Publicidade
Notícias | Região Pandemia

Chegada do feriadão de Páscoa preocupa profissionais de saúde

Ocupação hospitalar apresenta tendência de leve queda, mas hospitais seguem superlotados

Por Matheus Chaparini
Publicado em: 31.03.2021 às 03:00 Última atualização: 31.03.2021 às 07:32

UTI do Hospital Municipal de Novo Hamburgo teve redução, mas ainda acima dos 100% Foto: Lu Freitas/PMNH
Nas últimas duas semanas, alguns indicadores da Covid-19 vêm apresentando uma tendência de redução. No Estado, se percebe queda na ocupação de leitos clínicos. Na região de Novo Hamburgo, que abrange 15 municípios e 11 hospitais, uma variação mais tímida é percebida desde o dia 22.

Mas há um risco. O temor de especialistas em saúde é que essa leve oscilação nos indicadores leve a uma falsa sensação de tranquilidade em relação à pandemia.

Leia notícias sobre coronavírus

Ainda que se observe uma tendência de redução, a ocupação hospitalar ainda está próxima ou acima dos 100%. Especialistas avaliam que um nível razoável dos hospitais seria em torno de 80%, levando em conta que há sempre o risco de novos surtos, que demandem muitas internações rapidamente.

Para quem atua na linha de frente ou precisa administrar um hospital, a variação dos dados é um respiro. Mas o nível da água ainda está acima do pescoço.

Tânia Terezinha da Silva Foto: Karina Moraes / PMNH
"Na prática, significa que estamos com todos os leitos normais cheios. O que a gente não está é com 130%, que são as macas improvisadas. Tem um achatamento, mas é lá em cima, em um padrão acima de 100%", analisa a diretora-presidente da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo, Tânia Terezinha da Silva.

Tânia afirma que cada vez mais os pacientes que chegam para atendimento no Hospital Municipal são casos graves ou gravíssimos, que demandam entubação.

Além da estrutura física colapsada, a gestora destaca que os profissionais também estão próximos dos limites físico e psicológico. A chegada de mais um feriadão preocupa os profissionais de saúde.

"As equipes ficam tensas, preocupadas, pensando como será daqui a sete, dez dias. Todo planejamento de insumos e oxigênio nós temos, mas não podemos aumentar mais esse atendimento. Estamos praticamente implorando para as pessoas terem consciência", desabafa.

Engajamento necessário

Professora Juliane Fleck. mestrado em virologia Feevale Foto: Divulgação Feevale
Para a coordenadora do mestrado em Virologia da Feevale, Juliane Fleck, os dados apresentam uma tendência ainda "bastante tênue" de queda e é necessário um maior engajamento da população para uma melhora mais significativa do cenário.

"O aumento das restrições pode ter contribuído para essa variação. Mas, ao mesmo tempo, a gente percebe que ainda existe uma resistência grande da população a acatar essas medidas. Se a gente tivesse um engajamento maior, talvez agora a gente pudesse observar uma melhora mais significativa", avalia.

Juliane mostra preocupação em relação aos encontros familiares de Páscoa e alerta que não são só aglomerações com grande número de pessoas que oferecem risco.

"Pessoas que não convivem na mesma residência se encontrando já é o suficiente para aumentar a disseminação do vírus."

112% era a ocupação das UTIs ontem à tarde na região de Novo Hamburgo

Eram 191 pacientes em estado grave ou gravíssimo internados para os 170 leitos de terapia intensiva da região 07, que compreende 15 municípios e 11 hospitais.

A ocupação dos leitos clínicos teve redução, mas ainda opera acima do limite. A ocupação chegou a 126,5% no dia 22 de março. Ontem, a taxa era de 102,8%.

Operação conjunta para evitar festas clandestinas

Ráfaga Fontoura Foto: Divulgação
Onde faltar conscientização, deve ter fiscalização. Novo Hamburgo prepara ações para evitar a realização de festas clandestinas.

"Já temos ciência de festas clandestinas sendo organizadas em grupos de Whatsapp e mesmo divulgadas pelo Instagram. Temos algumas operações planejadas no fim de semana, mas não posso dar detalhes porque são ações que envolvem inteligência", afirma o secretário municipal do Meio Ambiente e chefe da central de fiscalização, Ráfaga Fontoura.

Ele afirma que a fiscalização percebe um padrão nas festas clandestinas no município. Geralmente, os eventos ocorrem em alguma casa ou sede de clube, em bairros distantes do Centro, mas dentro da área urbana. Há festas com público de mais de cem pessoas, mas o mais comum é de 30 a 50 participantes.

Em relação às atividades comerciais, será mantida a mesma fiscalização do dia a dia. A central projeta uma redução da circulação de pessoas na cidade em razão do feriado estendido.

"Acreditamos em um êxodo da cidade para as praias, o que vem ocorrendo nos últimos feriados. A tendência é de maior número de pessoas nas praias, que depois voltam contaminadas. Essa é a nossa preocupação", conclui Fontoura.

 

Quase 300 eventos fechados em um mês no RS

Desde que o Rio Grande do Sul entrou na bandeira preta, o Governo do Estado mantém a Operação Te Cuida RS.

Questionada se haveria reforço na fiscalização durante o feriadão, a assessoria de imprensa do Governo do Estado informou que as medidas seguem as mesmas.

"As medidas apresentadas no lançamento do protocolo seguem as mesmas, tendo em vista que, mesmo com o retorno da cogestão, o Estado se mantém com alto risco de contágio da Covid-19", informa nota.

Dados da Operação Te Cuida RS (de 25 de fevereiro a 28 de março):

6.279 locais fiscalizados

295 festas clandestinas encerradas

3.049 ocorrências de dispersão de aglomerações

123 detidos por descumprimento das medidas preventivas

7.171 denúncias recebidas

38.240 pessoas abordadas para orientação

 

Estado reduz ocupação de leitos clínicos

No estado, a ocupação de leitos fora de UTI para casos de baixa ou média complexidade apresenta redução ao menos desde a metade de março. Até o dia 18, a ocupação variava acima dos 80%. Os gráficos mostram uma leve queda a cada dia, chegando ontem a 58,7%.

Em relação aos leitos de UTI, a situação é mais complicada. A ocupação dos leitos SUS chegou a 100,3% no Estado em 17 de março. Desde então, se mantém próxima do limite. Ontem à tarde, 94,8% dos leitos de UTI SUS no Estado estavam ocupados.

Os leitos de UTI privados seguem superlotados. No fim da tarde de ontem, a taxa de ocupação era de 122,8%. Os profissionais alertam que com mais pacientes do que a capacidade, o atendimento pode ficar prejudicado.


Receba notícias diretamente em seu e-mail! Clique aqui e inscreva-se gratuitamente na nossa newsletter.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Encontrou erro? Avise a redação.
Publicidade
Matérias relacionadas

Olá leitor, tudo bem?

Use os ícones abaixo para compartilhar o conteúdo.
Todo o nosso material editorial (textos, fotos, vídeos e artes) está protegido pela legislação brasileira sobre direitos autorais. Não é legal reproduzir o conteúdo em qualquer meio de comunicação, impresso ou eletrônico.