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Décimo terceiro salário vai injetar R$ 13,8 bilhões na economia gaúcha

Projeção do Dieese é de redução de 0,8% em relação ao ano passado. Ainda é possível que mudanças em contratos diminuam mais este total

Por Bianca Dilly
Publicado em: 30.11.2020 às 03:00 Última atualização: 30.11.2020 às 09:03

A estudante Morgana Schneck, de Ivoti, já definiu o destino do 13º salário, que será dividido entre o IPVA e as férias Foto: Arquivo pessoal
Quase R$ 14 bilhões podem ser injetados na economia gaúcha até o final do próximo mês. Isso porque até hoje, com o último dia para o pagamento da primeira parcela, o 13º salário começa a cair na conta de 5,4 milhões de pessoas no Estado. A projeção é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que, em um primeiro momento, não aponta diferença significativa em relação ao ano passado. De R$ 13,9 bilhões estimados em 2019, o montante caiu para R$ 13,8 bilhões neste ano, em torno de 0,8% a menos.

Porém, o Dieese alerta que os números podem ser inferiores. O cenário da pandemia, que levou à instituição de medidas como o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, com suspensão temporária de contratos, deve interferir no abono de fim de ano. Além disso, os cálculos não levam em conta profissionais do mercado informal e incrementos na renda.

As contas chegam

Se antes a calculadora e a planilha de gastos já eram importantes, hoje elas viraram melhores amigas de empregados e beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). "Cada um vai ter que olhar pra si e definir prioridades, como pagar o cartão de crédito ou outras dívidas em aberto. É momento de negociar, parcelar, reduzir dívidas", recomenda José Antônio Ribeiro de Moura, economista e professor da Universidade Feevale.

O especialista lembra que muitas contas acabaram sendo adiadas, mas uma hora elas chegam. "Em muitas cidades, tributos como o IPTU e IPVA foram estendidos, postergados para o ano que vem em função da pandemia. Mas a cobrança vem, de qualquer forma. E pode ser que municípios não estejam mais em condições de oferecer o parcelamento", detalha, lembrando que a mudança em gestões municipais pode interferir nos prazos.

No orçamento

Para a estudante Morgana Schneck, 25 anos, de Ivoti, ainda que a primeira parcela do 13º tenha chegado agora, já faz tempo que o abono tem destino definido. "Eu normalmente pego esse valor e repasso para o pagamento do IPVA. Assim, não preciso me preocupar em parcelar durante os primeiros meses do ano", explica.

Mas ela ainda está entre os poucos que conseguem pensar em reservar parte do valor. "O restinho eu uso para aproveitar as férias, porque ninguém é de ferro. Trabalhamos o ano inteirinho e merecemos uns mimos em dezembro", brinca.

A segunda parcela do décimo terceiro deve ser depositada até o dia 20 de dezembro.

 

Números e setores

O levantamento do Dieese aponta que os recursos pagos representam em torno de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do RS. Do total de pessoas que terão acesso ao benefício, mais da metade, 52,9%, são empregados do mercado formal, celetistas ou estatutários. Pensionistas e aposentados do INSS representam outra grande fatia, de 45,2%.

O restante, de 1,9%, pertence ao grupo do emprego doméstico com carteira assinada. No Estado, o valor médio do rendimento é de R$ 2.217,83. Sobre a divisão nos segmentos, 61,4% ficam com assalariados do setor público e privado e 25,8% com beneficiários do INSS. Quanto à distribuição setorial, o setor de serviços tem a maior parcela, de 60,8%.

No Brasil, o rendimento médio é de R$ 2.458 e cerca de 80 milhões recebem o 13º salário, resultando em R$ 215 bilhões até o final de 2020.

Compras e reserva entram no cálculo

De acordo com o economista José de Moura, ainda que maior parte do bolo vá para quitação de dívidas, os consumidores sempre buscam deixar um valor para novas compras. "O que vai aquecer o comércio. Mesmo que com ticket menor, faz parte da nossa cultura presentear os mais próximos."

Depois disso, a dica ainda é tentar guardar uma parte. "Se possível, deixar uma reservinha para alguma emergência. É importante", diz.

Comércio na expectativa

"Os consumidores esperam essa época para fazer uma reforma, deixar a casa mais bonita, comprar os presentes de Natal, então acredito que uma parcela vai se dedicar mais às dívidas, mas uma outra parte vai aproveitar para comprar", diz o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Novo Hamburgo (CDL-NH), Jorge Stoffel.

Por isso, fica a expectativa por boas vendas. "Representa uma grande movimentação na economia e faz com que os lojistas fiquem de olho na liberação, pois é um dinheiro que vem para ajudar a potencializar o poder de compra do consumidor", conclui.

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