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Exposição a aromas pode reduzir risco de demência? Confira o que diz pesquisa

Estudo científico detalhou a relação entre o sentido do olfato e a ativação da memória

Publicado em: 18.08.2023 às 03:00

Um estudo científico detalhou a relação entre o sentido do olfato e a ativação da memória, um mecanismo que já era conhecido mas que agora pode ajudar no combate a doenças ligadas ao envelhecimento.

Quando uma fragrância foi difundida nos quartos de adultos mais velhos duas horas todas as noites por seis meses, o desempenho da memória deles melhorou muito.

Os participantes deste estudo da Universidade da Califórnia, Irvine, nos EUA, tiveram aumento de 226% na capacidade cognitiva em comparação a um grupo controle.

Difusão de aroma durante duas horas do período de sono foi o método usado pela pesquisa para avaliar efeitos na memória | Jornal NH
Difusão de aroma durante duas horas do período de sono foi o método usado pela pesquisa para avaliar efeitos na memória Foto: Adobe Stock

Os pesquisadores dizem que a descoberta transforma a relação há muito conhecida entre o olfato e a memória em uma técnica fácil e não invasiva para fortalecer a memória e potencialmente evitar a demência.

Como foi


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O estudo foi publicado na revista científica Frontiers in Neuroscience. O projeto foi conduzido pelo Centro de Neurobiologia da Aprendizagem e Memória e envolveu homens e mulheres entre 60 e 85 anos sem comprometimento da memória.

A todos foi dado um difusor com sete cartuchos, cada um contendo um óleo natural único e diferente. O grupo estudado recebeu cartuchos de alta potência, enquanto o grupo controle recebeu os óleos em pequenas quantidades. Os participantes colocavam um cartucho diferente no difusor todas as noites antes de dormir, ativando-o por duas horas enquanto dormiam.

O grupo enriquecido teve aumento de 226% no desempenho cognitivo em comparação ao grupo controle, medido por um teste de lista de palavras comumente usado para avaliar a memória. Imagens revelaram melhor integridade na via cerebral chamada fascículo uncinado esquerdo.

Esta via, que conecta o lobo temporal medial ao córtex pré-frontal de tomada de decisão, torna-se menos robusta com a idade. Os participantes também relataram dormir mais profundamente.

(Com informações da Science Daily)

O que se sabe sobre o efeito olfatório

Cientistas há muito tempo sabem que a perda da capacidade olfativa, ou habilidade de sentir cheiros, pode prever o desenvolvimento de quase 70 doenças neurológicas e psiquiátricas. Isso inclui Alzheimer e outras demências, Parkinson, esquizofrenia e alcoolismo.

Evidências estão surgindo sobre uma ligação entre a perda do olfato devido à Covid-19 e uma diminuição cognitiva subsequente.

Pesquisadores descobriram anteriormente que expor pessoas com demência moderada a até 40 odores diferentes duas vezes ao dia ao longo do tempo melhorou suas memórias e habilidades linguísticas, aliviou a depressão e melhorou suas capacidades olfativas.

A equipe da Universidade da Califórnia decidiu transformar esse conhecimento em ferramenta fácil e não invasiva no combate à demência.

Combatendo o declínio

"A realidade é que, após os 60 anos, o sentido olfativo e a cognição começam a declinar rapidamente", disse Michael Leon, professor de neurobiologia e comportamento. "Mas não é realista pensar que pessoas com comprometimento cognitivo possam abrir, cheirar e fechar 80 frascos de odorizante diariamente. Isso seria difícil até mesmo para aqueles sem demência."

"É por isso que reduzimos o número de aromas para apenas sete, expondo os participantes a apenas um de cada vez, em vez dos múltiplos aromas usados em projetos de pesquisa anteriores. Ao tornar possível que as pessoas experimentem os odores enquanto dormem, eliminamos a necessidade de reservar um tempo para isso durante a vigília", disse Cynthia Woo, autora principal do estudo e cientista do projeto. O resultado consolida teorias.

André Moraes

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