Ele é pequeno na altura e na idade, mas já tem maturidade e consciência de gente grande. Volta e meia, quando conversa com alguém, José Henrique de Lima, 8 anos, demonstra que já sabe muito sobre a vida, mesmo sem entendê-la direito. O menino é morador do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, e provou que para fazer o bem ao próximo não precisa de muito. Recentemente, teve uma ideia que transformou a vida de sua família. Em vez de escrever a tradicional cartinha ao Papai Noel pedindo um smartphone ou computador, pensando em si próprio, ele lembrou da mãe. O presente que José sonhava que o Bom Velhinho trouxesse era um rancho e uma caixa de leite.
Um dos cantos da cozinha, onde ficava a mesa de refeições, agora tem outra finalidade: é lá que são organizados os ranchos e caixas de leite pedidas por José. “O nosso Natal vai ser bom”, comemora o pequeno, timidamente. Jessica não quer deixar os produtos estragarem. O que não for consumido por ela, o marido Gelson, 28, e os filhos Caleb, 4, Jachson Emanuel, 6, e Nicole, 9, serão doados. “São muitas bênçãos”, destaca.
Mesmo que a mudança na vida dos Lima tenha ocorrido em meio à época natalina, de final de ano, quando as pessoas costumam pensar mais no outro, Jessica acredita que os reflexos de agora ficarão para uma vida toda em seus filhos. Nicole, que nunca tinha ganho uma boneca, aponta orgulhosa para diversas caixas em cima de sua cama. Os meninos, que contavam nos dedos das mãos os brinquedos, agora perderam a conta de quantos carrinhos receberam.
“São coisas que eles me pediam e era difícil de dizer que eu não tinha condições de dar”, comenta. As listas de material escolar das crianças estão com “dindos”, que prometeram cadernos e mochilas para um 2020 de muito estudo da criançada.
Para Jessica e o marido, as boas novas também chegaram. “Ele conseguiu um emprego, o que nos ajuda muito. Na questão do dinheiro, recebemos uma doação que pagou a primeira prestação da nossa casa. Outros valores que depositaram a gente foi juntando e conseguiu deixar guardado para quitar outra prestação, além de comprar uma geladeira, já que a nossa só ficava fechada quando era amarrada com uma borracha”, descreve.
Ao todo, a dona de casa calcula que mais de 200 pessoas entraram em contato para apoiar a família, de uma forma ou de outra. Teve gente de Novo Hamburgo, Estância Velha, Montenegro, Tramandaí e até do Paraná querendo fazer a sua parte. “Meu coração está muito feliz. Fico agradecida de tanta gente ter pensado em nos ajudar”, arremata a mãe, que sonha com um mundo melhor, dá o exemplo para os filhos e já vê os reflexos.