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Notícias | Região Foro

Os desafios da Justiça, após hackers e a Covid

Diretor do Foro fala sobre um período de "muita quebração de cabeça"

Por Bianca Dilly
Publicado em: 02.06.2021 às 03:00 Última atualização: 02.06.2021 às 08:47

Foro Novo Hamburgo Foto: Susi Mello/GES-Especial
Titular da Vara de Execuções Criminais (VEC), o juiz Carlos Fernando Noschang Júnior foi reeleito diretor do Foro de Novo Hamburgo. O processo, que ocorreu na segunda quinzena do último mês, manteve Noschang no cargo assumido no mesmo período do ano passado. A gestão tem duração de um ano, seguindo até maio de 2022.

De acordo com o magistrado, não foi necessário abrir votação. "Coloquei o meu nome à disposição para continuar na direção e houve praticamente aclamação dos colegas", resume. Ele segue com atuação na VEC, já que são atribuições paralelas.

"As atividades da direção são administrativas e judiciais. Diversas matérias são relativas aos serviços extrajudiciais, como ações oficiosas de paternidade, processos de dúvida, questões envolvendo abertura de inventário e algumas de testamentos", exemplifica.

Além disso, continua responsável por decisões sobre o funcionamento diário do Foro. "Das empresas terceirizadas que atuam no local, lotação de servidores, apuração de falta disciplinar, mudança de rotina das equipes e até questões bem singelas do cotidiano, como serviço de iluminação, manutenção e segurança. Toda essa parte que envolve a estrutura predial", acrescenta.

Noschang tem 19 anos de magistratura e atua há seis deles no Município. No ano passado, quando assumiu pela primeira vez a direção do Foro, ocupou a vaga deixada pela juíza Joseline Vargas. Na entrevista ao lado, o magistrado fala sobre o trabalho dos últimos meses, abordando a atuação do Judiciário na pandemia, ataque cibernético, uso de contêineres para presos em Novo Hamburgo e processo de ressocialização.

"Essa é uma das piores épocas"

Juiz Fernando Noschang Júnior Foto: Inézio Machado/Arquivo-GES
Quais os desafios e aprendizados que a pandemia trouxe para o Judiciário?

Foi um período de muito aprendizado e muita quebração de cabeça para criar soluções novas em situações completamente inéditas, que nos pegaram totalmente de surpresa. Na medida em que houve necessidade de suspender atividades, tivemos a adaptação do serviço para o trabalho de casa e várias questões foram sendo trazidas pelos colegas.

Buscamos construir um padrão de atuação e soluções para agora chegarmos à retomada de forma quase plena, com atendimento presencial. As adaptações sempre buscaram impedir que o serviço parasse, mas sem descuidar da segurança dos servidores e pessoas que acessam o fórum.

Sim, sem dúvidas. Muitas audiências foram feitas por videoconferência, permitindo o uso de equipamento pessoal. Houve casos de indisponibilidade de acesso à Internet ou de um pacote de dados que permitisse a conexão. Por isso, fizemos adaptações, sugerindo a procura de instituições públicas para o acesso. Até o próprio Foro foi sendo disponibilizado. O nosso País, em muitas das camadas, ainda não está preparado para atender à população. Então, tivemos que buscar alternativas.

O TJ/RS sempre teve uma série de camadas de proteção nos sistemas. Felizmente, as mais profundas e importantes não foram atingidas. Mas assim como outras instituições, sempre foi alvo de muitas tentativas de ingresso indevido, dos hackers. E o trabalho remoto foi a porta de entrada para que o ataque acontecesse, já que vários servidores estavam utilizando senhas e logins fora do nosso ambiente tradicional. Isso nos trouxe uma grande dor de cabeça, pois já estávamos em período de retomada presencial das atividades e tivemos que suspender. Seguimos com as atividades possíveis utilizando outros sistemas, mas os processos que ainda são físicos e demandam impulsionamento interno tiveram prejuízo.

Os contêineres foram desocupados antes mesmo da pandemia. Houve decisão de instância superior impedindo completamente a utilização. Atualmente, eles seguem no mesmo local, pois são propriedade da Polícia Civil, contemplada por ocasião do projeto. A VEC entrou meramente com a verba. Temos a conta de transações penais, que é de uso para esse tipo de finalidade. Não conversei mais com os delegados para ver, de fato, qual é a ideia deles acerca da utilização das estruturas.

Essa é uma das piores épocas. De muito frio, em que os detidos ficam ao relento na madrugada. É o período em que mais ressalta aos olhos. No ano passado, a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) inaugurou o presídio de Sapucaia do Sul, que tem sido utilizado como centro de triagem até o encaminhamento dos presos. Até pela pandemia, eles precisam permanecer um período sob resguardo. E é o que tem sido feito, para que fiquem o menor tempo possível nas delegacias.

Temos os serviços da Central Integrada de Alternativas Penais (Ciap), que faz encaminhamentos dos apenados para trabalhos.

Temos instituições, escolas, empresas cadastradas, que oferecem vagas. Também existe a possibilidade, no semiaberto, de trabalhar a partir de cartas de emprego. São atividades que buscam a ressocialização, de o apenado trabalhar de forma legal, legítima, buscando subsistência como todos os cidadãos de bem fazem.

 

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