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Notícias | Região Premeditado

Com frieza, enteado confessa morte de bombeiro militar

Antes da localização do corpo do padrasto no bairro São Luiz, em Sapiranga, o indiciado, que é soldado do Exército, mobilizava buscas ao desaparecido e dizia-se preocupado com mensagens de afeto à vítima

Por Silvio Milani
Publicado em: 28.10.2020 às 03:00 Última atualização: 28.10.2020 às 09:23

Como em um álbum de família, Yago publicou fotos com Contreira para comunicar o desaparecimento Foto: Reprodução

Enquanto o bombeiro militar Glaiton da Silva Contreira, 52 anos, estava desaparecido, o enteado Yago Rudinei da Silva Machado, 25, apelava por notícias nas redes sociais. Quando o cadáver do tenente foi encontrado, Yago foi preso e, com frieza, confessou o crime. Motivo: queria parte da casa onde a mãe vivia com o padrasto. O homicídio em família deixou Sapiranga e o Corpo de Bombeiros de luto. Soldado do 19º Bimtz de São Leopoldo, Yago foi conduzido na madrugada de ontem para a carceragem do Exército em Porto Alegre. Yago não morava com a mãe e o padrasto, no bairro São Luiz. Ele vivia sozinho também em Sapiranga.

"Meu pai não é de sumir ele teria uma reunião de trabalho hoje e não compareceu, meu pai nunca faltou nenhum compromisso. Por favor se alguém souber de algo nos avise." O pedido de ajuda, postado na manhã de segunda-feira no Facebook por Yago, era ilustrado por uma foto dele abraçado no padrasto. Na ocorrência do desaparecimento, a informação era que Contreira tinha saído para caminhar, por volta das 17 horas de domingo, não voltou e não atendia o celular, que dava na caixa postal.

As buscas

Yago ajudou a mobilizar buscas, feitas por policiais, familiares, amigos e colegas bombeiros do tenente. Elas acabaram por volta das 19 horas de segunda, quando o corpo foi encontrado na Rua Travessão Campo Bom, bairro São Luiz, em área onde se extrai areia para construção, quase no limite com Campo Bom. Estava na lateral da rua, de barriga para cima e braços abertos. O sangue no chão, segundo o delegado de Sapiranga, Fernando Pires Branco, indicava que o tenente foi golpeado e agonizou até a morte no local. "Ele foi morto aqui", afirmou o delegado, enquanto averiguava a área. Branco já tinha o crime praticamente elucidado, com a confissão informal e provas no celular do enteado, conforme revelado ontem pelo Jornal NH.

'Ele premeditou', afirma delegado Fernando Branco

Na delegacia, o enteado formalizou a confissão. E deu detalhes, "com absoluta frieza", conforme descrição do delegado. "Ele premeditou." O crime foi cometido no fim da tarde de domingo. "A vítima emprestou o carro para o enteado buscar o namorado no aeroporto. Quando a vítima saiu para caminhar, o enteado ofereceu carona, tendo em vista que seria longe de casa. Quando a vítima embarcou, o enteado pegou um pano encharcado com éter, atacou a vítima e a dopou. Em 30 segundos, desfaleceu. O enteado conduziu o carro e esfaqueou a vítima no local onde o corpo foi encontrado", relata o delegado. Yago não morava com a mãe e o padrasto, no bairro São Luiz. Ele vivia sozinho também em Sapiranga.

Desvios no hospital e pesquisas no celular

As provas de premeditação, segundo o delegado, também estão nas duas semanas em que Yago desviou éter e instrumentos cortantes do Hospital de Sapiranga, onde estava estagiando no setor de enfermagem. "Ele desviava o que ia para descarte." Logo após a localização do cadáver, os policiais encontraram conteúdo comprometedor no celular do jovem. "Havia pesquisas na Internet sobre como dar facada em alguém, como fazer exame de sangue após o corpo ser encontrado em decomposição e como colocar éter na boca para desacordar alguém", detalha o delegado.

Surpresa na delegacia

No fim da noite, quando era formalizado o flagrante, a Polícia Civil recebeu contato do Exército. E o delegado recebeu mensagem de um oficial do 19º Bimtz. "Fui informado da situação do reintegrado do Exército Yago. Por se tratar de militar, ele deve ser preso em instituição militar." Branco perguntou sobre a situação do indiciado e o capitão respondeu: "Ele é reintegrado judicialmente. Tem todas as prerrogativas militares." E, durante a madrugada, o Batalhão de Polícia do Exército foi buscar o soldado.

 

Nas redes sociais, um jovem solidário

Yago postava participações em campanhas solidárias, como festa natalina para crianças carentes e doação de sangue. Também nas redes sociais, em julho, criou uma "vakinha on-line" para um tratamento de saúde dele próprio. A doença seria discopatia degenerativa em vértebras cervicais e uma hérnia de disco. Conseguiu R$ 2,5 mil.

Luto oficial na cidade

A prefeita de Sapiranga, Corinha Molling, decretou luto oficial de um dia na cidade. A corporação da vítima publicou nota de pesar. "O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul manifesta o mais profundo pesar pela morte do 1° tenente Glaiton Silva Contreira. O 1° Tenente Contreira incluiu nas fileiras militares em 7 de dezembro de 1989. Natural de Rio Grande, atualmente, o militar estadual Comandava os Pelotões de Montenegro e Taquari, do 2° Batalhão de Bombeiro Militar."

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