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Idosos estão na mira de um novo golpe na região

Delegada alerta para ação de supostos funcionários de agências bancárias que fazem primeiro contato com as vítimas por telefone

Por Renata Strapazzon
Publicado em: 29.03.2021 às 03:00 Última atualização: 29.03.2021 às 14:01

Delegada alerta para ação de supostos funcionários de agências bancárias que fazem primeiro contato com as vítimas por telefone Foto: Reprodução
Idosos devem ficar atentos a um novo golpe que está sendo passado de forma recorrente a moradores de São Leopoldo. Estelionatários que agem como supostos funcionários de agências bancárias têm conseguido, por meio de uma conversa bem treinada e artimanhas que despertam falsa sensação de credibilidade, senhas e até mesmo cartões das vítimas.

A semelhança entre uma série de ocorrências registradas chamou a atenção da titular da 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP), Cibelle Savi, que pede para que as pessoas tenham atenção redobrada com o tipo de informação que passam para desconhecidos por telefone.

Segundo a delegada, o suspeito liga para a vítima perguntando se ela fez uma determinada compra no cartão do banco. Quando a vítima responde que não realizou nenhuma compra, o estelionatário informa que a pessoa está sendo vítima de alguma fraude. A partir daí, o suposto funcionário do banco avisa que iniciará alguns procedimentos de segurança como, por exemplo, confirmar dados pessoais, além de solicitar que seja feita uma carta endereçada ao gerente a fim de cancelar a compra.

No final, os criminosos solicitam a entrega dos cartões para um segundo funcionário do banco que irá até a residência da vítima. Geralmente é dito para as vítimas conferirem o crachá do suposto funcionário.

Senha

"Quanto à senha do cartão, eles solicitam no meio da ligação, pedindo para a pessoa segurar o botão asterisco e falar a senha. Também podem pedir para que a pessoa digite no telefone, e assim eles conseguem identificar os números digitados. Outras vezes solicitam para a vítima escrever a senha em um papel e entregar junto com os cartões", comenta a delegada.

Além disso, é pedido que os cartões sejam quebrados no meio para a entrega ao suposto funcionário da agência, o que passa uma falsa confiança de que o cartão está inutilizado, contudo, o chip se mantém intacto, bem como o número de segurança no verso do cartão do banco, o que permite aos estelionatários realizarem transações.

 

Ligação

"Há ainda mais um detalhe importante: depois que eles ligam para o telefone fixo da vítima, pedem para que ela ligue ao 0800 que está no verso do seu cartão do banco. Com isso, a pessoa desliga a chamada, mas o golpista não, e a linha não cai. A vítima acredita que ligou para o 0800 do banco, mas na realidade a chamada permaneceu em curso. Eles fazem de conta que atendem, colocam uma musiquinha de banco ao fundo, e fingem o atendimento. Aí, informam que a vítima deve entregar seus cartões para a pessoa que irá buscá-los", explica Cibelle.

Em alguns casos, os golpistas mantêm a vítima no telefone até que o outro estelionatário chegue na sua casa para buscar os cartões, outras, pedem que as vítimas mantenham seus telefones desligados até a entrega dos cartões, como medida de segurança.

Conforme Cibelle, a cada dia, pelo menos um registro deste tipo de golpe é feito na DP. Com investigação em andamento, segundo ela, são seis casos no momento. "Infelizmente não conseguimos investigar todos os casos que aportam nesta delegacia, e, por isso, a colaboração da comunidade é tão importante, porque toda a informação nestes casos é válida."

De acordo com a delegada, nos casos que estão sendo investigados, todas as vítimas tiveram o dinheiro que tinham em suas contas sacado, empréstimos consignados realizados com os dados, PIX enviados a terceiros, geralmente para contas virtuais de difícil identificação e compras realizadas em estabelecimentos comerciais, esgotando toda aquela fonte de recurso com os meios disponíveis. “O prejuízo é enorme”, pontua.

