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O "remédio" para aplacar a epidemia da fome todos conhecem: comida. Por isso, ações para arrecadar e distribuir alimentos pipocam Brasil afora, seja por iniciativa pessoal ou do poder público. A prefeitura de Campo Bom, por exemplo, começou nesta semana a distribuir a alunos carentes da rede municipal viandas com alimentos prontos para o consumo, já que todos estão com aulas remotas. A marmita vem recheada com arroz, feijão, carne, cenoura refogada e salada. E se neste país onde ainda tem gente que cata comida que os outros não querem, há aqueles que jogam fora. Foi o que aconteceu em Campo Bom. Duas marmitas entregues a uma família numa área invadida do bairro Operária foram descartadas sem ninguém ter ao menos provado. "Estamos incrédulos com o descaso. Ela sequer se dignou a doar a comida para outras pessoas. Nem sei o que pensar", desabafa o prefeito Luciano Orsi.
Como os pratos possuem dados para fins de controle, foi possível identificar a família beneficiada. A Secretaria Municipal da Educação vai apurar as circunstâncias junto à família, mas a informação que chegou à escola é que a mãe teria colocado a comida no lixo após constatar que não se tratava de uma cesta básica, como havia imaginado. "Estava na escola onde os dois filhos dela estudam quando aconteceu. Uma pessoa flagrou e falou com ela. Depois me ligou. Uma das marmitas ela tinha aberto para ver e a outra ficou fechada. Foi o único fato do tipo que aconteceu e nos entristeceu muito. Felizmente, a imensa maioria valoriza", diz a secretária de Educação, Simone Schneider.
Até o momento, 1.295 alunos da rede municipal de Campo Bom demonstraram interesse em receber os kits com refeição, mas a Secretaria de Educação está preparada para atender mais. Entre eles, o irmão da estudante Priscila Gomes Machado, de 15 anos, que não estuda mais na Escola Morada do Sol, mas foi buscar a merenda do caçula. Ela conta que já estudou na instituição, e que as "tias" sempre foram muito atenciosas. "As merendas aqui sempre foram feitas com capricho. Tem criança que a única refeição que faz é na escola", afirma. Sobre o descarte do alimento, a menina de 15 anos ensina. "As pessoas costumam reclamar das coisas, e isso vai muito da hipocrisia. Se tu acha que não vai utilizar, poderia deixar para o próximo."
As refeições são preparadas pelas cozinheiras, que seguem todos os cuidados sanitários, e distribuídas para cada aluno duas vezes na semana. A entrega foi dividida em dois grupos e em dias das semanas alternados. Ela ocorre sempre das 10h30 às 13h30. Interessados devem procurar as escolas de núcleo, referências em cada região da cidade.
Simone explica que frutas, legumes, saladas, feijão, arroz são alguns dos alimentos entregues às crianças, num trabalho que conta com a supervisão da equipe de nutrição da Secretaria de Educação. Sobre o caso da mãe que descartou os alimentos doados, a família deverá ser avaliada por assistente social e conselheiros tutelares da prefeitura. "Não podemos impedir de que eles recebam a merenda porque é um direito e eles precisam, mas vamos acompanhar esta família sim."
cestas básicas já foram entregues desde o começo do ano em Campo Bom a famílias que precisavam. Destas, 4,3 mil apenas nos quatro meses de pandemia, entre 17 de março e 17 de julho. Algumas destas cestas foram feitas com alimentos da merenda escolar e distribuídas a alunos da rede. Em pouco mais de meio ano, o número de doações de alimentos supera em mais de 300% o que foi doado em todo ano passado na cidade.
de reais já foram investidos pela Fundação de Saúde de Novo Hamburgo, entre março e julho, na aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). De acordo com a FSNH, os equipamentos seguem sendo fornecidos a todos os servidores.
