Coletivo Pretas NH celebra um ano com foco na educação antirracista
Grupo realiza nesta terça-feira a segunda edição do Encontro da Mulher Negra. Evento celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
Há um ano, Sandra Regina Carvalho Soares, 53 anos, iniciou um movimento para reunir mulheres pretas de Novo Hamburgo. Tudo começou com o 1º Encontro da Mulher Negra, realizado no ano passado que homenageou a escritora Maria Emília de Mendonça, na época com 106 anos.
Do encontro realizado no dia 25 de julho de 2022 surgiu o Coletivo Pretas NH, que conta atualmente com 36 integrantes. Ao longo de um ano, o grupo realizou diversas atividades conjuntas para debater as questões sobre o papel da mulher negra na sociedade brasileira e hamburguense.
O objetivo principal desses eventos é mudar a forma como mulheres pretas são vistas e tratadas na sociedade. "Para a mulher negra ter mais condições de ser inserida na sociedade, mais oportunidades de emprego e ocupação de cargos", explica Sandra. Ela critica a forma como mulheres pretas são tratadas nos ambientes sociais. "Somos podadas pela nossa raça, pela nossa cor, pela diferença de tom de pele."
Guarda municipal aposentada, Sandra vive em Novo Hamburgo há mais de três décadas. Na cidade, constituiu família e viu no dia a dia como mulheres pretas encontram mais barreiras para alcançar postos de destaque.
Foi por essa percepção, que ela decidiu reunir o coletivo. "Ele surgiu pela luta diária da mulher negra. É um pouco mais difícil para a gente sermos inseridas na sociedade", avalia.
Homenagem para escritora em data latino-americana
Nesta terça-feira, o Coletivo Pretas NH organiza o 2º Encontro da Mulher Negra da cidade, aberto à comunidade. Será entre 15h e 18h, no Espaço Cultural Albano Hartz, no Calçadão de Novo Hamburgo. A data marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, instituído em 1992 durante o 1º Encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado em Santo Domingo, capital da República Dominicana.
Neste ano, a escritora Maria Firmina dos Reis será o tema central do evento. Ela é considerada a primeira romancista negra a publicar um livro no Brasil.
Em 2022, além da homenagem à hamburguense Maria Emília, também foi celebrada a vida de Tereza de Benguela. "Me surpreendi que mesmo muitas de nós mulheres negras não conhecíamos a história da Tereza de Benguela", lembra Sandra.
Mantendo o foco na educação antirracista, o evento deste ano convidou três professoras da rede pública do município. Além disso, também serão ministradas palestras com empreendedoras e outras mulheres da cidade que conseguiram superar as barreiras raciais.
Estão confirmadas para a roda de conversa a professora e pedagoga Norma Teresinha, a empreendedora Larissa Dutra, a pintora Marli Helena Oliveira, a pesquisadora e educadora Denise Azeredo, a professora, Eliane Anselmo, a professora mestre em artes cênicas e artista da dança Luisa Dias, as empreendedoras Denise Silva e Aline Delgado, além da terapeuta holística Vanessa Stibel da Silva e da representante comunitária Jaqueline Garcia.
Atividades educacionais
Nos eventos realizados ao longo desse ano de existência do Coletivo Pretas NH, o foco foi em busca de atividades educacionais. A aposta acontece porque para o grupo a melhor forma de vencer essas barreiras é através de uma educação antirracista.
Elas já foram convidadas para palestrar em escolas de Novo Hamburgo e Sapucaia do Sul durante o mês da Consciência Negra, celebrado em novembro. "Algumas querem mudar a visão e conhecer a realidade da mulher negra, eu acho isso bem interessante", conta Sandra sobre a recepção ao longo do período.