Às 7h30, quando finalmente o portão da escola reabriu, os primeiros alunos a chegarem foram os irmãos Bernardo, de 4 anos, e Bruno, de um ano. Na chegada, ficaram empolgados ao encontrarem a direção e as professoras da escola.
Somente pouco antes de sair de casa eles ficaram sabendo que iriam à aula. Diante da incerteza, até o fim do domingo, a médica Fábia Rafaela Corteletti, de 44 anos, não falou nada para os filhos.
“Os pais sempre acabam dando um jeito, mas a gente se preocupa muito com a cabeça das crianças. Até o último horário a gente não tinha falado nada para eles, em função dessa incerteza. É muito complicado isso, um dia pode, outro dia não pode”, lamenta.
Os dois meninos são alunos da Escola Maternal Uni Duni Te, em Novo Hamburgo. Mesmo com a decisão judicial que proíbe as aulas presenciais, a escola abriu nesta manhã. A expectativa era receber 30 dos 52 alunos matriculados.
Fábia conta que, nos últimos meses, cada vez que passavam de carro em frente à escola, os filhos ficavam agitados e ansiosos. Quando ficaram sabendo do retorno, a empolgação tomou conta dos meninos.
“Quando eu falei, eles já estavam gritando ‘eee, escolinha!’ O menor já estava dentro do carro”, conta.
Médica infectologista, durante a pandemia, Fábia tem uma rotina de trabalho intensa, inclusive aos fins de semana. Ela contratou uma funcionária para cuidar das crianças, além da funcionária que cuida da casa. Mesmo com acompanhamento em casa, Fábia nota que os filhos sentem falta de conviver e brincar com outras crianças, ficam entediados e mais irritadiços.
Atuando na linha de frente do combate à pandemia, a médica se mostra incomodada com os comentários que lê na internet.
“Às vezes a gente escuta em rede social que os pais que querem escolas abertas são pais que acham que é depósito de criança. Não. Eu estou tendo que trabalhar justamente para cuidar dos familiares dessas pessoas que falam”, desabafa.
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