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Notícias | Região Avanço da pandemia

Por que há mais casos de Covid-19 na região?

Entre os fatores apontados pelos municípios estão o aumento na testagem e relaxamento nas restrições. Especialista diz que falta adesão da população ao isolamento, o que pode prolongar a pandemia no País

Por Bruna Matana
Publicado em: 29.05.2020 às 05:00 Última atualização: 29.05.2020 às 10:34

Aumento na testagem e relaxamento nas restrições estão entre as explicações dos municípios para incremento nos números de Covid-19 na região. Em Novo Hamburgo, o secretário municipal de Saúde, Naasom Luciano, destaca que a elevação nos casos se deve, principalmente, ao fato da Secretaria Estadual da Saúde contabilizar também os testes rápidos.

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"Estes testes confirmam a presença de anticorpos, ou seja, pessoas que tiveram o vírus e já estão recuperadas. Além disso, o Estado passou a contabilizar também todos os testes da rede privada, aumentando ainda mais os números", pontua, ressaltando que isso é positivo, tanto para que a população redobre os cuidados, quanto para o planejamento e estratégias de atuação por parte do Município.

"É importante frisar que a conscientização precisa ser efetiva, pois somente com a adesão social teremos sucesso no combate à pandemia."

Ontem, o governador Eduardo Leite anunciou o repasse de mais 130 mil testes rápidos para diagnóstico da Covid-19 aos municípios. A remessa começará a ser enviada hoje, obedecendo a critérios populacionais e epidemiológicos. Essa será a quarta remessa enviada pela Secretaria Estadual de Saúde. Até agora, Novo Hamburgo já recebeu 3.320 testes rápidos.

Isolamento

O presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e professor da Universidade Feevale, Fernando Spilki, ressalta a mudança de postura da população. Ele destaca que deveria haver mais cautela. "Tem vários setores sendo liberados e vemos que sem isolamento, sem cuidados, esse número pode agravar ainda mais. Eu diria que nós deveríamos ter mais cautela."

Para Spilki, há uma curva ascendente ainda muito forte de casos de Covid-19. "Com atitudes mais restritivas, mesmo que por período mais curto, poderíamos retornar às atividades mais rapidamente, mas com esse sistema dúbio, no qual parte da população não adere às restrições, estamos esticando o problema. Estamos há mais de 70 dias nessa situação e a gente vê as previsões esticando nosso surto para final de agosto ou início de setembro."

Spilki é professor da Universidade Feevale Foto: Divulgação/Feevale

A atitude das pessoas mudou muito desde o Dia das Mães. Houve um incremento impressionante nos números, não só na região, mas em todo o Estado.

Ainda conforme o pesquisador, em países como a Austrália e a Nova Zelândia, por exemplo, houve controle da pandemia em 45 dias. "Isso tem a ver com a regulamentação, mas se deve, também, ao fenômeno cultural. São locais onde há grande adesão ao isolamento. No Brasil, lamentavelmente, a adesão é baixa."

A queda na temperatura e maior disseminação de doenças respiratórias também preocupam, diz Spilki.

Vírus circulante preocupa gestores

Em Campo Bom, a falta de isolamento social e de cuidados levou, inclusive, a publicação de um novo decreto, com restrições mais severas, como fechamento de espaços públicos. "O aumento de casos está relacionado ao fato de que pessoas que estão circulando pelas ruas não estão tomando as devidas medidas de prevenção, como o uso de máscaras", diz a secretária municipal de Saúde, Suzana Ambros Pereira.

Conforme a secretária, todo teste, até o momento, tem uma ligação com outros municípios. "A grande maioria trabalha fora, em Novo Hamburgo, Porto Alegre ou veio de Passo Fundo. Tivemos apenas um teste relacionado ao comércio, de uma moradora de Campo Bom, que trabalha em Novo Hamburgo."

Em Sapiranga, a Secretaria Municipal de Saúde também destaca que atribui o aumento nos casos ao vírus circulante. "A maioria dos infectados adquiriu o vírus fora do município. Reforçamos a importância das medidas sanitárias de controle", informou o órgão, em nota.

Segundo o secretário de Saúde de Ivoti, Marcelo Bernardes, o aumento está relacionado ao contato da população com pessoas de fora do município. A prefeitura tem testado todos os profissionais da saúde, segurança e agora irá testar a população com sintomas de síndrome gripal. "Acreditamos que a comunidade está seguindo as orientações, principalmente no que se refere ao uso de máscara."

Propagação e capacidade para atender

O secretário de saúde de Taquara, Vanderlei Petry, município que está na bandeira amarela, segundo o distanciamento controlado do Estado, diz que isso se deve à adesão da comunidade às medidas. "O aumento dos números na cidade se deve ao trânsito das pessoas de uma região para outra."

Para definir a cor da bandeira, o Estado se baseia em dois grandes grupos: propagação e capacidade de atendimento de cada região. Cada um deles tem peso de 50% e, no total, são acompanhados 11 indicadores.

Neste sábado (30), o governo divulgará as bandeiras que serão adotadas para cada região na próxima semana. A região de Novo Hamburgo, que compreende 15 municípios, atualmente está na cor laranja e possui 88,7% de ocupação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto, mas somente sete pacientes estão internados por causa da Covid-19.

Mais UTI

Estado anunciou, nesta quinta-feira (28), que vai abrir 47 leitos de UTI em sete hospitais, sendo cinco no Caí.

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