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Notícias | Região Imunização

Como a segunda dose virou o problema da vez

Novas remessas devem chegar nesta sexta-feira, mas fato de que cidades tiveram que interromper aplicação motiva mobilização regional

Por Joceline Silveira
Publicado em: 23.04.2021 às 03:00 Última atualização: 23.04.2021 às 07:29

Cidades da região aguardam chegada de novo lote Foto: Matheus Chaparini/GES-Especial
A aplicação da segunda dose de CoronaVac contra a Covid-19 foi interrompida em pelo menos três municípios da região nesta semana devido ao esgotamento dos imunizantes. Em meio a uma mobilização regional pedindo novas remessas, está prometida para hoje a chegada de novas vacinas ao Estado.

Uma das preocupações é com os prazos. No caso da CoronaVac, da Sinovac e Instituto Butantan, o tempo entre a primeira e a segunda dose é de 14 a 28 dias. Já na AstraZeneca, Universidade de Oxford e Fundação Oswaldo Cruz, o período de espera é de 3 meses.

Sem reserva

No início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, o Ministério da Saúde recomendou que os Estados e municípios guardassem os imunizantes destinados à segunda dose. No entanto, no fim de março, o Ministério da Saúde mudou a orientação e liberou o uso das vacinas armazenadas para uso como 1ª dose.

Chegando hoje

O Ministério da Saúde confirmou ontem que a remessa de vacinas que será enviada ao Rio Grande do Sul terá 242.940 doses de imunizantes contra a Covid-19. O lote deve chegar ao Estado nesta sexta, às 6h05.

A Secretaria Estadual de Saúde pretende iniciar a distribuição das 192.750 doses da AstraZeneca e das 50,2 mil doses da CoronaVac até amanhã.

Interrupções na região

Em Ivoti, aplicações que estavam previstas para ontem foram suspensas e devem ocorrer na próxima semana. "Estamos aguardando a complementação das doses do Estado para poder vacinar a todos", informou a prefeitura nas redes sociais.

Enquanto espera nova remessa de vacinas para retomar os drives diários, a Secretaria Municipal de Saúde de Novo Hamburgo liberou terça-feira o agendamento da primeira dose contra a Covid para pessoas com 62 anos. De acordo com a Prefeitura, até segunda-feira, 82% de todas as doses recebidas já haviam sido aplicadas na cidade, 57.795 doses.

Em Picada Café a situação se repete. A Secretaria da Saúde informou que ainda não recebeu as segundas doses para as pessoas que fizeram a primeira nos dias 24 ou 27 de março. "Vale lembrar que Picada Café concluiu o ciclo de vacinação da primeira dose em idosos com 60 anos ou mais, totalizando 1.147 pessoas vacinadas - 20% da população", informou nota.

 

Mobilização regional cobra do Ministério

A situação do esgotamento de vacinas para a segunda dose está motivando mobilização regional e estadual. Ontem o governo do Estado divulgou comunicado:

"A Secretaria da Saúde e o Conselho das Secretarias Municipais da Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems/RS), preocupados com o atraso do cronograma de envio das vacinas contra a Covid-19 do Ministério da Saúde aos Estados, irão enviar um ofício ao governo federal para cobrar agilidade no abastecimento de vacinas da CoronaVac para cobrir as segundas doses de quem já recebeu a primeira aplicação há 28 dias ou mais. São mais de 300 mil gaúchos que já fecharam ou estão prestes a fechar o período recomendado", diz nota. A decisão foi tomada em reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) ontem.

"Sabemos que esse problema não é exclusividade do RS. Mas precisamos cobrar do Ministério da Saúde o envio ágil dessas doses, para que possamos concluir o esquema vacinal destas pessoas. Esperamos que o Butantan consiga recuperar o tempo perdido e recomece a produção em escala para fazer novas entregas o mais rapidamente possível", disse a secretária da Saúde, Arita Bergmann.

A previsão de aplicações

Novo Hamburgo

Segue o agendamento nas unidades para pessoas de 62 anos ou mais.

Campo Bom

O prefeito Luciano Orsi informa que o município está na expectativa da chegada de novas doses.

Dois Irmãos

Segunda dose para pessoas com 70 anos ou mais, das 8 às 13 horas. Formato drive-thru, na Praça do Imigrante, com entrada pela Rua Gramado e saída pela Avenida 25 de Julho.

Estância Velha

Hoje permanece a vacinação de pessoas com 60 anos ou mais e também de pessoas com 59 anos que tenham comorbidades. As oito salas de vacinação, nos postos de saúde, abrem das 8 às 16h30 para imunizar a população. É preciso agendar previamente. Fecham das do meio-dia às 13 horas.

Igrejinha

Das 8 às 16 horas, no Parque de Eventos Almiro Grings (Parque da Oktoberfest), ocorre a vacinação da segunda dose para idosos de 70, 71, 72, 73, 74, 75 e 76 anos em formato drive thru de vacinação.

Ivoti

O município aguarda nova remessa para a aplicação da segunda dose.

Parobé

A cidade só anunciará o retorno da vacinação depois do recebimento de novas doses.

Sapiranga

Aguarda a chegada de novas doses para seguir vacinando o grupo de idosos acima de 60 anos.

Taquara

Moradores com 69 anos recebem a segunda dose. Há ônibus saindo do Centro em direção à Faccat das 9 horas ao meio-dia. Campus da Faccat com acesso pela RS-115. Das 13h30 às 16 horas, profissional de saúde que ainda não fizeram a primeira dose da vacina no campus da Faccat.

Com fila, mas sem vacina

A busca pela segunda dose da vacina contra a Covid fez muita gente acordar cedo e fazer fila em frente ao portão principal da Fenac, em Novo Hamburgo, na manhã desta quinta-feira. Desde fevereiro, o local recebe os drive-thrus da Prefeitura para aplicação da vacina. Só que não havia imunização. Apenas as unidades de saúde estavam atendendo, e mediante agendamento para aplicação da vacina da Oxford/AstraZeneca.

A Prefeitura não pode organizar novo drive-thru esta semana porque não recebeu novas vacinas da coronaVac. Alguns dos moradores que foram até a Fenac ontem porque era a data estimada para a segunda dose fornecida no dia da primeira.

Para ter imunidade é preciso fazer as duas

A maioria das vacinas contra a Covid-19 necessita de duas doses para conferir uma taxa de proteção aceitável. Isso vale para os produtos desenvolvidos por Pfizer, Moderna, Instituto Gamaleya e os dois que são usados atualmente na campanha brasileira: a CoronaVac e a AstraZeneca.

Atualmente, a única exceção da lista é o imunizante da Johnson e Johnson.

Por mais que a primeira dose já dê um pouco de proteção, essa taxa não está dentro dos parâmetros estabelecidos pelos especialistas e pelas instituições que definem as regras do setor, como a Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

"Os estudos demonstraram a eficácia que nós conhecemos com a utilização de duas doses. Quem não fizer a segunda dose não vai ter a proteção esperada", observa Fernando Spilki, professor da Universidade Feevale e coordenador da Rede Corona-ômica.BR do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações.

Outro ponto perigoso destacado pelo especialista: ao receber a primeira dose (e não retornar para completar o esquema vacinal), o indivíduo corre o risco de ficar com uma falsa sensação de segurança. "O esquema de proteção só fica completo após a tomada da segunda dose".


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