É de Campo Bom o primeiro caso registrado de reinfecção por SARS-CoV-2 (vírus causador da Covid-19) sendo a primeira infecção pela variante P.1 e, depois, pela variante P.2. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (19) pelo Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, integrante da Rede Corona-ômica BR-MCTI. Segundo o coordenador do laboratório e professor do mestrado em Virologia da Feevale Fernando Spilki, o resultado do estudo é inédito no mundo. "Nós ainda não tínhamos visto nenhum relato de reinfecção por duas dessas variantes mais novas", afirma.
O professor Spilki reforça o achado da reinfecção pela variante P.2. “Por ser a primeira reinfecção detectada por estas duas variantes no mundo, o que chama atenção é de que são duas variantes com algumas mutações similares na proteína "Spike", o principal alvo dos anticorpos formados contra o SARS-CoV-2”, completa.
"É importante para que a gente fique alerta em relação a essa possibilidade. Um indivíduo que apresenta sinais clínicos, mesmo que tenha se infectado no passado, a reinfecção pode ocorrer", observa Spilki.
A descrição completa dos resultados está disponível na Internet. As sequências genômicas foram disponibilizadas em bancos de dados internacionais. A Rede Corona-ômica BR-MCTI é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para monitorar a variação genética do SARS-CoV-2 no território nacional.
A análise sugere ainda que a variante P.1, identificada primeiramente em Manaus, no norte do País, chegou ao Rio Grande do Sul mais cedo do que se pensava. A partir do resultado obtido na análise das amostras desse paciente de Campo Bom, constatou-se que a primeira infecção no Estado pela cepa foi ainda em novembro de 2020, cerca de dois meses antes da disseminação de forma intensa nas cidades gaúchas.
O estudo não conseguiu determinar a fonte exata de transmissão dessa variante porque, até onde foi possível investigar, o paciente analisado manteve contato com outras pessoas infectadas nos dias anteriores à coleta do material.
Estudos adicionais foram feitos na tentativa de detectar a P.1 em outras amostras no mesmo período e região do paciente, mas verificou-se que esse foi um caso isolado.
O professor Spilki afirma que esse caso precoce de P.1 não deve ter sido o causador da sua disseminação no Estado. Conforme investigações complementares feitas pelo grupo de pesquisa, “a P.1 só veio a se alastrar, mesmo, de final de janeiro em diante, ou seja, fatores sociais como veraneio, carnaval, entre outros, devem ter influenciado esse quadro”, explica.
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