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"Foi amor à primeira vista", recorda esposa de motorista de aplicativo que morreu após ser baleado em assalto

Juntos desde 1999, Elizabete Viaziminski, de 51 anos, se despediu de Enedir Wüst neste fim de semana

Publicado em: 24.07.2023 às 21:04 Última atualização: 24.07.2023 às 23:19

Os últimos 11 meses foram de luta e esperança para a técnica de enfermagem Elizabete Viaziminski, de 51 anos. Ela acompanhou o marido em todas as etapas médicas desde que ele foi baleado durante um assalto em agosto do ano passado em Novo Hamburgo, enquanto trabalhava como motorista de aplicativo. Enedir Wüst, 49, morreu na manhã do último sábado (22) no Hospital Municipal devido a complicações do tiro que atingiu a sua cabeça.

O corpo de Wüst foi velado em Novo Hamburgo, na presença de familiares e amigos. O sepultamento aconteceu no domingo (23) em Rolante, no Vale do Paranhana. “Em vida, ele sempre disse que se fosse primeiro do que eu, ele queria ser enterrado na terra natal dele”, explica Elizabete.

O casal estava junto desde 1999. A companheira lembra que entre as atividades preferidas de Wüst estava andar de moto, viajar e fotografar. “Quanto mais natureza, melhor”, recorda Elizabete sobre os locais que escolhiam para fazer passeios juntos. Ela descreve o companheiro como uma pessoa calma, inteligente e muito educada. "Quando penso nele, a principal lembrança é a de quando nos conhecemos: foi amor à primeira vista”, diz, emocionada.


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“Desde o acontecido, fiquei sem chão. Era ele que me guiava. De lá para cá eu tive que tomar iniciativa de tudo”, relata. “Foi um acidente que ele estava no dia errado, na hora errada e no local errado. Não era para ter acontecido isso com ele”, lamenta.

Elizabete conta que naquele domingo, 7 de agosto de 2022, Wüst decidiu ir trabalhar porque na semana seguinte estaria envolvido na preparação para uma entrevista de emprego. Conforme a esposa, ele atuava na área de compras começaria a trabalhar em uma nova empresa no Vale do Sinos. “Ele estava trabalhando como motorista de aplicativo porque estava trocando de trabalho. Só começou nesse trabalho para não ficar somente em casa”, detalha.

“Toda a família sempre teve esperança”

Logo após ser baleado por criminosos na Rua São Jerônimo, na esquina com a Rua Lajeado, no bairro Jardim Mauá, Wüst foi internado no Hospital Municipal, onde passou por cirurgia de urgência para retirada do projétil. Ele ficou internado na casa de saúde por 35 dias

Edenir Wüst morreu neste sábado (22), 11 meses após ser baleado em um assalto em Novo Hamburgo | Jornal NH
Edenir Wüst morreu neste sábado (22), 11 meses após ser baleado em um assalto em Novo Hamburgo Foto: Arquivo pessoal

“Depois disso, quando ele foi se recuperando, toda a família sempre teve muita esperança. Ele se recuperou, estava se recuperando, então a gente estava bem esperançoso. Todo mundo feliz”, lembra Elizabete. No entanto, ela afirma que apesar do otimismo, a necessidade de uma nova cirurgia em torno de três meses após a primeira internação preocupava a todos.

“Como ele levou o tiro bem no meio da cabeça, o lado direito foi bem afetado, aonde ele ficou sem calota”, explica. Em dezembro do ano passado, Wüst passou pelo procedimento para reconstrução da calota craniana. “Logo depois ele teve o AVC hemorrágico”, conta a companheira.

“Depois ele teve várias complicações. Teve perda de fala, perda de movimentos. Mas nós, eu principalmente, sempre investi muito nele”. Ela conta que acompanhava o companheiro na fisioterapia e que também contratou uma cuidadora para auxiliar nos cuidados. “A gente trabalhava muito pela recuperação dele”, acrescenta.

Por conta das complicações, ele precisou passar por várias internações. “Nessas internações para colocar a calota, foi necessário colocar uma válvula na cabeça. E o que mais começou a complicar foi essa válvula. Ela saiu do lugar e no fim de março ele foi internado novamente, por uns 40 dias”, lembra. Nesse período, uma nova válvula foi colocada. “Ele voltava para casa e começava tudo do zero: tratamento, fisioterapia...”, detalha.

A última internação aconteceu no dia 12 de junho. “Foi complicação da válvula. Eles removeram e fariam a colocação de uma nova”, conta. O procedimento estava previsto para 17 de julho, porém devido ao estado debilitado de Wüst, não ocorreu. “Nesse período ele teve complicações, infecções hospitalares, bactérias devido ao tempo de internação. Os médicos estavam esperando ele se recuperar para recolocar essa válvula, mas aí não deu. Começou a complicar muito”, conta Elizabete.

“Ele começou com febre e a convulsionar. De lá pra cá, ele só piorou”, acrescenta. Ele morreu no Hospital Municipal às 10h20 do último sábado. “Ele era meu porto seguro”, finaliza a esposa. 

Autoria do crime 

Dois homens foram presos no dia 8 de setembro em São Leopoldo por participação no crime. Segundo a Polícia Civil, o homem, de 26 anos, morador do bairro Vicentina, confessou que atirou contra Wüst no dia do crime. O revólver calibre 38 usado na tentativa de latrocínio também foi apreendido.

Um segundo envolvido também foi preso. Conforme os investigadores, um jovem, de 20 anos, admitiu que dirigiu o Ford KA.

O veículo usado pelos criminosos estava com placas clonadas e o suspeito disse à Polícia que teria recebido o carro como pagamento de uma dívida e que, após o crime, o devolveu para o proprietário.

Ubiratan Júnior

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