O relato forte e contundente de duas meninas, uma de 9 e outra de 6, à época do crime, colocaram o tio-avô de 47 anos atrás das grades, após um ano de trabalho da Polícia Civil de Esteio. "O relato delas é emocionante e chocante. Um dos mais fortes que já ouvimos", revela a titular da Delegacia de Polícia (DP) da cidade, delegada Luciane Bertoletti. As irmãs foram vítimas de estupro de vulnerável, dentro de casa, no bairro São José.
Agressor foi flagrado
O crime só foi descoberto quando a mãe viu o investigado deitado em cima da menor. Ao tomar conhecimento do fato, a mãe logo buscou uma outra casa para viver com as filhas e, então, procurou a Polícia Civil.
A denúncia foi feita em dezembro de 2020. Luciane explica que o inquérito levou um ano para ser finalizado, devido a complexidade e delicadeza dos fatos. "Ele tinha conhecimento do procedimento instaurado contra ele, com receio de ser preso, costumava sair muito cedo de casa e não tinha um horário fixo para retorno."
De acordo com a delegada, os casos de abuso sexual de vulnerável requerem atenção extra. "Nós tínhamos o relato das vítimas, mas não era suficiente. Para conseguir a prisão não é algo simples. Foi necessário submeter as duas a avaliação física e psíquica". Os laudos embasaram o pedido de prisão preventiva expedido pela Justiça.
A família vive em Esteio, mas distante do agressor. "Nós temos intensificado a investigação dos delitos de estupro e efetuado diversas prisões. É fundamental que as vítimas, a família delas, ao desconfiarem, procurem a polícia", orienta.
Segundo a delegada, o agressor comprou o silêncio das irmãs, que demoraram para contar a história para a mãe. "A família era muito pobre e o investigado tinha uma boa condição financeira", frisa. Diante disso, Luciane detalha que ele costumava presentear as meninas. "Com isso, ele tinha a certeza da impunidade. Foram três anos de abusos".
A riqueza de detalhes com que as vítimas conversaram com a investigação chamou atenção até dos policiais mais experientes. "A atitude da mãe, ao descobrir o que ocorria na casa, foi correta. Ela saiu imediatamente e não postergou a denúncia", pontua. A confiança que ela teve na fala das garotas foi fundamental, na opinião da delegada. "Ele está preso após um ano de trabalho. É importante essa resposta porque, na maioria das vezes, os pedófilos voltam a cometer o mesmo crime contra outras vítimas, se não forem parados."
Luciane pondera que a dificuldade no combate a esse tipo de delito é porque ele ocorre "em ambiente intrafamiliar" e só chega ao conhecimento das forças de seguranças após a denúncia.