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Notícias | Região Protocolos

Começam a vigorar novas regras que permitem música ao vivo pela região

Novo Hamburgo já publicou decreto adotando as flexibilizações previstas no protocolo regional

Por Susi Mello
Publicado em: 22.06.2021 às 03:00 Última atualização: 22.06.2021 às 07:25

Com novo protocolo sanitário aprovado pela Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (Amvars), cada cidade da região está publicando seu próprio decreto autorizando flexibilizações. Novo Hamburgo, por exemplo, já publicou. Entre as novas regras, algumas eram muito aguardadas por categorias profissionais, como é o caso da autorização para música ao vivo.

O músico Ronald Ziegler se prepara para retornar ao palco do Abbey Road após meses Foto: Suélen Schaumloeffel/GES-Especial

A permissão de música ao vivo em bares e restaurantes, na Região 7, liderada por Novo Hamburgo, já começou a mobilizar o setor no fim de semana, após o anúncio dos protocolos, e antes ainda da publicação dos editais municipais. "Maioria dos músicos já está marcando shows para esta semana", frisa o agente de viagem e músico Ronald Ziegler, que liderou abaixo-assinado solicitando a retomada das apresentações nesses estabelecimentos.

A retomada, entretanto, possui algumas limitações. A música ao vivo pode ocorrer entre as 11 e 23 horas, em formato acústico e com o máximo de dois músicos por apresentação.

Alívio

"Para a gente é uma salvação. A situação financeira dos músicos está uma calamidade. Há alguns vendendo instrumentos para comprar comida e grandes talentos sendo perdidos para outras profissões", diz o músico.

Com a medida em vigor, Ziegler já terá shows na quinta, sexta e sábado. "Há amigos que já marcaram dez shows. Os bares gostam de ter música ao vivo", comenta.

Nas redes sociais, o reflexo da liberação também já era sentido. Em um pub de Novo Hamburgo, a postagem no último domingo já avisava que a música ao vivo voltaria na semana, registrando 1,3 mil curtidas e mais de 200 compartilhamentos até o final da manhã de segunda-feira.

Com shows acústicos marcados de quarta a sábado, com músicos de Novo Hamburgo, Canoas e Porto Alegre, o responsável pelo espaço, Diego Corrêa, comemora o retorno. "O palco sempre existiu. Só não tinha músico", acrescenta, lembrando que o último show acústico ocorreu em fevereiro deste ano. Com a permissão para ter o espaço ocupado com 40% da capacidade, o empresário conta que a ocupação chegava a apenas 10% do permitido. "Com a música, esse cenário pode mudar", acrescenta.

A medida, prevê, será positiva para músicos e estabelecimentos comerciais. "O setor de bares teve prejuízos de 90% em seu faturamento. Todo mundo está penando", comenta Corrêa, que não chegou a demitir funcionários, mas precisou usar recursos próprios para manter o pagamento de seus colaboradores em dia.

Reforçando a opinião de Ziegler, Corrêa conta que seus amigos músicos tiveram que fazer "bicos", vendendo pastel e pizza congelada ou trabalhando em transporte por aplicativo.

Todo mundo deve ajudar nos cuidados

"Os municípios estão fiscalizando as atividades e vão acompanhar se os cuidados vão vir ao encontro do que a gente combinou. É uma situação bastante difícil e tem impacto econômico sim, tanto na vida dos artistas quanto nos estabelecimentos. É importante que a gente dê essa oportunidade para eles nesse momento. É um avanço necessário, considerando a estabilidade dos números na região", argumenta o presidente da Associação do Municípios do Vale do Rio do Sinos, Luciano Orsi.

"Na última semana recebi representantes dos músicos e também dos restaurantes. Conversamos um pouco e alinhamos a importância do trabalho dos profissionais para que se mantenha a possibilidade da liberação", disse. "Eles nos colocaram como sendo indutores do uso dos equipamentos de proteção, do controle de movimentação das pessoas, do respeito aos protocolos nos próprios ambientes onde vão trabalhar. Ele vão ser nossos aliados."

As regras para o setor de bares e restaurantes

As regras para restaurantes, bares, lanchonetes, sorveterias e similares não tiveram mudanças em relação aos protocolos já em vigência em Novo Hamburgo. Apenas foi acrescida a normativa referente à música ao vivo.

Confira o protocolo geral do setor:

- Ocupação máxima de 40% da lotação.

- Apenas clientes sentados e em grupos de até cinco pessoas.

- Música ao vivo fica permitida das 11 às 23 horas em formato acústico e com, no máximo, dois músicos por apresentação.

- Operação de sistema de bufê com instalação de protetor salivar, e uso obrigatório de luva na mão que manuseia os talheres, e higienização das mãos.

- Horário de funcionamento máximo até a meia-noite, permitido a entrada de clientes até as 23 horas.

Especialista alerta para manter os cuidados

O professor da Universidade Feevale e virologista Fernando Spilki salienta que a liberação pode se revelar prematura, especialmente se for permitido um tempo de permanência muito grande nos locais. "A circulação do vírus ainda é muito alta", acrescenta. Por outro lado, frisa, que a maioria dos músicos é consciente e deve trabalhar a favor por esse processo de conscientização.

Spilki reforça que tanto músico como público deve manter cuidados, com o uso de máscaras, distanciamento máximo possível e medidas de higiene. "Se possível, e sempre que disponível, vacinação", defende.

Sindicato destaca ajuda para os estabelecimentos

O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Novo Hamburgo, Campo Bom, Sapiranga, Dois Irmãos, Ivoti e Estância Velha (Sindgasthrô), acha importante o retorno.

"Sempre ajuda as casas", declara o presidente Tomás Juchem, referindo-se aos estabelecimentos, reforçando a importância de seguir todos os protocolos de segurança para evitar a Covid-19.

Empresário aliviado com retomada

Um dos mais tradicionais e antigos bares de Novo Hamburgo, o Abbey Road, viu sua história de 21 anos no meio do entretenimento ameaçada pelas restrições impostas pelos 15 meses de pandemia. No período, o local se viu por diversas vezes obrigado a fechar as portas e quando reabriu, as restrições, principalmente relacionadas a horários e proibição de música, seguiram ameaçando o negócio.

O sócio proprietário do bar, Fernando Alfredo Motta, relata que o momento mais difícil foi quando esteve na iminência de encerrar as atividades do bar pelos inúmeros custos e falta de perspectiva de retomada.

Dificuldade

"Antes de completarmos 21 anos íamos encerrar as atividades, pois os recursos e nossas forças tinham acabado. Enquanto a gente tem motivação, vamos levando, mas quando até isso se vai, fica difícil. Graças aos amigos do Abbey, que se mobilizaram pela casa, continuamos", relembra, citando uma série de iniciativas feitas por músicos e clientes do local, para arrecadar recursos.

A liberação da música ao vivo e ampliação de uma hora no atendimento é comemorada por Motta. "Vemos como uma retomada, ainda não é o que almejamos, mas é um caminho", observa.

Com ocupação menor e formato adaptado, o Abbey Road se reinventa. "As noites de pista de dança cheia ainda vão ter que esperar. Vamos seguir os protocolos."

Colaborou: Suélen Schaumloeffel

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