A desistência de Alceu Moreira de concorrer ao governo do Estado pelo MDB não colocou fim à crise iniciada no partido desde que começaram as discussões sobre quem será o candidato nas eleições de outubro. Secretário de planejamento de Porto Alegre, e um dos líderes do MDB gaúcho, Cezar Schirmer vê um cenário de divisão interna. “O importante é mobilização, e o quadro neste momento não encaminha nesse sentido”, avalia.
Moreira anunciou nesta quarta-feira a sua desistência de disputar as prévias internas para disputar as eleições ao governo do Estado. Em carta aberta, o deputado federal anunciou que vai trabalhar para se reeleger a deputado federal, ainda dentro do MDB. “Os acontecimentos dos últimos meses acabaram por minar essa ideia e confesso que me entristeceram profundamente, em especial pela falta de palavra e lealdade de quem menos podia esperar”, afirmou Moreira na carta no trecho em que se dirige indiretamente ao seu adversário interno, o deputado estadual Gabriel Souza.
Na carta, o ex-presidente do MDB ainda acusa a gestão de Eduardo Leite (PSDB) de interferir diretamente no pleito interno. "A máquina governista entrou em campo e interferências externas influenciaram numa disputa interna que não é de um partido qualquer, mas do maior do Rio Grande.”
Veja aqui a nota do MDB que pede a realização de prévias
Confira aqui a nota completa.
A decisão de Moreira foi anunciada dois dias após a direção do partido aprovar que a escolha do candidato fosse feita pela Executiva Estadual e não em pleito aberto. Schirmer, acredita que isso pode ter influenciado diretamente na decisão do colega de partido. “Quem pode falar melhor é ele, mas eu acredito que ele viu que perderia no diretório, mas estava com vantagem na base.”
Contrariado com a decisão da cúpula partidária, Schirmer e outros nomes históricos do partido, divulgaram na manhã de quarta-feira uma carta repudiando a decisão da Executiva. “Uma coisa é a escolha de nome, outra é o processo. Sem a convenção você passa de 900 pessoas para decidir para 75, e nunca foi assim no MDB, nem com candidato único”, ressaltou Schirmer que também já foi presidente da legenda. Entre os nomes que subscrevem o documento estão os ex-governadores Pedro Simon e Germano Rigotto, além do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo.
Prevista para acontecer entre o final de julho e início de agosto, a convenção partidária pode ser antecipada, e Gabriel Souza corre o risco de não ser o único candidato. “Estou para decidir esse assunto”, disse Schirmer ao ser questionado se pensa em colocar seu nome na disputa interna.
As rusgas entre Moreira e Souza começaram antes mesmo do jovem deputado oficializar seu nome como pré-candidato. Em entrevista ao Jornal NH em fevereiro, Moreira relatou que o colega de partido e com a base política na mesma cidade havia lhe garantido que não concorreria ao Piratini. Porém, a posição mudou, e na crença de Moreira por interferência direta de Eduardo Leite.
Enquanto os dois pré-candidatos trabalhavam suas campanhas, nomes mais antigos do partido tentavam convencer o ex-governador José Ivo Sartori a concorrer. As prévias do partido foram então adiadas por duas vezes, levando Moreira a se licenciar da presidência do partido no dia 4 de fevereiro. Fábio Branco assumiu o posto, e a situação estava em compasso de espera até esta semana. Apesar de toda a crise, o partido afirma que não abrirá mão da cabeça de chapa em outubro.