasmas, longa-metragem do cineasta Kleber Mendonça Filho, terá sua estreia no Brasil na abertura do Festival de Cinema.
"O filme de abertura é outro filme maravilhoso, tem uma conexão mundial e tem uma relação com Gramado, através do Kleber, que desde 2012 participa, quando apresentou o Som ao Redor. Agora ele volta com esta nova produção, em uma première latino-americana, após ter sido apresentado no Festival de Cannes e mostra a inserção ainda maior dos documentários, que têm crescido em qualidade e quantidade", lembra Marcos Santuário.
Curadoria
A curadoria deste ano também tem novidades. Junto de Marcos Santuário, permanece a atriz argentina Soledad Villamil. No lugar da atriz Dira Paes, quem entra é o também ator, Caio Blat.
"O festival de Gramado é importantíssimo na minha formação, primeiro como público que assiste, depois como ator. É o mais importante do Brasil e assumir uma função é uma honra e uma responsabilidade muito grande", diz o artista, em vídeo gravado e exibido na coletiva.
Soledad também deixou seu recado. "Me sinto muito feliz em fazer parte desse novo festival. Esperamos que todos possam desfrutar em agosto", convida.
Sem LIC, com Rouanet
Neste ano, o Festival de Cinema de Gramado não foi contemplado com o edital da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), do governo do Estado. Apesar disso, tem como realizador o Ministério da Cultura, que destinará R$ 1 milhão para a realização do evento, através da Lei Rouanet.
O assunto não foi esquecido pelos representantes do Município. "Não é um caso específico de Gramado, mas para nós, que os eventos têm um impacto muito forte na nossa economia, quase 90% da receita vem da cadeia produtiva, não acessar esse incentivo traz um buraco no orçamento de quase R$ 4 milhões. Tivemos um corte de 25% na produção do festival", afirma a presidente da Gramadotur, Rosa Helena Volk.
"O Conselho da Cultura falhou conosco e deixou a gente empenhados, mas vamos em frente, temos certeza que com todas essas dificuldades vamos fazer uma grande edição", disse o prefeito Nestor Tissot.
Com a redução no orçamento, a mostra competitiva de produções ibero-americanas não acontecerá nesta edição.
As produções audiovisuais
Longas-Metragens Brasileiros (LMB)
Angela, de Hugo Prata
Mais pesado é o céu, de Petrus Cariry
Mussum, o filmis, de Silvio Guindane
O barulho da noite, de Eva Pereira
Tia Virgínia, de Fabio Meira
Uma família feliz, de José Eduardo Belmonte
Longas-Metragens Documentais (LMD)
Anhamgabaú, de Lufe Bollini
Da porta pra fora, de Thiago Foresti
Luis Fernando Veríssimo - O filme, de Luzimar Stricher
Memórias da chuva, de Wolney Oliveira
Roberto Farias - Memórias de um cineasta, de Marise Farias
Longas-Metragens Gaúchos (LMG)
Céu aberto, de Elisa Pessoa
Hamlet, de Zeca Brito
O acidente, de Bruno Carboni
Sobreviventes do Pampa, de Rogério Rodrigues
Um certo cinema gaúcho de Porto Alegre, de Boca Migotto
Curtas-Metragens Gaúchos (CMG)
As ondas, de Leandro Engelke e Richard Tavares
Aurora, de Bruna Ueno
Carcinização, de Denis Souza
Centenário da minha bisa, de Cristyelen Ambrozio
Colapso terra em chamas, de Lucas Tergolina e Matheus Melchionna
Combustão espontânea, de João Werlang e Pedro Bournoukian
Concha de água doce, de Lau Azevedo e João Pires
Concorso internazionale, de Bruno de Oliveira
Eu tibano, de Diego Tafarel e Zé Corrêa
Fiar o vento, de Mari Moraga
Fitoterapia, de Eduardo Piotroski
Flora, de Ana Moura
Glênio, de Luiz Alberto Cassol
Livra-me, de Felipe da Fonseca Peroni
Messi, de Henrique Lahude e Camila Acosta
Meu nome é Leco, de Diana Mesquita e Marina Falkembach
Nau, de Renata de Lélis
O tempo, de Ellen Correa
Os Féders vão dormir, de Eder Ramos
Rasgão, de Victor Di Marco e Márcio Picoli
Restaurante, de Leonardo da Rosa
Sabão líquido, de Fernanda Reis e Gabriel Faccini
Tremendo trovão, de Rubens Fabricio Anzolin