HOSPITAL MUNICIPAL: Família de paciente diz que médico estava dormindo e caso vai parar na Polícia
Homem aguardou diagnóstico em maca no corredor de hospital desde a tarde de quinta-feira até o fim da manhã de sexta. Fundação de Saúde afirma que paciente recebeu tratamento, mas abrirá sindicância
O que era para ser uma ida ao hospital em busca de atendimento médico virou caso de Polícia. A família do paciente Valmir Machado da Silva, de 59 anos, reclama que negligência médica no Hospital Municipal de Novo Hamburgo e chegou a registrar um boletim de ocorrência contra um médico do plantão.
De acordo com a filha de Valdir, Aline Nunes Monteiro da Silva, 40 anos, o pai passou mal e desmaiou na quinta-feira (8) à tarde, sendo levado para a emergência do hospital às 14h30 do feriado. Ela conta que Valdir teve um atendimento prévio e passou por exames, que ficaram prontos às 16h30.
No entanto, a família estranhou a demora do médico plantonista em verificar os exames para iniciar um tratamento. Questionou a equipe de enfermagem de madrugada, que informou que o médico estaria dormindo e não estava realizando atendimentos.
“Depois que a gente reclamou muito, olharam os exames por volta das 4 horas da manhã e viram que ele tinha um quadro de infecção”, conta Aline. A família registrou um boletim de ocorrência sobre o caso na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA).
De acordo com a filha do paciente, novos exames foram solicitados, inclusive cardíacos. Enquanto isso, até as 10h30 desta sexta-feira (9), Valdir seguia aguardando o diagnóstico numa maca num dos corredores do hospital.
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Após o contato da reportagem com a Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), Valdir teve os exames avaliados e recebeu alta. De acordo com a família, o diagnóstico indicou dengue.
O que diz a Fundação de Saúde Pública?
Em nota, a Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), responsável pelo Hospital Municipal, confirmou que o paciente já teve seus exames avaliados e teve alta. Sobre a demora para avaliação dos exames, a informação preliminar repassada pela FSNH dava conta que o médico aguardou os exames ficarem prontos.
Já em nota mais recente, enviada às 14h desta sexta-feira (9), a FSNH informa que avaliação preliminar interna realizada pela direção do hospital indica que o paciente procurou a emergência do HMNH às 14h56 e foi atendido pelo médico emergencista às 15h01. Foi medicado às 15h27, com solicitação posterior de coleta de exames às 15h53. A coleta foi feita às 16h37. A fundação de saúde frisa que o tratamento já havia sido instituído desde a chegada frente à hipótese diagnóstica do primeiro médico.
“Mesmo com a emergência do HMNH superlotada, a instituição segue garantindo a plena assistência aos pacientes. Essa superlotação acaba por atrasar algumas das reavaliações dos casos de menor gravidade, sempre será priorizado o caso mais urgente ou com maior potencial de gravidade”, argumenta a FSNH, em nota.
Ainda de acordo com a FSNH, o médico contra o qual a família registrou o boletim de ocorrência não compõe a escala de médicos que atuam durante o plantão diurno, tendo registro biométrico de entrada as 19h16.
“Mesmo estando ciente da inconstância dos fatos relatos no boletim de ocorrência, a direção instaurou sindicância interna para apuração do caso. A direção salienta que o médico emergencista é o médico responsável por atender à noite não apenas os pacientes em observação na emergência, mas também às urgências que ocorrem nos outros setores do hospital”, completa a fundação na nota.
A direção da fundação de saúde reforça que frente à superlotação do hospital, preferencialmente, os pacientes com queixas menos urgentes devem procurar as UPAS, UBS e postos de saúde.