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Notícias | Região Segurança Pública

Com defasagem da BM, cidades do Vale do Sinos reforçam guardas municipais

Atualmente, três municípios contam com corporações armadas para atuar no policiamento e número deve aumentar em breve

Por João Víctor Torres
Publicado em: 18.11.2019 às 05:00

Guarda Municipal de Novo Hamburgo 2019 Foto: Juarez Machado/GES

Segurança pública. Dever constitucional do Estado. Porém, com a crise financeira enfrentada pelo governo gaúcho há décadas, a defasagem de efetivo - por mais que o Piratini tenha anunciado cronograma para chamar mais de 4 mil servidores até 2022, sendo 2,7 mil para a Brigada Militar em funções de soldado e capitão - os municípios têm buscado alternativas para amenizar o problema.

No Vale do Sinos, três cidades têm guardas municipais armadas e que se somam ao trabalho desempenhado pela Brigada Militar (BM) no policiamento dessas localidades. Casos de Novo Hamburgo, Estância Velha e São Leopoldo. Juntas, essas instituições contam com 400 agentes. O maior contingente está na Capital Nacional do Calçado, com 209 profissionais. Já a Guarda Civil Municipal (GMC) leopoldense opera com 156 servidores, enquanto a corporação estanciense dispõe de 35.

Entretanto, o secretário-executivo do Instituto Cidade Segura, Alberto Kopittke, destaca que até pouco tempo as guardas eram mais comuns nas capitais. Porém, depois de certo tempo, passou a ser encampada também pelas localidades de médio e pequeno porte. "Agora, as menores também estão aderindo. Funciona muito bem e tem resultados excelentes. São corporações que, em geral, conhecem bem as localidades e conseguem articular serviços, como nas áreas da educação, saúde e assistência de forma bastante satisfatória", exemplifica.

Por outro lado, Kopittke frisa que as prefeituras sofrem com a sobrecarga de atribuições, mas é fundamental que busquem esse protagonismo. "É importante o município entrar no tema da segurança pública", pontua o secretário-executivo do Instituto Cidade Segura.Situação das Guardas Municipais na região

Na região, a quarta corporação nascerá em breve. A prefeitura de Campo Bom ainda finaliza o processo para criação da Guarda Municipal. Antes de entrar em prática, a proposta precisa passar pela aprovação da Câmara de Vereadores, onde deve começar a tramitar. Conforme o secretário municipal de Segurança, Rosalino Seara, a intenção é formar um grupo com 30 agentes, inicialmente.

Quando isto se confirmar, quatro das cinco cidades mais populosas do Vale terão guardas municipais armadas. "A Guarda Municipal não compete com a Brigada Militar. Ela deve vir para exercer funções que os brigadianos não conseguem mais dar conta, em função de diversos fatores", complementa Kopittke.

O tema é debatido à exaustão na Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (Amvars). A escassez de recursos e de policiais é uma das justificativas. Combinado a isto, o anúncio aquém do esperado do número de novos PMs à região - que esperava no mínimo o dobro dos 62 agentes destinados, deixou prefeituras em alerta.

Na avaliação da presidente da Amvars e também prefeita de Novo Hamburgo, Fatima Daudt, "segurança pública é dever constitucional do Estado, mas diante da difícil situação de efetivo em que se encontram as corporações diretamente ligadas à segurança da comunidade, como Polícia Civil e, principalmente Brigada Militar, as prefeituras acabam implantando guardas municipais para ajudar a suprir essa carência", pondera a prefeita.

Situação na região

Confira os contingentes e atuação das corporações de Estância Velha, São Leopoldo e Novo Hamburgo. Campo Bom terá a sua Guarda Municipal já no próximo ano.

Conheça quais são as demais guardas da região

Seis municípios, além das cidades do Vales do Sinos, na área de cobertura do Jornal NH, possuem guardas municipais: Sapiranga, São Sebastião do Caí, Montenegro, Imbé, Tramandaí e Canela. No Caí, o foco das duas GMs está direcionado à vigilância patrimonial. Já na Cidade das Rosas, o trabalho dos agentes concentra-se, principalmente, na fiscalização de trânsito.

