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Notícias | País Tragédia no Recife

'Eu cuidei dos filhos dela. Esperava paciência com o meu', diz mãe de Miguel Otávio

Menino de 5 anos morreu ao cair de prédio no Recife; patroa foi autuada por homicídio culposo, mas pagou fiança de R$ 20 mil

Por Estadão Conteúdo
Publicado em: 05.06.2020 às 11:54 Última atualização: 05.06.2020 às 11:54

Miguel Otávio tinha 5 anos Foto: Reprodução/ Facebook
O menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, morreu após cair do 9º andar, em uma altura de cerca de 35 metros, do Edifício Píer Maurício de Nassau, condomínio de luxo no bairro de São José, no Recife, onde a mãe dele trabalhava como empregada doméstica. A patroa Sarí Corte Real foi autuada por homicídio culposo (sem intenção de matar). Presa em flagrante, foi conduzida à Polícia Civil, onde pagou R$ 20 mil em fiança para responder ao inquérito em liberdade. O prazo para concluir a investigação é de 30 dias, a depender das apurações.

"Não estou conseguindo dormir no meu quarto porque quando eu olho para a cama do meu filho e vejo que ele não está aqui a dor aumenta mais ainda. Ele é a minha vida, eu não sei o que vai ser da minha vida sem ele", disse Mirtes Renata Souza, mãe do menino, em entrevista ao programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, na manhã desta sexta-feira (5).

Conforme a Polícia Civil, a criança caiu do edifício após ter sido deixada pela mãe sob responsabilidade da patroa, enquanto saía para passear com o cachorro da família. Enquanto a mãe estava fora, o menino tentou entrar duas vezes no elevador e, depois, teve acesso ao 9º andar do prédio. Na área, ficava uma caixa de condensadores de aparelhos de ar-condicionado sem tela de proteção.

"Aquilo doeu tanto, eu perdi o meu filho por falta de paciência. Por uma questão de 10 minutos, ela não teve paciência com o meu filho", afirmou Mirtes à Fátima Bernardes. Ela contou ainda que, junto com a mãe, cuidou dos três filhos da patroa. "Eu cuidei dos três filhos dela. Esperava que tivesse 15 minutos de paciência com o meu."

Imagens mostram últimos momentos

Em imagens de câmeras de segurança do prédio obtidas pela TV Globo, é possível ver a patroa falar com a criança e, por fim, permitir que o menino entre sozinho no elevador. Conforme a gravação, ela chega a aproximar a mão do botão do elevador onde ficam os andares mais altos do prédio, antes que a porta se feche.

Sari e Miguel Otávio no elevador, momentos antes da queda Foto: Reprodução/ TV Globo
"A gente observa que ela (a patroa) aperta um outro andar superior ao apartamento em que residia e a criança acaba, de forma inesperada pela investigação, a ficar só no elevador. Ela sobe, para no primeiro andar e depois, ao abrir a porta do 9º andar, desembarca", disse o delegado da Delegacia Seccional de Santo Amaro, Ramon Teixeira.

Ontem, a empregada doméstica Mirtes Renata Souza, mãe de Miguel, declarou à TV Globo que era funcionária do prefeito de Tamandaré (PE), Sérgio Hacker (PSB), e da mulher dele, Sari Corte Real, que teria sido a responsável por cuidar de Miguel enquanto a mãe passeava com o cachorro. A informação não foi confirmada pela Polícia Civil nem pela prefeitura de Tamandaré.

"Ela confiava os filhos dela a mim e a minha mãe. No momento em que confiei meu filho a ela, infelizmente ela não teve paciência para cuidar, para tirar (do elevador). Eu sei, não nego para ninguém: meu filho era uma criança um pouco teimosa, queria ser dono de si e tudo mais. Mas assim, é criança. Era criança", disse a mãe do garoto. O delegado afirma que a morte, em decorrência da queda, foi acidental. "O que restava identificar era a responsabilidade de alguém pelo fato de aquela criança ter ficado só."

"Sendo a morte resultado de um homicídio culposo, um crime para o qual a nossa legislação confere o arbitramento de fiança, é um direito subjetivo da pessoa autuada, pelo menos juridicamente falando, e o arbitramento da fiança no valor de R$ 20 mil, quando pago, nos fez conceder a liberdade provisória", concluiu o delegado.

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