Grupo de risco

Conforme a delegada, a grande maioria dos casos ocorre com pessoas com mais de 60 anos e que acreditam estar recebendo um atendimento especial por pertencerem ao grupo de risco da Covid-19. Moradora do bairro Campina, uma idosa de 62 anos que prefere não ser identificada, por pouco não caiu no golpe. No início deste mês, numa ligação para o celular dela, uma pessoa se passando por funcionário do banco avisava sobre supostas compras feitas com o cartão dela em um site da Internet.

“Deram dados certos de número de agência, conta e nome do banco. Como sou eu quem controla as conta dos meus pais, já os tinha orientado a não passarem nenhum tipo de dado por telefone. Ela ficou muito assustada, mas pediu para retornarem depois porque era o filho quem administrava a conta. Ninguém jamais retornou, pois sabiam que lidariam com uma pessoa mais nova. Acredito que a tentativa deles é com pessoas de mais idades, inocentes”, conta o filho da idosa, de 38 anos.

Segundo ele, há seis anos a família já tinha sido vítima de estelionato, quando terceiros realizam um empréstimo de R$ 800 no nome do pai dele, que é aposentado. “Naquela oportunidade conseguiram sacar o dinheiro. Registramos o boletim de ocorrência, precisamos contratar um advogado e levamos quase um ano para reaver o valor sacado. Acabou servindo de aprendizado”, lembra.

Criminosos uniformizados e de crachá

Um dos alertas que a Polícia faz é que os criminosos usam artifícios para ludibriar as vítimas. Geralmente estes homens e mulheres que vão até as casas das vítimas para retirar os cartões vestem uniformes das empresas, ostentando, inclusive, crachás com nomes e funções fictícias.

“Já tivemos casos nos quais se identificaram como servidores do Banrisul e também do Banco do Brasil, por exemplo. Em geral, apenas uma pessoa vai até à vítima retirar o cartão. Já temos algumas imagens de suspeitos, mas infelizmente ainda não os identificamos”, afirma Cibelle.

Como se proteger do golpe

- Desconfie quando receber qualquer ligação informando ser de agência bancária ou administrador de cartão de crédito. Se possível, peça para alguém que está com você entrar em contato com seu gerente de conta e confirmar a necessidade de atendimento e além disso, chame imediatamente a polícia.

- Nunca passe a senha pessoal do cartão para ninguém;

- Não entregue o cartão do banco para ninguém. O banco nunca irá até sua casa pedir seu cartão;

- Caso alguém compareça na sua casa em situação semelhante à narrada nesta reportagem, fique atento a todas as informações possíveis: repare nas pessoas, eventuais tatuagens, sinais de identificação, se estão de carro, qual a placa, e comunique imediatamente a polícia. Isso é de grande valia no momento da investigação

Sapiranga também alerta para casos

Em Sapiranga, estelionatários também estão se passando por agentes bancários e estão ligando para as pessoas para informá-las que tiveram seus cartões do banco clonados. Dito isso, eles pedem os dados do cliente (com a justificativa de que precisam dos mesmos para solucionar os problemas referentes à clonagem) e falam que um funcionário do banco irá até a casa da pessoa para pegar o cartão inválido até que chegue um novo. As vítimas, em sua maioria idosos e aposentados, relatam que o golpista chega na residência usando um crachá de identificação, como se fosse mesmo um agente bancário.

Com o cartão em mãos, os criminosos fazem saques, empréstimos e compras de alto valor, como fossem os titulares da conta. A coordenadora do Procon, Lúcia Santos, procurou a Delegacia de Polícia de Sapiranga para relatar a situação. Os agentes da Polícia Civil se colocaram à disposição das vítimas e já estão atuando na busca pelos estelionatários.

O Procon pede que a comunidade cheque com seu banco caso alguém ligue se passando por um funcionário (para assegurar que é uma ligação legítima) e alerta para que não repassem nenhum dado pessoal ou bancário através do telefone, a fim de que danos futuros sejam evitados.


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