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Notícias | Região Crime em família

Viúva chamou filho para matar bombeiro militar, diz delegado

Dona de casa presa nesta segunda-feira ajudou o filho a dopar e carregar o tenente no carro até o local onde foi degolado, em Sapiranga, por motivo patrimonial e passional

Por Silvio Milani
Publicado em: 09.11.2020 às 21:24 Última atualização: 10.11.2020 às 13:01

Yago, a mãe Ledamaris e o padrasto Glaiton Contreira em momento família Foto: Reprodução
O assassinato do bombeiro militar Glaiton da Silva Contreira, 52 anos, encontrado degolado há duas semanas em Sapiranga, ganha um contexto ainda mais sinistro. Depois do enteado ser preso e confessar o crime com insólita frieza, a mãe dele, viúva da vítima, é acusada de ajudar no planejamento e execução. Ela foi capturada na tarde desta segunda-feira (8) na casa de parentes em Viamão.

“Informalmente ela nega. Vamos ouvi-la ainda hoje”, declarou, no fim da tarde, o delegado de Sapiranga, Fernando Pires Branco. E revela que a mulher chamou o filho por telefone para casa, no bairro São Luiz, para matar o tenente.

O militar foi dado como desaparecido na tarde de 26 de outubro, quando familiares e colegas bombeiros fizeram o boletim de ocorrência. Conforme a esposa, Ledamaris da Silva Contreira, 42, e o enteado, Yago Rudinei da Silva Machado, 25, o tenente tinha saído de casa para caminhar às 17 horas do dia anterior, um domingo, e não havia retornado. Não atendia o telefone. A mentira começou a ruir no dia do registro, por volta das 19 horas, com a localização do cadáver. Estava com corte profundo no lado esquerdo do pescoço, no fim da Rua Travessão Campo Bom, em área onde se extrai areia para construção, quase no limite com Campo Bom. Estava na lateral da rua, de barriga para cima e braços abertos.

Provas

Detido com conteúdo comprometedor no celular, onde havia pesquisas sobre como matar uma pessoa degolada, o enteado confessou. Mas poupou a mãe. Foi autuado em flagrante e conduzido ao presídio. “A esposa entrou em várias contradições, há mensagens dela para o filho no dia do crime e familiares da indiciada disseram que ela confessou envolvimento na morte. A própria mãe entrega ela”, salienta o delegado.

O inquérito foi concluído na última sexta-feira, com o pedido de prisão preventiva da viúva, decretada pela juíza da Vara Criminal de Sapiranga, Rebecca Roquetti Fernandes. Mãe e filho devem ir a júri. “Provavelmente foi ela quem drogou a vítima e ajudou o Yago a carregá-la da cama até o carro, para ser levada até o local da degola.”

"Vem, vem", insistiu Ledamaris para o filho

De acordo com Branco, Ledamaris declarou que ficou em casa até as 19 horas no dia do crime. “Não estava, conforme testemunhas.” E o marido não teria saído para caminhar por volta das 17 horas. “Ele foi mais cedo, às 15 horas, e logo voltou para casa.” Logo depois, segundo o delegado, a mulher passou a trocar mensagens com o filho, em que pedia desesperadamente para ele ir para a casa. “Vem,vem”, insistia ela. E Yago, que morava sozinho na área central, foi.
“Ela colocou o guri (filho mais novo) na rua para brincar, o Yago botou o carro de ré na garagem e fecharam a portão, o que nunca faziam. Cerca de 15 minutos depois, o carro saiu e quase bateu no muro. Ela foi correndo varrer a garagem, sinal de que o tenente pode ter caído no momento em que foi colocado no veículo”, relata o delegado.

Pelos bens e contra a separação

Mãe e filho teriam articulado a morte do bombeiro por causa dos bens da vítima, como a casa da família no bairro São Luiz, em Sapiranga. “É o principal motivo, mas há também um componente passional, pois o militar estava se separando dela, tanto que já mantinha relacionamento com outra mulher, em Nova Hartz”, observa o delegado. O casal tem um filho menor. Yago é de outro relacionamento de Ledamaris.


Ela foi ao velório

Glaiton Silva Contreira Foto: Reprodução
Ledamaris foi ao velório e enterro do marido, em 28 de outubro, em Rio Grande, cidade natal de Contreira, que era comandante do Corpo de Bombeiros de Montenegro e Taquari. Yago já estava preso no Batalhão de Polícia do Exército, em Porto Alegre. Soldado afastado do 19º Bimtz de São Leopoldo, trabalhava no setor de enfermagem do Hospital de Sapiranga, de onde teria desviado éter e medicamentos para dopar o padrasto.

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