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Notícias | Região Mergulho no oceano

Pesquisadores da Unisinos participam de estudos sobre baleias e tartarugas

Com colaboração internacional, pesquisa inédita ajuda a compreender e proteger espécies como a baleia-franca-austral e a tartaruga-cabeçuda

Por Alecs Dall'Olmo
Publicado em: 22.08.2020 às 14:00 Última atualização: 22.08.2020 às 14:12

Alteração da forma craniana para se adaptarem ao novo nicho ocupado e garantir o sucesso ecológico da espécie Foto: Pedro Luz/Unisinos/Divulgação
Perceber. Entender. Melhorar. Preservar. A ciência tem dessas coisas: olhar, olhar de novo, mais uma vez. Tudo para enxergar o que não está claro. Lançar luz no mundo nosso de cada dia. E, no caso específico de pesquisadores da Unisinos, nos oceanos. E foi exatamente isso que pesquisadores fizeram. Mergulharam em apenas um ponto dos 70% de água que cobrem o planeta. Ou seja: ainda há muitos mergulhos mais no horizonte.

Duas pesquisas desenvolvidas na universidade, sendo uma feita em colaboração internacional com a participação de estudiosos de 11 países, ganharam destaque. Uma delas envolve a pesquisa sobre a migração da baleia-franca-austral e que terá impactos na preservação da espécie.

A outra, a partir de técnicas de morfometria tradicional e geométrica, analisou o tamanho e a forma de dezenas de crânios de tartarugas marinhas da espécie Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda) e com isso destacou a importância do litoral sul do Brasil para o ciclo de vida da tartaruga-cabeçuda, onde, nesta região, os indivíduos alteram a forma craniana para se adaptarem ao novo nicho ocupado e, assim, garantir o sucesso ecológico da espécie.

Os dois estudos contaram com o trabalho da professora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Biologia da Unisinos, Larissa Rosa de Oliveira, que faz parte da equipe responsável pelo estudo das baleias, e que coordenou o ciclo de vida da tartaruga-cabeçuda, que foi desenvolvido, entre 2016 e 2018, por Eduardo Lunardon, egresso do PPG em Biologia.

"Esse trabalho dará suporte científico, a partir de dados e análises concretas, para que haja um aumento no esforço de conservação dessa área de desenvolvimento das tartarugas-cabeçudas", destaca Lunardon, na divulgação do trabalho.

Extinção

Os resultados foram divulgados em artigos de publicações especializadas agora em 2020, e divulgados pela universidade recentemente. Larissa enfatiza que se trata de um estudo inédito feito nos últimos anos em que foi confirmada a conexão entre as áreas reprodutivas da baleia-franca-austral durante os meses de inverno no sul do Brasil e Argentina.

Segundo ela, já se sabia que as populações se alimentavam em torno da ilha subantártica da Geórgia do Sul, mas ainda apenas poucos animais haviam sido fotoidentificados. A equipe também analisou pela primeira vez uma amostra de DNA da população de baleias-francas-austrais do Chile-Peru, população criticamente ameaçada de extinção.

Sobre os desafios de pesquisar no mar, Larissa destaca a logística e o alto valor envolvido. "Às vezes me pergunto se é mais caro pesquisar no mar ou na lua."

Imensidão azul e os golfinhos da costa brasileira

Larissa Rosa de Oliveira Foto: Acervo pessoal
A professora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Biologia da Unisinos, Larissa Rosa de Oliveira, destaca a importância da pesquisa para mapear a evolução de indivíduos e preservar espécies.

Como a Unisinos entrou no estudo da baleia-franca-austral?

Larissa: Foi em 2010 quando fomos apresentar, em um Comitê da Comissão Nacional Baleeira, dados de variabilidade genética e de um gargalo populacional com base nas baleias de Torres para compor um consórcio de instituições do Hemisfério Sul.

Qual a importância das parcerias?

Larissa: Fundamental a colaboração internacional. As espécies não respeitam fronteiras políticas. Diferentes pesquisadores estudando permite compreender um cenário maior. Algo importante para espécies que têm problemas de conservação. O resultado é sempre muito significativo, pois temos um cenário global de tartarugas, baleias, leões-marinhos. Resultado muito mais importante e mais claro para a evolução da ciência.

O que motivou a pesquisa sobre tartarugas?

Larissa: Aqui, no RS, é área de alimentação e ao longo de 25 anos de coletas compilamos um número grande de espécies. Isso possibilitou compreender a forma do tamanho do crânio com o desenvolvimento dos animais, como mudanças associadas ao hábito alimentar. E essa transformação foi detectada através do estudo do Eduardo, que fez um excelente trabalho. Ele organizou, mediu, estudou ambiente marinho e descobriu a mudança do crânio, evidenciando uma questão evolutiva.

Quais as contribuições de pesquisas nos oceanos?

Larissa: Se acredita que conhecemos menos do mar do que da lua. Dá para imaginar a grande quantidade de informações que poderíamos ter extraída para a compreensão da climatologia da Terra, que passa pelas mudanças no mar? Compreendendo o que se passa no mar, podemos entender melhor as mudanças. O mar e o oceano profundo vai trazer várias informações importantes, desde fármacos até a observação das mudanças climáticas.

E a profissão?

Larissa: Sempre gostei de água. Era surfista. Assistia seriados do Jacques Cousteau. Mas vi um filme, Imensidão Azul (inspirado na vida do mergulhador Jacques Mayol) e pensei: que incrível. Fui estudar Biologia. Estudei muito lobo-marinho, leão-marinho e golfinhos. Compilamos toda a população de golfinhos da costa brasileira com quase 8 mil quilômetros. Sonho é minha profissão.

No caminho do Atlântico Sul Ocidental

Lunardon explica que no litoral do Estado está localizada uma área de desenvolvimento de tartarugas de extrema importância. A Unisinos enfatiza que os crânios foram coletados de indivíduos encontrados já mortos ao longo de 270 quilômetros no litoral do gaúcho. Enfim, são muitas as possibilidades de pesquisas nos oceanos, como as populações marinhas com base em dados do DNA; microplasticos, presença e dos efeitos; mudanças climáticas, como as marés e as populações estão sendo afetados; e nos polos a perda das calotas de gelo. E tem ainda, na costa, muita pesquisa de prospecção de gás e petróleo.

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