A dengue, doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, chegou na região com força. Em Dois Irmãos, de uma semana para outra foram registrados 103 casos positivos da doença, um crescimento de pouco mais de 50%. Conforme dados da Vigilância em Saúde, até quarta-feira, haviam 303 casos positivos. No dia 10 deste mês eram 200.
A Secretaria Municipal de Saúde já trata o assunto como epidemia, já que o surto acontece em diversos bairros. Primavera, Moinho Velho, Navegantes, Centro, Sete de Setembro, Vale Verde, Portal da Serra, São João e Floresta são os principais. No mesmo levantamento, o município aponta 55 resultados negativos e duas pessoas internadas em decorrência da doença.
O surto ocorre a partir de duas pessoas contaminadas. "Num primeiro momento, tínhamos duas pessoas de uma mesma família contaminadas. E já "acendemos" o alerta. Quando passamos a ter oito casos positivos, e junto desses mais diversas notificações, passamos a considerar epidemia porque os casos já estavam disseminados", explica a secretaria de Saúde, Julia Lopes de Oliveira.
Um comitê de crise da dengue foi montado pela prefeitura de Dois Irmãos. Em reunião ontem, a administração do Hospital São José e a prefeitura trataram do fluxo de atendimentos na emergência, com altíssima demanda por atendimentos provocada pela dengue.
A dengue vivenciada
"Não desejo isso para nenhuma pessoa. É alarmante". O desabafo é da mãe de uma adolescente de 15 anos, que contraiu dengue, e por uma semana não conseguiu comer, repugnava líquidos e ficou internada por 36 horas porque a queda de plaquetas, células essenciais para a coagulação do sangue, foi expressiva.
A contadora Margarete Kasper, 54 anos, de Dois Irmãos, fala que a situação que passou com sua filha, a estudante Valéria Maria Kasper, foi gravíssima. "Ela (dengue) não poupa velho, criança, jovem. Ela pega homem fraco, forte, mulher. O bichinho não quer saber", conta.
Sintomas
"Eu comecei com dor forte nas costas, dor de cabeça, meu olho doía, minha barriga doía. Eu não sentia fome e tudo o que comia eu vomitava. Imaginava que dengue era uma gripe. Não pensava que era algo tão ruim", relata a adolescente.
A família mora no bairro Beira Rio. Mantém os cuidados de prevenção, especialmente o de não deixar água parada. No entanto, sua filha e a vizinhança viu a doença chegar. "Aonde está o foco? Ninguém sabe", lamenta preocupada a contadora, que mantém os cuidados de usar repelente, inseticidas e mantém os medicamentos sempre por perto.
Novo Hamburgo - São 35 casos confirmados e outros 54 suspeitos, que aguardam confirmação.
Estância Velha - São 18 casos confirmados, 196 suspeitos e três descartados.
Ivoti - São seis casos confirmados e um negativo, 52 aguardam resultados.
Montenegro - São 14 casos positivos e 15 suspeitos.
Parobé - São oito casos positivos e sete suspeitos.
Sapiranga - São oito casos confirmados da doença, além de 14 suspeitos.
Taquara - São dois casos confirmados pelo Lacen, 12 descartados, 24 suspeitos e cinco confirmados por exames laboratoriais, que aguardam confirmação do Lacen.
A preocupação também ocorre com outros municípios. Em Estância Velha, o Centro de Referência Respiratória passou a receber casos suspeitos da dengue. A decisão não é diferente do que ocorreu com Igrejinha recentemente, quando mudou o foco do centro de atendimento de Covid para dengue.
A moradora de Estância Velha, Cristiane Goelzer, 41 anos, conta que seu marido e filho tiveram a doença. Com os sintomas semelhantes aos da Covid, o exame de sangue só foi solicitado ao filho quando apareceram marcas no corpo dele. "Ele ficou internado por quatro dias porque as plaquetas estavam baixas. Foi bem apavorante", conta. Os dois já estão recuperados e ela aguarda o resultado do exame. "Recomendamos que todos mantenham os pátios limpos, porque acredito que a proliferação da doença deverá continuar" , acrescenta.
A Secretaria Estadual de Saúde informa que as ações de combate à dengue são desencadeadas e realizadas em nível local pelas respectivas vigilâncias em saúde municipais. A exemplo disso, Estância é uma das cidades com mobilização. No sábado, mutirões de limpeza para combater o avanço do mosquito ocorrem no bairro Sol Nascente e em parte do bairro Rincão dos Ilhéus, entre as 8 e 11 horas.