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Notícias | Novo Hamburgo Sem leitos

Lotação das UTIs com Covid emperra cirurgias de pacientes com câncer

Rosane Teresinha Weber, de 63 anos, precisa retirar uma mama, mas por ser cardíaca, precisa de cuidado intensivo pós-cirúrgico; procedimento inicialmente marcado para 9 de novembro não tem previsão para ser realizado

Por Juliana Flor
Publicado em: 11.12.2020 às 16:20 Última atualização: 13.12.2020 às 10:34

Rosane Teresinha Weber tem 63 anos Foto: Arquivo Pessoal
Os problemas enfrentados na saúde pública não são de hoje, entretanto, alguns pacientes na lista de espera pelo tratamento do câncer enfrentam, além da terapia agressiva e o medo da morte, a frustração de uma espera quase que sem fim. Agora, agravada pela pandemia. Com a lotação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) por conta da Covid-19, pacientes do novo coronavírus têm ocupado os leitos por muitos dias, emperrando, ainda mais, os procedimentos de quem precisa do suporte intensivo após a cirurgia de remoção de neoplasias.

Um dos casos é o da moradora de Novo Hamburgo Rosane Teresinha Weber, de 63 anos. Ela espera desde o dia 9 de novembro pela retirada de uma das mamas. O câncer, no entanto, foi descoberto após uma biópsia feita no início de janeiro de 2020.

O resultado, que foi demorado, só chegou as suas mãos no início de março, depois de cerca de dois meses de ansiedade. A sequência do tratamento também foi lenta, a consulta com especialista para poder iniciar o tratamento com a medicação levou mais dois meses de angústia. Foram 71 dias de espera. Segundo a paciente, o câncer do tipo triplo negativo é bastante agressivo e tem se agravado com o passar do tempo.



Enquanto isso, tumor cresce

O desespero dela e da família aumenta ainda mais com o perceptível crescimento do tumor de Rosane. De janeiro a dezembro, ele evoluiu de 6 a 10 centímetros, sendo 2 cm no período de 22 de outubro a 4 de dezembro.

Sem perspectiva, a paciente segue de mão atadas e sofrendo. "Estou muito nervosa. Estou apavorada e não posso ficar muito preocupada."

No País, o prazo legal para o início do tratamento do câncer é de 60 dias, segundo a Lei 12.732, de 2012. Além disso, em outubro de 2019, foi sancionadalei que prevê que os exames para diagnóstico de câncer devem ser realizados no prazo de 30 dias, após a primeira suspeita do médico, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Sem previsão para a cirurgia

A cirurgia, que precisa ser feita em bloco cirúrgico já que a paciente é cardíaca, havia sido marcada para o dia 9 de novembro, mas, por conta da falta de leitos de UTI, chegou a ser adiada para o dia 30 daquele mês, porém também foi desmarcada. Na última consulta, no dia 4 de dezembro, Rosane não teve uma resposta animadora.

Segundo ela, a médica disse não ter uma previsão para liberação de UTI, o que, no melhor dos cenários, poderia ocorrer em janeiro, quando se completará um ano desde a realização da primeira biópsia.

Como Rosane é cardíaca, só pode passar pelo procedimento cirúrgico se tiver vaga na UTI para o pós-operatório em função do maior risco de morte que ela corre. Uma das filhas de Rosane explica que, devido ao problema no coração da mãe, as quimios tiveram que ser mais leves, classificadas como brancas, e mesmo assim podem ter deixado o coração dela mais fraco.

Após o final da quimioterapia, Rosane ficou dois meses sem tratamento, aguardando pelo procedimento. Enquanto a espera pela cirurgia não chega ao fim, o próximo passo deve recomeçar a quimioterapia, o que pode agravar ainda mais seu quadro cardíaco.

O que diz o Hospital Regina e a Prefeitura

Em resposta ao caso de Rosane, a assessoria do Hospital Regina afirma que dados sobre pacientes só são informados aos próprios ou familiar autorizado. Já sobre a demora no tratamento, informa "que as cirurgias que requerem acomodação em UTI no pós-operatório, indiferente do convênio, estão com prazo de espera superior ao habitual devido à alta demanda na ocupação da UTI".

Em contato com a Prefeitura de Novo Hamburgo, a assessoria de imprensa respondeu que "o encaminhamento dos pacientes para o tratamento oncológico é de sua responsabilidade, porém, o gerenciamento destes pacientes é de responsabilidade do Hospital Regina, que realiza o tratamento e as possíveis cirurgias".

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