Encontrada na casca de insetos, quitina ajuda a evitar a obesidade; saiba como
Pesquisa aponta que molécula presente na carapaça de artrópodes e em cogumelos pode ter efeito emagrecedor
É até um desafio em reality shows. A imagem de uma pessoa tendo que engolir insetos inteiros costuma provocar uma forte reação de repulsa.
Nos filmes, a cena pode aparecer para mostrar que algum náufrago ou sobrevivente está sendo obrigado a medidas extremas para se alimentar. Daí, a notícia ruim é que a ciência acabou de descobrir que uma dieta dessas pode fazer bem.
Mastigar um bicho crocante produz um som característico - e, para muitos, arrepiante. O ruído provém da quebra da carapaça rígida dos insetos e assemelhados, o exoesqueleto. Ele é feito de uma substância, a quitina, que acaba de ser relacionada a benefícios como o combate à obesidade.
Descoberta
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Uma resposta imune ativa foi associada a menos ganho de peso, redução da gordura corporal e resistência à obesidade.
"A obesidade é uma epidemia", diz Van Dyken. "O que colocamos em nossos corpos tem um efeito profundo em nossa fisiologia e na forma como metabolizamos os alimentos. Estamos investigando maneiras de combater a obesidade com base no que aprendemos sobre como o sistema imunológico é ativado pela dieta", explica. O estudo foi publicado em 7 de setembro na revista Science.
O sistema imunológico é bem conhecido por proteger o corpo contra várias ameaças. Isso inclui bactérias, vírus e alérgenos. Certos elementos provocam a reação.
Ação das quitinases
Os pesquisadores descobriram que um braço específico do sistema imunológico está envolvido na digestão de quitina. A distensão do estômago após a ingestão de quitina ativa uma resposta imune inata que estimula as células do estômago a aumentar a produção de enzimas, conhecidas como quitinases, que quebram a quitina.
Vale ressaltar que a quitina é insolúvel - incapaz de se dissolver em líquido - e, portanto, requer enzimas e condições ácidas fortes para ser digerida. Do-Hyun Kim, PhD, pesquisador pós-doutoral e autor principal do estudo, realizou os experimentos em camundongos livres de germes intestinais. Seus resultados mostram que a quitina ativa respostas imunes na ausência de bactérias.
(Com informações de Science Daily)
Ideia é estender a pesquisa para os seres humanos
"Acreditamos que a digestão de quitina depende principalmente das quitinases do hospedeiro", disse Van Dyken. "As células do estômago alteram sua produção enzimática por um processo que chamamos de adaptação. Mas é surpreendente que esse processo esteja ocorrendo sem a contribuição microbiana, porque as bactérias no trato gastrointestinal também são fontes de quitinases que degradam a quitina."
Van Dyken observou que, em camundongos com bactérias intestinais, a quitina dietética alterou a composição bacteriana no trato gastrointestinal inferior, sugerindo que as bactérias intestinais se adaptam aos alimentos que contêm quitina vindos do estômago.
O maior impacto na obesidade em camundongos ocorreu quando a quitina ativou o sistema imunológico, mas não foi digerida. Camundongos alimentados com uma dieta rica em gordura também receberam quitina. Alguns não tinham a capacidade de produzir quitinases para quebrar a quitina. Os camundongos que comeram quitina, mas não puderam quebrá-la, ganharam a menor quantidade de peso, tiveram as menores medidas de gordura corporal e resistiram à obesidade, em comparação com os camundongos que não comeram quitina e com os que comeram, mas a quebraram.
Van Dyken e sua equipe planejam agora dar continuidade às suas descobertas em seres humanos, com o objetivo de determinar se a quitina poderia ser adicionada às dietas humanas para controlar a obesidade.