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Notícias | Mundo SAÚDE

Encontrada na casca de insetos, quitina ajuda a evitar a obesidade; saiba como

Pesquisa aponta que molécula presente na carapaça de artrópodes e em cogumelos pode ter efeito emagrecedor

Publicado em: 15.09.2023 às 03:00 Última atualização: 15.09.2023 às 10:19

É até um desafio em reality shows. A imagem de uma pessoa tendo que engolir insetos inteiros costuma provocar uma forte reação de repulsa.

Nos filmes, a cena pode aparecer para mostrar que algum náufrago ou sobrevivente está sendo obrigado a medidas extremas para se alimentar. Daí, a notícia ruim é que a ciência acabou de descobrir que uma dieta dessas pode fazer bem.


Insetos como o gafanhoto têm um exoesqueleto feito de quitina, substância que ativa, durante a digestão, as quitinases, auxiliares para quebra de moléculas que têm o efeito de prevenir obesidade e outras doenças | Jornal NH
Insetos como o gafanhoto têm um exoesqueleto feito de quitina, substância que ativa, durante a digestão, as quitinases, auxiliares para quebra de moléculas que têm o efeito de prevenir obesidade e outras doenças Foto: Adobe Stock

Mastigar um bicho crocante produz um som característico - e, para muitos, arrepiante. O ruído provém da quebra da carapaça rígida dos insetos e assemelhados, o exoesqueleto. Ele é feito de uma substância, a quitina, que acaba de ser relacionada a benefícios como o combate à obesidade.

Descoberta


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É o que diz um novo estudo feito com camundongos na Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, nos EUA. Os pesquisadores, liderados por Steven Van Dyken, professor assistente de patologia e imunologia, descobriram que a digestão de quitina, fibra dietética abundante em exoesqueletos de insetos, cogumelos e carapaças de crustáceos, envolve o sistema imunológico.

Uma resposta imune ativa foi associada a menos ganho de peso, redução da gordura corporal e resistência à obesidade.

"A obesidade é uma epidemia", diz Van Dyken. "O que colocamos em nossos corpos tem um efeito profundo em nossa fisiologia e na forma como metabolizamos os alimentos. Estamos investigando maneiras de combater a obesidade com base no que aprendemos sobre como o sistema imunológico é ativado pela dieta", explica. O estudo foi publicado em 7 de setembro na revista Science.

O sistema imunológico é bem conhecido por proteger o corpo contra várias ameaças. Isso inclui bactérias, vírus e alérgenos. Certos elementos provocam a reação.

Ação das quitinases


Estrutura molecular da quitina | Jornal NH
Estrutura molecular da quitina Foto: imagens Adobe Stock

Os pesquisadores descobriram que um braço específico do sistema imunológico está envolvido na digestão de quitina. A distensão do estômago após a ingestão de quitina ativa uma resposta imune inata que estimula as células do estômago a aumentar a produção de enzimas, conhecidas como quitinases, que quebram a quitina.

Vale ressaltar que a quitina é insolúvel - incapaz de se dissolver em líquido - e, portanto, requer enzimas e condições ácidas fortes para ser digerida. Do-Hyun Kim, PhD, pesquisador pós-doutoral e autor principal do estudo, realizou os experimentos em camundongos livres de germes intestinais. Seus resultados mostram que a quitina ativa respostas imunes na ausência de bactérias.

(Com informações de Science Daily)


Cogumelo shiitake. Alguns tipos de cogumelo também têm quitina | Jornal NH
Cogumelo shiitake. Alguns tipos de cogumelo também têm quitina Foto: Adobe Stock

Ideia é estender a pesquisa para os seres humanos

"Acreditamos que a digestão de quitina depende principalmente das quitinases do hospedeiro", disse Van Dyken. "As células do estômago alteram sua produção enzimática por um processo que chamamos de adaptação. Mas é surpreendente que esse processo esteja ocorrendo sem a contribuição microbiana, porque as bactérias no trato gastrointestinal também são fontes de quitinases que degradam a quitina."

Van Dyken observou que, em camundongos com bactérias intestinais, a quitina dietética alterou a composição bacteriana no trato gastrointestinal inferior, sugerindo que as bactérias intestinais se adaptam aos alimentos que contêm quitina vindos do estômago.

O maior impacto na obesidade em camundongos ocorreu quando a quitina ativou o sistema imunológico, mas não foi digerida. Camundongos alimentados com uma dieta rica em gordura também receberam quitina. Alguns não tinham a capacidade de produzir quitinases para quebrar a quitina. Os camundongos que comeram quitina, mas não puderam quebrá-la, ganharam a menor quantidade de peso, tiveram as menores medidas de gordura corporal e resistiram à obesidade, em comparação com os camundongos que não comeram quitina e com os que comeram, mas a quebraram.

Van Dyken e sua equipe planejam agora dar continuidade às suas descobertas em seres humanos, com o objetivo de determinar se a quitina poderia ser adicionada às dietas humanas para controlar a obesidade.

André Moraes

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