Uma rodovia com menos mortes. Essa, por enquanto, é a RS-239 no começo de 2022. Nos dois primeiros meses de 2021 foram dez vidas perdidas na rodovia que cruza de Novo Hamburgo a Riozinho, sendo cinco em janeiro e cinco em fevereiro. De janeiro a novembro, apenas agosto não registrou fatalidades. Já neste ano, foram dois óbitos, ambos neste mês. No comparativo com os dois primeiros meses de 2021, houve redução de 80% nas mortes. Além disso, os meses de dezembro e janeiro não tiveram acidentes fatais.
Segundo levantamento do Jornal NH, de janeiro a novembro do ano passado 32 pessoas morreram na rodovia. Em média, um óbito foi registrado a cada 11 dias na RS-239, apontada como a rodovia estadual mais perigosa do RS.
Para mudar essa situação, no ano passado houve uma forte mobilização de prefeituras e entidades para pressionar o governo do Estado a realizar melhorias na RS-239, com reuniões envolvendo lideranças políticas e protestos organizados pela população.
Fiscalização
Para o comandante do Grupo Rodoviário de Sapiranga, sargento Luciano Werle, o forte trabalho de fiscalização que passou a ser realizado pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar ao longo da RS-239 é o principal motivo para a queda nos acidentes.
Segundo Werle, o radar passou a ser usado com mais frequência, em diferentes horários e locais. No ano passado, a perícia apontou que o veículo responsável pela morte de um homem no acostamento do quilômetro 35, em Araricá, transitava a 115 quilômetros por hora. Em 31 de outubro, outro veículo foi flagrado a 158 quilômetros por hora. "Os usuários estão respeitando mais a fiscalização. Houve aumento de infrações, o que pesa no bolso", comenta Werle.
O comandante ainda destaca as lombadas eletrônicas, que ainda estão em fase de testes, como ferramentas para inibir os motoristas que desrespeitam os limites. Werle lembra que a imprudência e alta velocidade são as principais causas dos acidentes na RS-239.
A RS-239 recebeu reforço de lombadas eletrônicas e pardais, somando no total 11 equipamentos. Segundo o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), as lombadas estão em fase de teste e devem começar a operar neste mês.
Os equipamentos ficam nos quilômetros 17 (em Novo Hamburgo, no bairro São José), 29 (em Sapiranga, bairro Amaral Ribeiro) e 51 (em Taquara). Estes pontos já tiveram lombadas, mas foram desativadas porque terminou o contrato com a prestadora de serviço.
Além disso, há três lombadas novas, no quilômetro 30 (em Sapiranga) , 35 (Nova Hartz) e 38 (Araricá). Foi criado um grupo de trabalho composto pela EGR, Daer, Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) e prefeituras da região que identificou a necessidade dos dispositivos nesses pontos a fim de diminuir os acidentes.
Quantos aos pardais, foram instalados equipamentos nos quilômetros 18, 32, 42, 55 e 62,7. Eles estão nos mesmos locais onde funcionavam os antigos equipamentos e foram substituídos apenas em razão de o outro contrato ter encerrado.
Para o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (Amvars), Jerri Meneghetti, a pressão que foi liderada pela entidade surtiu efeito. "Já percebemos a queda nos índices de acidentes e na letalidade. Certamente temos muito a melhorar, como a instalação de travessias em alguns pontos, por exemplo, entre outras ações", pontua.
De acordo com ele, existe a expectativa de que, aos poucos, os pleitos dos municípios que são cortados pela RS-239 sejam atendidos. "Ficaremos vigilantes e vamos continuar dialogando com o Estado na busca de mais soluções para a segurança da via", destaca.
Entre os problemas que costumam ser levantados estão a quantidade de retornos (são 66 ao longo da rodovia) e a iluminação, uma reivindicação antiga em vários trechos.
A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), responsável pela rodovia, aponta a campanha para conscientizar os motoristas e pedestres como uma das ações que contribuíram para diminuir os acidentes na RS-239. Segundo a assessoria de imprensa, a EGR lançou peças publicitárias para conscientizar a população por meio de dois pontos de vista: do motorista e do pedestre. A EGR diz que foram realizadas ações para reforçar a necessidade de evitar comportamentos imprudentes no trânsito. Entre os pontos importantes, o uso de cinto de segurança, o cuidado de não beber antes de dirigir e observar respeito aos limites de velocidade.
A EGR pontua que desde o início de 2020 foram aplicados mais de R$ 25 milhões na RS-239, priorizando a manutenção da pista e reforço da sinalização. Além disso, a EGR ouviu lideranças de cidades como Novo Hamburgo, Campo Bom, Parobé e Araricá, buscando o diálogo para encontrar soluções e evitar acidentes. Ao longo de 2022, a EGR garante que vai continuar realizando manutenções na rodovia, como reparos, pinturas e reforço na sinalização.
Das 32 mortes registradas em 2021, a maioria delas aconteceu no trecho de Sapiranga. Foram oito na Cidade das Rosas, sete em Araricá, sete em Taquara, cinco em Parobé e duas em Novo Hamburgo. Campo Bom, Rolante e Nova Hartz tiveram uma ocorrência com óbito cada.
Conforme a assessoria de imprensa de Sapiranga, a prefeitura já realizou diversas reuniões junto ao governo do Estado, onde inclusive solicitou a implantação de iluminação pública, sinalização e lombadas eletrônicas, entre outras melhorias.
O município destaca que a recente conquista da lombada eletrônica, entre os quilômetros 29 e 30, se deu através de esforço e luta por parte da administração e da comunidade.
De acordo com a assessoria, a prefeitura aguarda ainda a implantação de uma rotatória em frente à Rua Nações Unidas, a drenagem pluvial entre o viaduto do bairro São Luiz e a ponte da Citral, a pavimentação das vias laterais e o melhoramento dos acessos ao município, entre outros.
Acidentes do ano
As duas mortes deste ano na RS-239 até agora foram de motociclistas. Um acidente fatal foi no dia 5 de fevereiro, em Campo Bom, e outro foi em 11 de fevereiro, em Parobé. Também em Parobé, houve outro acidente grave, mas sem morte domingo, quando uma moto foi arrastada.