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Ernesto Araújo pede demissão do Ministério das Relações Exteriores

Pressão para a saída do ministro aumentou depois de acusar a senadora Kátia Abreu de fazer lobby de chineses no leilão do 5G; embaixador é acusado por falhas nas negociações por vacinas

Publicado em: 29.03.2021 às 13:14 Última atualização: 29.03.2021 às 13:36

Ernesto Araújo Foto: ernesto.araujo.mre-Instagram/Reprodução
O ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (29) para entregar seu cargo. A informação foi repassada ao Estadão por pessoas que acompanham a discussão sobre a saída do chanceler. Ernesto Araújo passou pouco mais de 800 dias à frente do Itamaraty e vinha sendo contestado dentro e fora do governo.

Atrito com senadores

Ontem, o presidente do Congresso e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que "a tentativa do ministro Ernesto Araújo de desqualificar a competente senadora Kátia Abreu atinge todo o Senado Federal". A declaração foi publicada no Twitter na noite deste domingo (28). A manifestação de Pacheco refere-se à acusação feita pelo chanceler brasileiro de que a senadora teria atuado em favor de interesses do 5G da China durante um almoço reservado entre eles no Itamaraty.

Pacheco, que assim como boa parte do Congresso, vem cobrando do governo uma mudança na política externa do País, com a consequente demissão de Ernesto, ressaltou que o episódio protagonizado pelo chefe das Relações Exteriores ocorre "justamente em um momento que estamos buscando unir, somar, pacificar as relações entre os Poderes". "Essa constante desagregação é um grande desserviço ao País", disse.

Mais cedo, Ernesto fez uma postagem nas redes sociais sobre o conteúdo de uma conversa reservada com a senadora durante um almoço no Itamaraty insinuando que ela teria defendido interesses da China, especificamente na questão do mercado de 5G de telefonia.

"Em 4/3 recebi a senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: "Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado." Não fiz gesto algum", escreveu Ernesto em sua conta no Twitter neste domingo. "Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio Presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria".

Em seguida, Kátia rebateu o ataque. "O Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal. Alguém que insiste em viver à margem da boa diplomacia, à margem da verdade dos fatos, à margem do equilíbrio e à margem do respeito às instituições. Alguém que agride gratuitamente e desnecessariamente a Comissão de Relações Exteriores e o Senado Federal", escreveu a senadora em nota distribuída à imprensa neste domingo.

A senadora também considerou uma "violência" resumir o conteúdo da conversa em um tuíte. "É uma violência resumir três horas de um encontro institucional a um tuíte que falta com a verdade. Em um encontro institucional, todo o conteúdo é público. Defendi que os certames licitatórios não podem comportar vetos ou restrições políticas", afirmou a senadora.

A publicação do Ernesto foi um contra-ataque ao Senado, após parlamentares cobrarem publicamente sua demissão, e uma tentativa de endossar a narrativa sustentada nos bastidores por aliados do chanceler sobre qual seria o motivo de sua "fritura", a de que, sem ele no governo, o caminho estaria livre para os asiáticos entrarem no mercado brasileiro do 5G.

Há, no entanto, uma avaliação generalizada e vocalizada de que Ernesto é responsável pelo fracasso das negociações internacionais para a compra de vacinas contra a Covid-19 e isso é o que tem motivado a pressão recente pela sua saída do cargo. A gestão dele à frente da política externa brasileira está sendo contestada e reprovada não só por parlamentares, mas também por economistas, empresários, militares, governadores, prefeitos e até por diplomatas.

Senadores como o presidente do Progressistas, Ciro Nogueira (PI), Weverton (PDT-MA) e Simonte Tebet (MDB-MS) saíram em defesa da colega e do Parlamento neste domingo. Tebet escreveu: "Ernesto e democracia não andam juntos". "Não há opção. Democracia fica. Ernesto tem de sair".

Com informações de Estadão Conteúdo e O Estado de S.Paulo


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