Família de paciente que aguarda cirurgia acusa Hospital Municipal de negligência: "Correndo contra o tempo"
Homem que sofreu acidente de trabalho precisa ser encaminhado a outra instituição. HMNH alega que prestou assistência, enquanto Estado diz que não identificou solicitação
A família de um morador do bairro Canudos que precisa passar por uma cirurgia reclama de negligência por parte do Hospital Municipal Novo Hamburgo (HMNH) para encaminhamento do paciente a um hospital de alta complexidade.
No dia 26 de julho, Jovenil Goularte, de 57 anos, sofreu um acidente de trabalho enquanto cortava uma peça de madeira com um equipamento. Segundo a esposa, Sirlei Schwarz, 51, ele cortou o antebraço, atingindo veias, inclusive a artéria e todos os nervos principais do braço. "Estamos correndo contra o tempo para conseguir que ele faça a cirurgia da mão", desabafa.
Na próxima semana, ressalta Sirlei, o prazo recomendado pelo médico de Novo Hamburgo para que o procedimento cirúrgico seja feito chega ao fim, mas até esta quinta-feira (10) a data não havia sido marcada. "Começamos a ficar em desespero, pois a cirurgia é para ligar os nervos e para ter movimento nas mãos", acrescenta.
Documento parado
Segundo a esposa do paciente, houve negligência do HMNH. Ela conta que o marido entrou na casa de saúde hamburguense na tarde de 26 de julho. Na madrugada do dia seguinte, foi liberado. No dia 2 de agosto, uma semana depois, Goularte voltou para avaliação e soube, pelo especialista, que os nervos haviam sido forçados.
"Fomos informados que o Hospital Municipal não fazia esse tipo de cirurgia e que teria que ser em um [hospital] de alta complexidade. O médico deu 21 dias para a cirurgia, a contar do dia do primeiro atendimento, em 26 de julho", lembra.
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HMNH alega que prestou assistência
Segundo avaliação realizada pela direção do hospital, o paciente Jovenil Goularte procurou a emergência do HMNH e foi prontamente atendido, realizou os exames necessários e teve o corte suturado, seguindo o protocolo de atendimento. "Toda a assistência necessária foi prestada ao paciente durante a passagem pelo hospital", garante a instituição.
"Em avaliação médica, o profissional orientou que fosse encaminhado para um hospital de alta complexidade para dar seguimento ao tratamento (2º tempo cirúrgico - conforme protocolo estadual), pois o HMNH não tem habilitação para realizar o procedimento necessário. A documentação foi enviada ao diretor técnico da instituição e assinada no mesmo dia", diz a nota.
O HMNH diz que a família esteve no hospital no dia 7 de agosto para retirar o encaminhamento "que deve ser entregue na Secretaria da Saúde para que o tratamento seja seguido em hospital de alta complexidade".
A reportagem aguarda posicionamento do HMNH sobre o motivo pelo qual o pedido de encaminhamento não foi enviado pelo hospital à Prefeitura no mesmo dia.
Estado questiona procedimento do HMNH
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou nesta quinta-feira (10) que o paciente está cadastrado no Sistema de Gerenciamento de Consultas (Gercon) do Estado, inserido em 9 de agosto. No entanto, a pasta não identificou pedido de transferência inter-hospitalar nem registro de transferência em segundo tempo por meio da rede de urgência por parte do hospital de Novo Hamburgo.
"O Gercon regula o acesso à consulta eletiva especializada, o que não se enquadra como atendimento de urgência. Salientamos que o atendimento de segundo tempo não é realizado por meio do sistema Gercon e deveria ter sido feito pelo hospital de Novo Hamburgo através de contato direto com os hospitais da referência ou então pelo Samu", diz nota enviada pela SES.