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Notícias | Região Vítima da pandemia

'O filho dele terá a certeza de que o pai foi um herói', diz irmã de médico morto por Covid-19

João Barcelos Laureano Júnior, 43 anos, não resistiu após oito dias hospitalizado no Hospital São Francisco, de Parobé

Por Bruna Mattana
Publicado em: 19.12.2020 às 17:38

João com a esposa Rafaela Foto: Arquivo pessoal
Aos 43 anos, o médico emergencista João Barcelos Laureano Júnior não resistiu à reincidência da Covid-19 e morreu na última quinta-feira (17). Ele estava há oito dias hospitalizado no Hospital São Francisco, em Parobé. Com 15 anos de profissão, quase todos dedicados ao atendimento de emergência, Laureano Júnior deixa o filho de três anos, Heitor, a esposa e técnica em enfermagem, Rafaela Ribeiro, e a enteada Isabela. Ele atuava na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), na ala destinada a pacientes com Covid-19, do Hospital São Francisco de Assis, em Parobé.

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"O mano se formou na segunda turma de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2005. Ele serviu, por um ano, como médico tenente do Exército, em Uruguaiana, após a formatura. Em seguida atuou no litoral, mas se realizou mesmo quando veio para a emergência do hospital de Gravataí, onde ficou por seis anos. Depois foi para o Samu e emergência do hospital de Taquara e, por último, estava na emergência do hospital de Parobé", conta a irmã, a advogada Simone Weiler Laureano, 42.

Ela ressalta que o irmão chegou a realizar atendimentos clínicos, mas o que gostava mesmo era da emergência. "Ele sempre se dedicou muito ao trabalho. Natal, Ano Novo, Carnaval, sempre passava no hospital. Ele dizia que as pessoas precisavam ter um médico ali, disponível, nessas datas. O mano sempre se preocupou mais com os outros do que com ele mesmo. Tinha um atendimento humanizado e era querido por todos: colegas, enfermeiros, funcionários do hospital", relata Simone.

Segundo a irmã, o médico deixava amizade e carinho por onde passava. "Ele tinha um carisma que cativava. Sempre muito brincalhão. Recebi inúmeras manifestações de carinho de profissionais de várias partes do Estado. Recebi mensagens das turmas de medicina da UFRGS, de diversos amigos. Apesar de trabalhar muito, o João sempre foi um pai amoroso. O filho dele terá a certeza de que o pai foi um herói."

Simone conta que, durante a pandemia, o irmão sempre esteve atuante. "Ele se afastou em setembro, por um período, quando pegou Covid pela primeira vez. Lembro que quando começou a pandemia ele disse: 'Eu não vou arredar o pé da trincheira'. Foi opção dele ficar na UTI da Covid. Ele dizia que era uma doença desconhecida e ele tinha experiência, mas queria aprender mais, queria ajudar as pessoas."

Homenagem

Na última sexta-feira (18), uma homenagem foi realizada pela equipe do Samu de Taquara ao médico. Em carreata, as viaturas seguiram até a Praça Marechal Deodoro onde foram acionadas  as sirenes por um minuto. Na ocasião, os profissionais levaram cartazes de alerta à comunidade, com dizeres como: “A Covid não escolhe a vítima”, “Perdemos um soldado, mas não a guerra”, “Continuaremos na linha de frente por todos nós” e “Samu Taquara de Luto”.

Dados do Rio Grande do Sul

De acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado (SES) divulgados neste sábado (19), 21.176 profissionais da saúde do RS foram atingidos pela pandemia. Em números gerais, 405.598 gaúchos já foram infectados pela Covid-19 e 8.072 morreram. E, a taxa de ocupação de leitos UTI Adulto no Rio Grande do Sul está em 82,4%.

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