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Pesquisa mostra como está a qualidade do ar que respiramos

Levantamento está fazendo amostragens em pontos do Município

Por Matheus Beck
Publicado em: 06.11.2020 às 03:00 Última atualização: 06.11.2020 às 07:52

Pesquisa da Feevale realiza coleta e avalia poluição do ar hamburguense - Cleisson, Daniela e Filipe Foto: Matheus Beck/GES-Especial
Trânsito, congestionamentos, queimadas, doenças respiratórias. Todos estes temas costumam frequentar o noticiário ou até estão presentes no cotidiano de muitos moradores da região. Todos eles têm algo em comum, e que afeta diretamente a saúde da população: eles influenciam a qualidade do ar. A maneira exata pela qual o ar que todos respiramos está sendo atingido pela poluição motiva pesquisa na qual a Universidade Feevale se engajou. E os resultados, por enquanto, já dão motivo para preocupação.

As primeiras coletas efetuadas pelo Programa de Pós-graduação em Qualidade Ambiental da Feevale, no Laboratório do Ar, já indicam níveis acima dos padrões recomendados no Campus 2 da universidade e também no Parcão hamburguense. Os dois espaços foram escolhidos para o projeto por incluírem na amostragem uma área com predomínio urbano e outra com mais vegetação.

O projeto é supervisionado pela professora da universidade Daniela Montanari Migliavacca Osório e conta com os estudantes de Ciências Biológicas Cleisson Guimarães Bueno, 22 e também o de Engenharia Química Filipe Brochier, 22. O grupo integra uma parceria com a Faculdade de Tecnologia da Unicamp. A pesquisa paulista está sendo realizada em Limeira. O projeto, que tem apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), posteriormente será levado à Unicamp para as considerações finais.

Variações iniciais

O objetivo do trabalho é monitorar a quantidade de metais presente nas composições atmosféricas, além da avaliação dos solos superficiais. O projeto iniciou em agosto e, desde então, já realizou 9 coletas no Campus 2 da universidade e 5 no Parcão - que teve menos vistorias devido ao período em que o espaço esteve fechado por causa da pandemia. O equipamento utilizado é um amostrador Tipogent. E já nos dois meses de monitoramento das partículas inaláveis menores que 2,5 µm (micrômetros), houve uma variação de 24,12 e 32,12 µg/m3 (microgramas por metro cúbico) entre os dias 20 e 26 de agosto na Feevale, e de 67,25 µg/m3 em 23 de setembro, no Parcão. Para efeitos de comparação com as legislações ambientais vigentes, a Organização Mundial da Saúde indica como normal para padrões de qualidade do ar um resultado de 25 µg/m3, enquanto a resolução 491/2018, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), prevê 60 µg/m3. "De acordo com as coletas, podemos verificar valores superiores ao estabelecido pela OMS no Parcão e no Campus 2", alertou Daniela.

À parte os termos técnicos e unidades, a pesquisa diz respeito ao ar que a população respira, e que pode afetar a saúde. "Essas partículas podem ser inaladas e chegar até os alvéolos pulmonares, potencializando ainda mais problemas nos grupos de risco, como idosos, crianças e pessoas com problemas respiratórios, como asma e bronquite, podendo causar outros danos à saúde humana, resultando em aumento da morbidade e mortalidade por inúmeras doenças", indicou a professora.

 

Serão feitas 100 amostras dos locais

Se até o momento foram, na somatória, 14 coletas, o intuito é chegar a 100 - sendo a metade para cada um dos pontos. "Vai ter dados de São Paulo, de Novo Hamburgo. Tem uma grande importância e ninguém dá muita importância pra isso. Biologia não é só o externo. Tem preocupação com as pessoas também", comenta o aluno de Ciências Biológicas Cleisson Guimarães Bueno, 22, que também fará o trabalho de conclusão de curso sobre a temática. O futuro engenheiro químico Filipe Brochier, 22, também falou sobre a oportunidade. "Participar das coletas, entender todo o processo de como funciona a análise do ar e do solo, pra mim, é muito interessante", conta, em meio ao envolvimento de procedimentos delicados com pesagens, uso de luvas e cuidados para que os levantamentos sejam precisos.

Perspectivas da pesquisa

Com maior precisão, o resultado será revelado pela Unicamp. "Em setembro tivemos a questão das queimadas, que pode ser [ligada] também mas não temos a afirmação. São partículas muito mais relacionadas a fontes antrópicas. Indústrias, poluição veicular, pois são partículas muito finas", explica a professora. Em caso de maior aprofundamento do projeto, Daniela afirma que será possível, inclusive, explicar situações competentes à saúde pública do município de uma maneira mais concreta, chegando inclusive à relação com os casos de doenças e internações.

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