Desde o convite para participar dos jogos do Rosário Central aos domingos pela manhã, Valdenir Massaia, ou só Massaia, de 27 anos, passou a formar com o amigo Pakito, de 33, uma dupla de zaga consistente.
"A gente costumava dizer que com a nossa dupla não tinha jogo bonito, tinha jogo para ganhar", conta Tiago Cavalheiro, o Pakito.
Massaia chegou neste ano ao time criado em 2009 por amigos da região da Vila Central e arredores. O zagueiro, ou melhor, o operador de máquinas que, aos domingos, encarava os campos da várzea, não era dessa turma. Foi incorporado, a convite do Pakito, que o conheceu na fábrica da Prometeon. E como bem define, Massaia "entrou logo no espírito do time".
Depois da tragédia em campo, com a morte de Massaia atingido por um raio, Felipe Sabino, o Ceará, de 33 anos, criador do Rosário Central, ainda não sabe que destino do time, que fazia planos para futuramente entrar no municipal de amadores.
"Vamos parar por um tempo, isso é certo, em respeito a ele. Mas eu, realmente, não sei se vamos dar sequência no time, porque fazemos isso é para a alegria de todos, para nos reunirmos aos domingos e, de repente, fomos abatidos por uma tragédia dessas. O que aconteceu foi horrível", lembra Sabino.
Era apenas a segunda vez que o time jogava no campo do Oriçó. E pela segunda vez fazia um amistoso com o Tarumã, de Viamão. Como era o costume, desde que passou a usar a camiseta azul e amarela, Valdenir foi um dos primeiros a chegar para o jogo.
"Era o tipo de jogador aguerrido, de muita força física dentro de campo. E fora dele, um cara brincalhão, sempre de bem com a vida", conta o criador do Rosário.
Durante algum tempo, duelaram com eles, mas o Central acabou, e o atual clássico "local" agora é com o também argentinizado San Lorenzo.
No último clássico entre os dois times, o aguerrido Massaia estava em campo. E foi fundamental para a virada que garantiu uma vitória por 3 a 2.
Nascido em Gravataí, Valdenir morou no Interior durante alguns anos, de onde voltou há cinco e se estabeleceu novamente na cidade-natal.
Nas suas lembranças, Felipe Sabino já refez dezenas de vezes o roteiro seguido na manhã de domingo até que o clarão transformasse a confraternização em tragédia. E lamenta:
"Aquela trovoada nos pegou completamente de surpresa".
Segundo ele, no começo da manhã, como costuma acontecer, começou a ligar para o os donos do campo, para os adversários e os integrantes do Rosário. Na rua, não chovia, e o campo estava em condições. A partida estava confirmada.
No caminho para o Rincão da Madalena, começou a chover forte, mas, às 10h, como recorda Sabino, chuviscava. O raio teria sido isolado, e certeiro.