Brigada Militar e Polícia Civil enaltecem papel das guardas

Integração. Especialistas e quem atua diretamente no combate à criminalidade afirmam que, sem uma atuação conjunta e planejada, as forças de segurança não conseguem mostrar resultados efetivos à população. O coronel Vitor Hugo Cordeiro Konarzewski, que responde pelo Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio dos Sinos (CRPO/VRS), destaca a importância do movimento das prefeituras em atuar de forma mais contundente na segurança. Em virtude disso, enxerga com bons olhos a criação de uma nova corporação em Campo Bom, por exemplo. A chave do bom funcionamento, para Konarzewski, passa pelo compartilhamento de informações entre os comandos.

Ao mesmo tempo, o coronel endossa a posição de Kopittke de que as guardas são forças complementares ao trabalho exercido pela Brigada Militar. "Vejo como muito útil a presença das guardas municipais, pois é mais uma forma de prevenir a violência", cita.

Além disso, reafirma que a BM possui uma visão sistêmica e ampla por atuar de maneira uniforme em todas as cidades. Konarzewski destaca que, para este trabalho funcionar de maneira efetiva à população, tanto brigadianos quanto guardas têm que atuar de forma integrada. "O crime não tem fronteiras", lembra.

O delegado regional de Polícia Metropolitana, Eduardo Hartz, também elogiou a decisão tomada por Campo Bom. De forma geral, lembrou os bons índices obtidos pelas corporações em atividade nas cidades de Estância Velha, Novo Hamburgo e São Leopoldo. "As guardas municipais têm trabalhado absolutamente integradas com as demais instituições de segurança pública", afirma

São Leopoldo



Guarda Civil Municipal de São Leopoldo já realizou 66 prisões desde o início do ano Foto: Diego da Rosa/GES
Dona da segunda maior corporação da região, a Guarda Civil Municipal (GMC) de São Leopoldo comemora resultados obtidos. Foram 66 prisões de janeiro a abril deste ano. Segundo o diretor da GMC, Wagner Pires, "cada vez mais ações em conjunto são realizadas", destaca, em referência à BM e à Polícia Civil. Pires adianta que os esforços estão concentrados em não desguarnecer nenhum ponto do município. "O trabalho é organizado em equipes e cada equipe atuando em cada zona da cidade", complementa.

 

Estância Velha


Sinergia total com a Brigada Militar e Polícia Civil Foto: Divulgação
Menor cidade se comparada com Novo Hamburgo e São Leopoldo, Estância Velha tem um contingente mais enxuto. Apesar disso, na cidade o apoio da Guarda Municipal com a Brigada Militar é constante. "Possuímos uma dupla mista de policiamento, entre um PM e um guarda municipal, atuando em motos, em apoio ao policiamento diário", exemplifica o comandante da corporação estanciense, Paulo Roberto de Oliveira. No último trimestre, a Guarda local realizou 22 prisões.

 

Indicadores das Guardas Municipais no RS

A maior parte das 35 cidades com guardas municipais no RS estão na região metropolitana. Dessas, 29 são armadas e as corporações, juntas, somam 3,4 mil agentes.

Média de guardas civis municipais em São Leopoldo

De acordo com o comando da corporação leopoldense, são 20 agentes em média por turno atuando no município.

Estado atua para estancar uma futura defasagem

O governador Eduardo Leite detalhou o programa de novos agentes. "O cronograma viabiliza o chamamento de forma programada e responsável, permitindo a manutenção de efetivo e evitando a criação de uma defasagem, por conta de aposentadorias, que resultasse na precarização de serviços e de convocações em massa", explica. Com isso, a partir de um estudo realizado pelo governo foram mapeadas saídas do período, mas o efetivo permanecerá estável.

 

Novo Hamburgo


Corporação tem o maior contingente na região e recentemente recebeu dois drones e nove viaturas Foto: Juarez Machado/ GES/Fotos Arquivo/GES
Novo Hamburgo conta com a corporação mais robusta em número total de agentes. São mais de duas centenas. Além disso, a cidade atua num trabalho de monitoramento e, até o final de outubro, 314 ocorrências resultaram em encaminhamentos à DPPA. "Com base nos dados estatísticos da violência e criminalidade fornecidos pelo Observatório da Segurança de Novo Hamburgo, a presença em determinado local pode ser intensificada", informou a Secretaria Municipal de Segurança, em nota.

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