Rastros de destruição após 16 horas de incêndio em fábrica de borracha em Novo Hamburgo
Fogo que começou no começo da noite de terça-feira (13) seguiu madrugada adentro, dando trabalho até o meio da manhã desta quarta-feira (14) aos bombeiros
O olhar incrédulo para os escombros ainda quentes pela madrugada de fogo estava estampado no rosto do funcionário da fábrica Mundo da Borracha Márcio Antunes Severo, 51 anos, na manhã de quarta-feira (14). O incêndio começou ainda na terça-feira (13), por volta das 18 horas, e só foi totalmente controlado por volta das 10h30 de quarta. O local fica no bairro São Jorge, em Novo Hamburgo, e a fumaça de cor escura que apareceu no céu pôde ser vista de longe.
Severo trabalhava há cerca de quatro anos na empresa como lixador e mora em uma residência em frente à fábrica, com a esposa Fabrice Joceane Mendonça, 43, e a filha Iasmin Mendonça, 15. A família viu as chamas logo no início e relata que o fogo se alastrou com rapidez. "A ficha não cai. O fogo já estava alto. Em 15 minutos já veio parar aqui na frente de casa", revela Fabrice. "Minha filha disse que queria arrumar outra casa e sair daqui, porque ficou uma cena muito feia", diz.
O trabalhador afirma que o expediente foi finalizado às 18 horas e próximo das 18h10 o local já estava pegando fogo. No momento do incêndio, não havia ninguém no prédio. A fábrica produzia materiais emborrachados e de E.V.A, e fica em um terreno de esquina entre as Ruas Frederico Westphalen e Amantino Antônio Petefi.
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Estragos na vizinhança
O calor intenso provocou estragos em imóveis vizinhos, inclusive, na residência de Severo. A calha caiu, vidros trincaram e os números de identificação derreteram. A vegetação no entorno chamuscada também indicava a proporção do incêndio.
Na rua, a carcaça incendiada de um caminhão da empresa chamava atenção. "Saímos correndo. Pegamos o cachorrinho, os documentos, entramos no carro e fomos para os meus pais", conta Fabrice.
O fogo também atingiu o refeitório, a cozinha e duas salas da Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Presidente Prudente de Moraes, instituição que fica ao lado da empresa. As aulas foram suspensas até sexta-feira (16). "O telhado deles desabou para cá e caiu em cima da nossa cozinha", conta o diretor da Emeb, André da Silva Biegler.
Escola sem aulas até sexta-feira
O colégio atende 386 crianças, da educação infantil até o 9º ano do ensino fundamental. "A escola faz divisa com a empresa e a parede que divide está comprometida. Então, segundo a Defesa Civil, vão ter que esperar o Instituto-Geral de Perícias (IGP) porque aquela parede vai ter que ir abaixo e nós vamos fazer a nossa parede nova", explica o diretor.
Além da cozinha e refeitório, um prédio com salas de aula localizado junto à parede que divide a escola e a fábrica também teve a estrutura comprometida e os vidros quebrados com o calor. "A Defesa Civil autorizou limpar e isolar a parte de trás da escola. A hora que estiver pronto já dá para voltar", explica Biegler. Segundo o diretor, as perdas só não foram maiores porque a comunidade ajudou a salvar os materiais e equipamentos.
Focos de incêndio até de manhã
Apesar do esforço, o prédio de 1.940 metros quadrados foi totalmente destruído. A Mundo da Borracha existe desde 1993 e estava há 10 anos instalada no local. Segundo trabalhadores, a fábrica possui cerca de 30 funcionários ativos. As causas do incêndio serão apuradas pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).