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Notícias | Região Investigação

Ministério Público e Polícia Civil apuram o que causou pane em Campo Bom

Seis pessoas morreram após falha no sistema de oxigênio do Hospital Lauro Reus

Por Débora Ertel e Matheus Chaparini
Publicado em: 22.03.2021 às 04:00

Hospital Lauro Reus, em Campo Bom, enfrentou problemas na distribuição de oxigênio na sexta-feira, dia 19 Foto: Carlos Rissotto/ GES-Especial
Após a morte de seis pessoas por falha no sistema de oxigênio do Hospital Lauro Reus, em Campo Bom, na manhã da última sexta-feira, há pelo menos três investigações em curso: uma da Polícia Civil, outra do Ministério Público (MP) e uma terceira do própria casa de saúde, uma sindicância interna. Entretanto, ainda não se sabe o que ocasionou o problema.

"O foco é descobrir a causa, o motivo da pane, e se houve de fato desabastecimento ou falha do sistema", revela a promotora Letícia Elsner Pacheco, que abriu inquérito. O MP aguarda para esta semana as informações da sindicância, eventuais perícias do IGP e as oitivas de testemunhas, por parte da Polícia Civil e um relatório da empresa Air Liquide, fornecedora de gás contratado pelo hospital, explicando porque o sistema desestabilizou. No sábado, o delegado Clóvis Nei da Silva informou que recebeu os atestados de óbito de duas vítimas.

Backup foi acionado

A empresa Air Liquide Brasil informou que cabe à unidade de saúde gerir seu estoque, mas que mantém os tanques monitorados por telemetria. Diante da possibilidade de níveis críticos, um alarme é acionado para que seja ativado o back up: um conjunto de cilindros de reserva. De acordo com a empresa, as equipes dos cliente são treinadas para fazer esse acionamento.

"O backup de oxigênio do Hospital Lauro Reus precisou ser utilizado e a equipe de manutenção da instituição solicitou apoio da Air Liquide para o correto acionamento da central, pedido que foi prontamente atendido", diz trecho da nota. A empresa informa que o abastecimento de oxigênio foi "imediatamente restabelecido''.

Tristeza e revolta

Malsia Mauser, 49 anos Foto: Reprodução
"Ela já tinha vencido a doença. Não dá para acreditar no que aconteceu". É assim que Tábata Mauser, 31 anos, descreve a revolta da família depois que foi comunicada da morte da mãe, Malsia Beatris Mauser, 49 anos. Ela está entre os seis pacientes que morreram na sexta-feira após uma pane no sistema de distribuição de oxigênio. Malsia foi sepultada na manhã de sábado no Cemitério Municipal de Campo Bom, cidade onde sempre morou.

Descrita como uma pessoa saudável, ativa e trabalhadora, estava internada há cerca de 15 dias. Um dia antes da morte, a família tinha recebido informações animadoras do médico que cuidava de Malsia. "Ela não tinha mais febre, nem asma, e iam desentubar ela. O doutor nos passou que ela estava bem, já tinha passado pelo pior", conta o outro filho da moradora de Campo Bom, Maiki Mauser, 33.

No entanto, as expectativas de poder falar com a mãe novamente não se tornaram realidade. Quando a família chegou ao hospital, a primeira informação foi de que não teria acontecido nada com Malsia, o que mudou por volta do meio-dia. Para Tábata, o episódio trágico retrata uma falta de preparo da gestão do hospital. Malsia deixa marido, três filhos, cinco netos e um sexto a caminho, pois Tábata está grávida de cinco meses. "É lamentável o que aconteceu com a minha mãe e com essas famílias. Não tem nem o que falar. É muito triste", declara.

De acordo com a assessoria de imprensa do Lauro Reus, não serão emitidas novas notas oficiais até a conclusão da sindicância. A entidade afirma se solidarizar com as famílias que perderam entes queridos desde o início da pandemia.

Quem eram as vítimas

Fernando Cora da Silva, 39 anos
Deixa esposa, mãe e irmãos. Sepultado no Cemitério Municipal de Campo Bom.

Malsia Beatris Mauser, 49 anos
Deixa pais, três filhos, marido e netos. Sepultada no Cemitério Municipal de Campo Bom.

Suraí Silva da Silva, 51 anos
Deixa mãe, esposa, quatro filhos e uma neta. Sepultado no Cemitério Municipal de Campo Bom.

Carmen de Fátima Liczbinski, 67 anos
Sepultada no Memorial Krause, em Novo Hamburgo.

Zeli Maria Dias, 59 anos
Velada em Campo Bom e sepultada em Coronel Bicaco, na região das Missões.

Heloina Diesel, 66 anos
Deixa mãe, dois filhos e neta. Sepultada no Cemitério Católico de Campo Bom.


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