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O industriário de 23 anos que se entregou após após seis horas de negociações, na quinta-feira (24), no bairro Boa Saúde, em Novo Hamburgo, deve responder inquérito na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Novo Hamburgo. Ontem, após ficar trancado sozinho no quarto com uma faca e duas cachorras pitbull desde a manhã, foi levado ao plantão da Polícia Civil, ouvido e liberado. Segundo a BM, ele não tinha antecedentes criminais.
A ocorrência provocou bloqueio em área no bairro e mobilizou forças policiais.
Psicologia
Somente por volta das 17 horas, negociadores especializados, com psicóloga e médico, conseguiram convencer o morador a se render. Uma ambulância do Samu e uma equipe do Corpo de Bombeiros também foram mobilizados. O comandante do Bope, tenente-coronel Rodrigo Schoenfeldt, observa que foi levada ainda uma equipe que trabalha com cães. "Proteger a integridade dos animais faz parte da operação." As duas pitbulls são do industriário. "Elas são muito mansas", declarou uma parente da namorada do detido.
A reportagem teve acesso a diálogos dele pouco antes de se entregar. Emocionalmente abalado, dizia que tinha medo que as duas cachorras de estimação fossem sacrificadas. "Não tenho mais nada. As cadelas são as únicas coisas que me restaram." Também falava da movimentação: "Tá cheio de policiais aqui".
O industriário estava morando há duas semanas com a namorada e o filho dela, de 4 anos, na casa dos fundos da residência dos pais dela. Conta que deixou o emprego em Caxias do Sul, onde o casal vivia há cerca de um ano, para viver com ela em Novo Hamburgo. "Estou sem ter onde morar. Sem nada."
Também afirmou que não via motivo para chamar a Polícia. "Não teve briga nenhuma. É que em outro dia ela chegou em casa, do trabalho. Tinha brigado com o patrão e veio descontar em mim. Eu estava me esforçando. A mãe dela sabe. Tinha limpado a casa, já tinha conseguido emprego aqui. Fui buscar minhas cachorras."
Após registro na delegacia, foi levado para atendimento médico. Parentes de Caxias foram chamados.
O entorno do cordão de isolamento já estava tomado de vizinhos, preocupados com a possibilidade de feridos, enquanto as negociações chegavam ao fim. "Está todo mundo assustado. A gente não sabe o que realmente está acontecendo. É uma família boa que mora ali", relatou uma vizinha de 60 anos.
O pai da jovem deixou o trabalho na construção civil para ver o que acontecia na propriedade dele, cercada por policiais. A mãe permaneceu ao lado da filha acamada. A namorada do industriário acompanhava da rua.
A densa mobilização policial despertou teses das mais diversas e improcedentes, como existência de reféns. A última, divulgada ao estilo fake news nas redes sociais, era que o homem havia se entregado ao levar uma paulada na cabeça. "Foi na frente de todo mundo. Tinha negociador, psicóloga, médico. Tudo dentro do maior rigor da técnica policial", salienta o comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Cilon Freitas da Silva.
A corporação foi chamada por volta das 11 horas pela namorada do industriário. Segundo a jovem de 22 anos, que recém teria saído da casa, o companheiro estava inconformado com o fim do relacionamento.
Parte da Rua 22 de Outubro foi interditada.
A ocorrência, que começou como Maria da Penha, evoluiu para o emprego do Batalhão de Operações Especiais (Bope), de Porto Alegre. O homem não queria se entregar. Uma das preocupações estava na casa da frente do terreno, onde mora uma paraplégica acamada, irmã da namorada.
