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Enquanto tiver mosquito, casos de dengue vão continuar crescendo

Conter a infestação por Aedes aegypti é o desafio de toda região para fazer as contaminações diminuírem

Por Débora Ertel
Publicado em: 22.03.2022 às 06:00 Última atualização: 22.03.2022 às 11:06

Diante do surto de dengue registrado na região, a expectativa é que o número de casos continue crescendo nos próximos dias. Há pelos menos 37 municípios, segundo levantamento do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), com infestação do mosquito Aedes aegypti por aqui e a cada dia o número de notificações e exames positivos para a doença cresce.

Biólogo dá dicas para usar a natureza no combate ao mosquito da dengue

Dois casos de dengue são confirmados em Estância Velha
Se com a Covid-19 a preocupação é com a aglomeração, pois o vírus é transmitido de pessoa para pessoa, com a dengue o problema é outro. A doença só é transmitida pelo mosquito e como para o inseto não há fronteiras geográficas, onde há infestação, há risco.

Dificuldade

"Se a população não se conscientizar, teremos mais casos", avalia a coordenadora da Vigilância em Saúde de Estância Velha, Eliane Fleck. De acordo com ela, o município enfrenta dificuldade de bloquear a evolução da doença porque necessita da ajuda da comunidade para pôr fim aos criadouros de mosquito.

Segundo Eliane, até mesmo a chuva neste momento atrapalha, pois qualquer recipiente ao ar livre com água pode se tornar um local para a proliferação de larvas.

Centro de Atendimento da Dengue de Estância Velha no começo da tarde desta segunda-feira
Centro de Atendimento da Dengue de Estância Velha no começo da tarde desta segunda-feira Foto: Divulgação
Estância Velha, registrou crescimento considerável nos casos. Em uma semana de funcionamento, o Centro de Referência à Dengue havia atendido até o início da tarde de ontem 152 pessoas, sendo que 48 aguardavam nesta segunda-feira para fazer exame sorológico.

O cenário era de 354 casos suspeitos, 24 confirmados e quatro descartados. Em 10 de março, a cidade tinha dois casos confirmados e 52 suspeitos. Em 11 dias o crescimento foi de 580% na quantidade de pessoas que apresentaram os sintomas.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde (SES), os exames para dengue têm ficado prontos no Laboratório Central do Estado (Lacen), em média, no prazo de sete dias. Embora com maior demanda para este tipo de teste, não houve aumento de equipe porque foi solicitada a renovação dos contratos para a Covid-19.

Em nota, a SES salienta que o aumento de casos em todo o Rio Grande do Sul é relacionado ao índice de infestação dos municípios pelo mosquito transmissor da doença.

Novo Hamburgo considera o quadro 'controlado'

Novo Hamburgo, que em 10 de março apresentava cinco casos positivos, nesta segunda-feira tinha 43 casos confirmados da doença e outros 99 suspeitos que aguardavam o resultado pelo Lacen. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a cidade tem registrado um aumento gradativo de pacientes com sintomas procurando atendimento na rede pública nos últimos dias, mas ainda dentro de um quadro considerado controlado.

Conforme nota da assessoria de imprensa, Novo Hamburgo já está com um plano de contingência pronto em caso de crescimento na procura por atendimentos de pessoas com suspeita de dengue.

Novamente, a colaboração da comunidade para acabar com focos do mosquito é pedida: "A Secretaria de Saúde ressalta que, além das ações da Prefeitura no combate ao mosquito transmissor da dengue, o auxílio da população é fundamental".

Não hesite em buscar um médico

Ronaldo Hallal
Ronaldo Hallal Foto: Divulgação
O médico infectologista e professor do curso de Medicina da Feevale, Ronaldo Campo Hallal, diz que o surto de dengue não surpreende, já que é potencializado pelo empobrecimento da população e por questões de desequilíbrio ambiental, situações que favorecem proliferação dos focos de mosquito.

O médico comenta que em 25% dos casos as pessoas apresentam sintomas leves de dengue e não existe um tratamento específico. "É sempre importante consultar para o médico avaliar o quadro e verificar se há sinais de alarme", orienta.

De acordo com ele, o quadro de dengue é caracterizado por febre acima de 38,5 graus, dor de cabeça frontal, em especial atrás dos olhos, e dor muscular, com mais desconforto nas juntas. "Em alguns casos ocorre perda de apetite e prostração e o paciente tem dificuldades de seguir com suas atividades."

O infectologista explica que o corpo começa a produzir anticorpos para a doença entre o quinto e o sétimo dia de contágio, por isso os exames sorológicos não devem ser realizados antes deste prazo. Em pacientes com quadro mais grave, na segunda semana podem aparecer lesões vermelhas na pele e sangramentos na gengiva e no caso das mulheres, fluxo menstrual mais intenso.

Sobre o fato dos sintomas de dengue serem confundidos com a Covid-19, por terem sinais semelhantes, o infectologista explica que a principal diferença se concentra nas vias aéreas. Ou seja, enquanto o coronavírus pode atacar garganta e nariz, a dengue não apresenta esse quadro.

Dengue e Covid

O inimigo é minúsculo e gosta de água parada

O Aedes aegypti tem cerca de 1 centímetro, é escuro, com riscos brancos. A melhor maneira de combatê-lo é não deixar água parada. Por isso, alguns cuidados são importantes: manter tampada recipientes de armazenamento de água; guardar pneus sob abrigos; não acumular água em vasos de planta; manter desentupidos ralos, canos, calhas, toldos e marquises; colocar embalagens de vidro, plástico ou lata em lixeira fechada; manter a piscina sempre tratada.

Preocupação chega em sala de aula, no Primavera

Com mais de 40 casos confirmados de dengue em Novo Hamburgo, alguns pais de alunos da Escola Municipal de Ensino Básico José Bonifácio, no bairro Primavera, temem que a doença comece a atingir as crianças. A fonte desta preocupação, de acordo com a comerciante Grasiela Karnal, 36 anos, é a quantidade de mosquitos presentes no colégio.

O fato originou até mesmo um bilhete por escrito enviado pela direção aos pais, como alerta para cuidados extras. No conteúdo, o pedido era para que os pais passassem repelente contra os insetos antes de enviar os estudantes à escola. "Nós estamos cumprindo, mas e as famílias que não têm condições, como ficam? Com as crianças expostas à doença?", indagou Grasiela.

A preocupação da mãe vai chega até ao cuidado de como vestir o filho. "Está assim desde o início do ano letivo. Não dá nem para mandar as crianças de roupa curta para aula nos dias de calor. Meu filho também contou que chegou a precisar deixar a sala de aula para que veneno contra mosquitos fosse aplicado", relata a mãe.

Questionada, a Prefeitura hamburguense informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o envio de bilhete para o uso de inseticida antes da aula e que a aplicação de veneno nas salas de aula foram ações isoladas desta escola para combater a dengue. O município também ressaltou que pulverizará inseticida na cidade esta semana.

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