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Canoas e, especialmente, a comunidade acadêmica da Ulbra foram surpreendidas na tarde da última quinta-feira (10) com o anúncio da venda da Aelbra, mantenedora da instituição, para a Rede Evolua de Educação. A empresa com sede em São Paulo está assumindo a gestão da Aelbra, incluindo a dívida de quase R$ 9 bilhões que faz parte de um rumoroso processo de recuperação judicial.
Anunciado pela Rede Evolua como futuro presidente da Aelbra, Carlos Melke assegura que, apesar da mudança na gestão, as atividades da Ulbra seguem normalmente. Mesmo assim, é grande a expectativa de melhorias a partir de agora, uma vez que o negócio afasta o risco de falência da mantenedora.
O presidente e advogado da Associação de Ex-funcionários Credores da instituição, Felipe Ferraz Merino, diz que vê o negócio com a Rede Evolua como boa notícia. "Os antigos gestores levaram a universidade a esta situação", lamenta, frisando que a medida era a mais viável dentro do plano de recuperação.
Segundo ele, o desafio agora é destravar o processo judicial, suspenso temporariamente. "Esperamos que seja julgado ainda este mês", destaca. "Ainda não conhecemos este novo grupo e as intenções com relação ao negócio. É provável que também queiram renegociar o plano de recuperação judicial, que já foi homologado pela maioria dos credores", pondera Merino.
O advogado detalha que devem ser pagos, primeiramente, os débitos trabalhistas de até 150 salários mínimos - R$ 181,8 mil, considerando o mínimo atual, de R$ 1.212 - e, posteriormente, o que é devido para a União. "A Aelbra solicitou um pedido de parcelamento dos impostos, mas ainda não obteve uma resposta", conta.
O atual diretor executivo da Aelbra e ex-reitor da Ulbra, Marcos Ziemer, destaca que "a chegada de um projeto robusto, com o aporte de recursos que possibilitam à instituição enfrentar a recuperação judicial, é uma boa notícia a todos, especialmente à comunidade educacional".
As tratativas entre Rede Evolua de Educação e Aelbra começaram há quase dois anos e foram anunciadas na última quinta-feira. De caráter privado, a Evolua tem sede em São Paulo - onde administra três colégios - e se apresenta como especialista na recuperação de escolas que se encontram em dificuldades financeiras. Foi formada em 2020, já na pandemia, e tem foco tanto na educação básica quanto no ensino superior.
Em comunicado divulgado na última quinta, o futuro presidente da Aelbra, Marcos Melke, garantiu que a Rede Evolua vai trabalhar para "que a Ulbra seja reabilitada e para que volte ao topo da pirâmide das instituições educacionais brasileiras, onde já esteve e tem plenas condições de retornar". "Temos absoluta confiança nisso, ou não estaríamos assumindo esse compromisso", frisou.
Melke terá como vice-presidente o advogado Antônio Carlos Romanoski, que tocará a reestruturação administrativa e financeira da instituição. Ele é especialista na recuperação de empresas, com passagens por Gafisa, Flytour e Companhia Paranaense de Energia (Copel). "O investimento na Ulbra é de longo prazo e queremos ver novamente as pessoas com orgulho de trabalhar nesta instituição, que seguirá com seu DNA."
