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Notícias | Região Papai parteiro

Homem ajuda esposa a dar à luz a caminho do hospital de Dois Irmãos: 'Quase infartei'

Casal de Novo Hamburgo chegou a ser atendido no Hospital Municipal, mas foi encaminhado para o Hospital São José. Bebê não aguentou esperar e nasceu dentro da ambulância

Por Joyce Heurich
Publicado em: 19.04.2021 às 19:10

Miguel nasceu a caminho do hospital em Dois Irmãos Foto: InezioMachado/GES

O pequeno Miguel mal saiu da barriga da mãe e já tem história para contar. É que o nascimento dele não foi nada convencional. Apressadinho, ele ainda estava na ambulância, a caminho do hospital, na entrada da cidade de Dois Irmãos, quando decidiu vir ao mundo. Foi na manhã de domingo (18). O pai, que acompanhava a esposa, foi pego de surpresa e precisou improvisar: fez as vezes de parteiro.

"Na hora foi tudo muito rápido, automático. Depois, achei que ia infartar, quase infartei", relata Edson Fraga da Silva, de 37 anos.

Operador de retroescavadeira, ele não tinha experiência e teve de agir no instinto. "Ela começou a gemer mais alto, até que ela disse: 'não vou aguentar, vai nascer'. Quando eu olhei, a cabeça do nenê já estava metade para fora", conta.

Deu tempo apenas de colocar um avental sobre a maca para enrolar o bebê e, instantes depois, Miguel já estava em suas mãos. Ele nasceu dentro da ambulância, pesando 3,2 quilos, às 5h55 do dia 18 de abril.

"Quando botaram o Miguel em cima de mim, sabia que o pior já tinha passado. Mas chegar ali foi um desespero", define a comerciante Aline Lugosh, de 31 anos, mãe de Miguel. Veja relato do casal no vídeo abaixo.

Família reunida

No Hospital São José, em Dois Irmãos, o recém-nascido e a mãe foram acolhidos pela equipe. Os dois passavam bem. Já o pai precisou de mais tempo para se recuperar do baque. "Isso foi passar só às 10 horas da manhã, adrenalina lá em cima, coração acelerado", lembra.

Nesta segunda-feira (19), a família foi liberada para voltar para casa. Com 1 dia de vida, Miguel conheceu os irmãos Joaquim Lugosh Fraga, de 3 anos, e Gustavo Henrique Lugosh dos Santos, de 12. Agora, todas as atenções estão voltadas ao mais novo integrante da família, que tirava um sono tranquilo em seu berço de madeira, na sala de casa, durante a tarde.

Ao ver a cena, o casal respira aliviado. "Agora, o Miguel graças a Deus está bem. Mas poderia ter sido uma tragédia", observa Aline.

Miguel nasceu saudável, com 3,2 quilos Foto: Arquivo pessoal

'Foi um risco corrido'

Embora a história tenha tido um final feliz, o casal considera que a situação foi arriscada e poderia ter sido evitada. É que antes de se deslocar para Dois Irmãos, a família, que mora no Bairro Canudos, em Novo Hamburgo, chegou a procurar o Hospital Muncipal (HMNH), que se negou a fazer o parto. 

Era ainda madrugada quando a bolsa de Aline rompeu. Pouco depois das 4 horas da manhã de domingo, o casal foi deixado pelo irmão de Edson no hospital. Aline conta que chegou a receber atendimento, mas como seu cartão SUS era de Dois Irmãos, o HMNH informou que não poderia realizar o parto e que ela deveria procurar o Hospital São José.

"Como eu estava em trabalho de parto, eles teriam que ter feito porque eu não podia esperar tantas horas. As outras gestações já foram partos normais, então, a terceira gestação não ia demorar a acontecer", avalia Aline.

Por volta das 5h30, a gestante ganhou alta e uma ambulância foi colocada à disposição do casal para fazer o trajeto de aproximadamente 20 minutos até a outra instituição. Nesse meio tempo, Miguel nasceu.

Um técnico de enfermagem acompanhava o casal dentro do veículo. Conforme Edson, ele estava sentado ao lado do motorista e não participou ativamente do trabalho de parto.

"Estavam mais apavorados que eu. Ele disse: 'só puxar pai', mas estava só parte da cabeça para fora. Pedi para ela ajudar e fazer força, até que o bebê veio. Não tinha nem tesoura na ambulância para cortar o cordão umbilical", reclama Edson.

Em seguida, a ambulância chegou ao hospital, mas parou em frente à recepção que estava fechada. Edson, então, saiu a pé procurando a entrada correta e, segundo ele, precisou orientar o motorista. 

"A alegria é muito grande por ter conseguido dar conta do recado todo, mas a preocupação também era muito grande, né? Porque nasceu num ambiente totalmente diferente, dentro da ambulância, foi um risco corrido", pontua Edson. "Hoje, a gente está rindo da situação, mas podia estar chorando", acrescenta.

O que diz a FSNH

Por meio de nota, a direção da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH) informou que a grávida "apresentava sinais regulares e o quadro estável necessário para a transferência segura ao local de referência conforme o Cartão do SUS da usuária". Leia a nota na íntegra abaixo.

A fundação reforça que o Hospital Municipal de Novo Hamburgo é referência na região para partos de alto risco, inclusive com suporte de UTI Neonatal, mas que esse "não era o caso da gestante em questão".

"O parto não foi realizado porque naquele instante não era de gravidade, nem de urgência, pois segundo avaliação do médico ou médica obstetra, haveria tempo para fazer a remoção para o município de origem que seria Dois Irmãos. Como era turno noturno, noite, fica difícil nesse momento entrar na especificação", afirma a diretora-presidente da FSNH, Tânia Terezinha da Silva.

O técnico de enfermagem que acompanhou o casal na ambulância confirma que estava no banco frente, mas alega que, depois, foi para o banco de trás do veículo e passou a orientar Edson. O profissional terá o nome preservado nesta reportagem.

"A gente conversou com o pai, que, orientado, puxou a criança, a criança nasceu. Estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço, parto normal. A criança chorou. A gente já estava chegando no hospital de Dois Irmãos, onde a gente já entrou na emergência e já passamos para o enfermeiro de plantão", relata. O técnico confirma que o cordão umbilical só foi cortado no hospital.

Sobre a ambulância ter estacionado em frente à recepção fechada, antes de se dirigir à emergência, a FSNH não se manifestou.

Nota da FSNH

"De acordo com a Direção da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), o Setor de Obstetrícia do Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH) atendeu e avaliou a gestante no domingo, dia 18.

A grávida, que conforme relato fez o pré-natal na rede particular, apresentava sinais regulares e o quadro estável necessário para a transferência segura ao local de referência conforme o Cartão do SUS da usuária. A FSNH informa que foram seguidos os protocolos de atendimento e foi feito contato prévio com a outra instituição, de modo a assegurar a remoção até Dois Irmãos.

É importante ressaltar que o HMNH é referência para partos de alto risco, inclusive com suporte de UTI Neonatal. Conforme a FSNH, não era o caso da gestante em questão, que sequer apresentava estar em trabalho de parto segundo a avaliação médica.

Conforme o técnico em Enfermagem que acompanhou o parto dentro da ambulância, no caminho para o hospital de Dois Irmãos, a criança nasceu com saúde e de parto natural. Mãe e bebê estão estáveis e passam bem."


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