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Polícia tem quatro inquéritos abertos para investigar 21 mortes no Lauro Reus

Além das seis mortes que aconteceram no dia 19 de março, Polícia investiga 15 óbitos de pacientes que faziam uso de oxigênio naquela data nos dias seguintes ao episódio

Por Ermilo Drews
Publicado em: 18.05.2021 às 15:12 Última atualização: 18.05.2021 às 16:42

Seis pacientes morreram no dia 19 de março após problema no sistema de oxigênio do Hospital Lauro Reus, em Campo Bom Foto: Arquivo GES
Não são mais seis, mas 21 o número de mortes investigadas pela Polícia Civil após a falta de oxigênio no Hospital Lauro Reus, no dia 19 de março. Na última sexta-feira, dia 14, relatório preliminar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores de Campo Bom já havia indicado que, além dos seis pacientes que morreram no dia do ocorrido, outros 15, que também recebiam oxigênio na hora do problema, vieram a óbito nos dias seguintes.

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“Das 21 pessoas entubadas, seis vieram a óbito durante o evento (quatro da UTI e dois da Emergência), e as outras 15 vieram a óbito no decorrer dos dias seguintes, porém a relação com o evento ainda não foi confirmada. Importa frisar, conforme palavras do diretor técnico, que naquele momento haviam pacientes com risco de morte iminente e pacientes com alta prevista, fatos que passarão a ser apurados”, consta no relatório preliminar da CPI.

Na Polícia Civil, além do inquérito que apura as seis mortes que aconteceram no dia 19 de março, outros três inquéritos tramitam para analisar as outras 15 mortes. De acordo com o delegado Clovis Nei da Silva, responsável pela condução das investigações, os pacientes estavam entubados ou usavam máscara de Hudson – indicada para administrar oxigênio ou aerossóis para pacientes com traqueostomia e laringectomia. O primeiro inquérito a ser concluído será o que apura os óbitos no dia da falta de oxigênio. “Imagino que levaremos mais 20, 30 dias (para concluir o primeiro inquérito). Ainda temos que ouvir mais pessoas e isso pode exigir novas diligências.”

Segundo o delegado, a Polícia trabalha com a hipótese de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Assim como já apontou a auditoria da Secretaria Estadual da Saúde, a CPI e, nesta terça-feira, dia 18, a sindicância do Hospital Lauro Reus, para o delegado está claro que houve falta de oxigênio. “O que buscamos é a responsabilidade por isso.”

Ministério Público investiga empresa

Conforme a promotora de Justiça, Leticia Elsner Pacheco, o inquérito civil que transcorre no Ministério Público será concluído após a investigação policial. “Para que possam ser analisados em conjunto. Por ora, está sendo analisada a sindicância do hospital e será incluída a Air Liquide como investigada no inquérito civil”, aponta a promotora.

Ela frisa que a falta de oxigênio já havia sido confirmada pela própria Air Liquide, que considerou não terem sido acionados os tanques reservas porque estavam indevidamente travados. “O que sugeriu ter ocorrido por culpa do hospital”, informa a promotora.

Ar Liquide afirmou que deu suporte

A Air Liquide foi procurada, mas não se manifestou até o momtento. Semana passada, quando foi divulgado o relatório preliminar da CPI, a empresa informou que foi acionada pelo hospital para dar suporte técnico e auxiliar na ativação backup de oxigênio e prontamente ofereceu suporte remoto para a equipe de manutenção do hospital.

“Além disso, a Air Liquide forneceu ao hospital novos cilindros de oxigênio para complementar os reservas, que já estavam cheios e em operação. O hospital já declarou publicamente que, durante o incidente, não ficou sem abastecimento de oxigênio. A central backup tinha um
conjunto de cilindros reserva à disposição para situações emergenciais”, argumentou a empresa.

Sindicância do hospital confirma falta de oxigênio

Nesta terça-feira, sindicância do Hospital Lauro Reus confirmou que houve falta de oxigênio na manhã de 19 de março. No dia do fato, o hospital negou que tivesse havido falta de oxigênio aos pacientes, “devido à rápida ação da equipe assistencial” e tratou o caso como “uma instabilidade na rede central de distribuição de oxigênio.”

A sindicância da comissão formada por diretores e funcionários do hospital concluiu que houve falha no sistema de reabastecimento de oxigênio. A comissão afirma que a empresa Air Liquide, que fornecia oxigênio, falhou. “O relatório conclui que houve a falta de abastecimento de oxigênio líquido por parte da empresa, onde a mesma deixou... transcorrer o prazo no sistema central de backup (sistema de reserva de oxigênio gasoso medicinal)”, consta no relatório. A Air Liquide teria sido comunicada um dia antes que otanque de oxigênio estava em níveis baixos, mas não teria feito a reposição do produto antes dele acabar.

A mesma informação consta no relatório preliminar divulgado pela CPI. No entanto, a CPI destacou que a equipe de manutenção do hospital não tinha profissional habilitado para acionar de forma manual a segunda bateria reserva, que possui um conjunto de cilindros de backup. Um ex-funcionário, que havia se desligado do hospital cinco dias antes, precisou ser chamado para auxiliar na situação. Isso não foi abordado pela sindicância do Lauro Reus.

A recomendação da comissão é que o contrato do hospital com a Air Liquide seja rompido. Enquanto isso não ocorre, a Air Liquide segue fornecendo oxigênio ao Lauro Reus.

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