Preço da gasolina pode aumentar até R$ 0,60 na bomba, projeta economista
Alta para as distribuidoras passa a valer na quarta-feira (16). Postos de Novo Hamburgo já reajustam o preço, enquanto consumidores buscam garantir combustível mais barato
Vai pesar no bolso do consumidor a decisão da Petrobras de aumentar o preço dos combustíveis para as distribuidoras. A decisão da estatal, anunciada nesta terça-feira (15), começa a valer a partir de quarta (16).
Com aumento de R$ 0,41 para a gasolina, o combustível passará a custar R$ 2,93 por litro para as distribuidoras. Já no caso do óleo diesel, a alta será de R$ 0,78, elevando o preço litro para R$ 3,80.
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Acima dos R$ 5
Desde o início de agosto, o preço da gasolina em Novo Hamburgo está acima dos R$ 5. No início da tarde desta terça-feira (15), a reportagem visitou 11 postos da cidade.
Em sete deles, o litro da gasolina era vendido a R$ 5,37. O bairro Ideal registrava a maior diferença para cima: em um posto na Avenida Sete de Setembro, o litro chegava a sair a R$ 5,59. Já as maiores variações para baixo podiam ser encontradas no bairro Santo Afonso, onde o litro saía por R$ 5,33, e no bairro Rio Branco, a R$ 5,34.
Este último estabelecimento, porém, sequer esperou o reajuste da Petrobras, válido a partir de amanhã, para repassar o aumento ao consumidor. No início da noite, a reportagem voltou ao local e constatou alta de R$ 0,22, com a gasolina saindo a R$ 5,56. A situação se repetiu em outros dois postos.
Moura prevê que os preços na cidade aumentem ainda mais nos próximos dias, ainda que os municípios já viessem registrando valores mais altos antes mesmo do anúncio da Petrobras. "Quando a Petrobras anuncia aumento da gasolina e chega ao conhecimento do público, o consumidor já espera."
Tanto espera, que, nesta noite, em Ivoti, alguns motoristas faziam filas para encher o tanque, garantindo o preço pré-reajuste.
Mudança de política
No mês de maio, o governo federal anunciou nova política de preços em substituição ao Preço de Paridade de Importação (PPI) – modelo adotado durante a gestão Michel Temer (MDB). (Entenda as políticas de preços da Petrobras).
O professor Moura esclarece que essa mudança foi a medida adotada até aqui para conter a alta inflacionária. "O governo usou essa estratégia para segurar a inflação, como o combustível é um componente importante, ele vai trabalhando em cima dele", explica.
Entretanto, acrescenta, a nova política chegou ao limite e, agora, a Petrobras precisou se alinhar ao mercado internacional. "A estratégia do governo não fica ainda muito clara. Com a PPI [modelo anterior] se tinham os dados divulgados [de cotação internacional], então era mais fácil fazer uma projeção de quanto ia aumentar", compara Moura.
O economista aponta que a tendência para o próximo semestre é de alta, mas em ritmo mais moderado. Moura descarta, com o cenário atual, que a gasolina chegue ao patamar de R$ 8, como aconteceu em 2022. "Chegaria em caso de uma preocupação internacional muito grande, não estamos nesse nível", projeta.
Na avaliação do economista, o abandono do PPI trouxe problemas para a gestão da estatal. "O ruim disso tudo é para o investidor. Quem tem ações da Petrobras poderia ter uma rentabilidade melhor, ela é menor do que poderia ser com o preço praticado internacionalmente.”
Além do impacto para os acionistas da empresa, Moura também entende que a decisão de não acompanhar os preços internacionais do combustível impacta na capacidade de investimento da Petrobras. "O que o governo poderia ter feito é acompanhar o PPI e, com esse lucro excessivo, investir em refinarias", opina.
Fiscalização
Subprocurador do Procon Novo Hamburgo, Nei Sarmento diz que a partir de quarta-feira o órgão municipal irá monitorar os preços praticados na cidade. "Caso seja constatado aumento abusivo, vamos notificar os postos para que apresentem as notas de compra e venda", antecipa.
Sarmento explica que a margem de lucro líquido de um posto gira entre 10% e 11% para cada litro de combustível vendido. A margem bruta, quando não são considerados custos fixos e variáveis, fica na casa de 20%.
Mas, mesmo assim, não há tabelamento dos combustíveis. "De acordo com a Constituição Federal, o que define o preço dos combustíveis é a própria concorrência, visto que não são tabelados ou regulados por qualquer órgão público", esclarece Sarmento.