Viúva chamou filho para matar bombeiro militar, diz delegado
Dona de casa presa nesta segunda-feira ajudou o filho a dopar e carregar o tenente no carro até o local onde foi degolado, em Sapiranga, por motivo patrimonial e passional
O assassinato do bombeiro militar Glaiton da Silva Contreira, 52 anos, encontrado degolado há duas semanas em Sapiranga, ganha um contexto ainda mais sinistro. Depois do enteado ser preso e confessar o crime com insólita frieza, a mãe dele, viúva da vítima, é acusada de ajudar no planejamento e execução. Ela foi capturada na tarde desta segunda-feira (8) na casa de parentes em Viamão.
“Informalmente ela nega. Vamos ouvi-la ainda hoje”, declarou, no fim da tarde, o delegado de Sapiranga, Fernando Pires Branco. E revela que a mulher chamou o filho por telefone para casa, no bairro São Luiz, para matar o tenente.
O militar foi dado como desaparecido na tarde de 26 de outubro, quando familiares e colegas bombeiros fizeram o boletim de ocorrência. Conforme a esposa, Ledamaris da Silva Contreira, 42, e o enteado, Yago Rudinei da Silva Machado, 25, o tenente tinha saído de casa para caminhar às 17 horas do dia anterior, um domingo, e não havia retornado. Não atendia o telefone. A mentira começou a ruir no dia do registro, por volta das 19 horas, com a localização do cadáver. Estava com corte profundo no lado esquerdo do pescoço, no fim da Rua Travessão Campo Bom, em área onde se extrai areia para construção, quase no limite com Campo Bom. Estava na lateral da rua, de barriga para cima e braços abertos.
Provas
Detido com conteúdo comprometedor no celular, onde havia pesquisas sobre como matar uma pessoa degolada, o enteado confessou. Mas poupou a mãe. Foi autuado em flagrante e conduzido ao presídio. “A esposa entrou em várias contradições, há mensagens dela para o filho no dia do crime e familiares da indiciada disseram que ela confessou envolvimento na morte. A própria mãe entrega ela”, salienta o delegado.
"Vem, vem", insistiu Ledamaris para o filho
De acordo com Branco, Ledamaris declarou que ficou em casa até as 19 horas no dia do crime. “Não estava, conforme testemunhas.” E o marido não teria saído para caminhar por volta das 17 horas. “Ele foi mais cedo, às 15 horas, e logo voltou para casa.” Logo depois, segundo o delegado, a mulher passou a trocar mensagens com o filho, em que pedia desesperadamente para ele ir para a casa. “Vem,vem”, insistia ela. E Yago, que morava sozinho na área central, foi.
“Ela colocou o guri (filho mais novo) na rua para brincar, o Yago botou o carro de ré na garagem e fecharam a portão, o que nunca faziam. Cerca de 15 minutos depois, o carro saiu e quase bateu no muro. Ela foi correndo varrer a garagem, sinal de que o tenente pode ter caído no momento em que foi colocado no veículo”, relata o delegado.
Pelos bens e contra a separação
Mãe e filho teriam articulado a morte do bombeiro por causa dos bens da vítima, como a casa da família no bairro São Luiz, em Sapiranga. “É o principal motivo, mas há também um componente passional, pois o militar estava se separando dela, tanto que já mantinha relacionamento com outra mulher, em Nova Hartz”, observa o delegado. O casal tem um filho menor. Yago é de outro relacionamento de Ledamaris.