O ministro da Educação, Milton Ribeiro, negou nesta terça-feira (22), que o presidente Jair Bolsonaro tenha pedido atendimento preferencial a pastores na liberação de recursos para municípios. A existência de um gabinete paralelo no MEC, no qual um grupo de pastores ligados a Ribeiro dava as cartas foi revelada pelo Estadão.
Apesar disso, em um áudio revelado pela Folha de S. Paulo, o próprio ministro da Educação comenta que daria prioridade para os pedidos dos pastores e disse que a liberação de recursos foi um "pedido especial" de Bolsonaro.
Ribeiro negou qualquer irregularidade e disse que o fato de ser evangélico não influi no modo como comanda o ministério. "Independente de minha formação religiosa, que é de conhecimento de todos, reafirmo meu compromisso com a laicidade do Estado, compromisso esse firmado por ocasião do meu discurso de posse à frente do Ministério da Educação", afirmou por meio de nota.
Como revelou o Estadão na última sexta-feira (18), os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura atuaram para intermediar a liberação de verbas para prefeituras aliadas. Em um caso, a liberação aconteceu em tempo célere, após apenas 16 dias da solicitação.
De acordo com Ribeiro, a liberação das verbas precisam atender a critérios e não são usadas para favorecer grupos específicos. "Diferentemente do que foi veiculado, a alocação de recursos federais ocorre seguindo a legislação orçamentária, bem como os critérios técnicos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE)", declarou.
Após a revelação do caso, a permanência de Milton Ribeiro no comando da pasta está ameaçada e sua saída é cobrada por partidos do Centrão e até mesmo é avaliada pela bancada evangélica do Congresso.
Os deputados federais Kim Kataguiri (União-SP) e Túlio Gadêlha (PDT-PE) protocolaram pedidos para que a PGR apure as denúncias contra o ministro. Gadelha também apresentou requerimento para que Ribeiro seja convocado a prestar esclarecimentos ao plenário da Câmara. Antes, o deputado Rogério Correia (PT-MG) havia elaborado outro requerimento para pedir a convocação de Ribeiro para falar na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara. Na última sexta-feira, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou a apuração do caso.