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Notícias | Região PARA UM BOM CHIMARRÃO

Carijada resgata tradição do cultivo e preparo artesanal da erva-mate

Evento reuniu cerca de 50 pessoas na localidade do Quilombo, no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo

Por Débora Ertel
Publicado em: 27.03.2022 às 15:17

Com a expectativa de resgatar uma prática que iniciou com os indígenas, se disseminou entre os imigrantes e que quase se perdeu por causa da industrialização, o Araçá – Grupo de Consumo, com sede no Vale dos Sinos, promoveu neste fim de semana uma carijada.

Carijada de Lomba Grande
Carijada de Lomba Grande Foto: Coletivo Catarse/Divulgação
O encontro reuniu cerca de 50 pessoas na localidade do Quilombo, no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo. Durante os dois dias de atividades, os participantes aprenderam o processo artesanal de produção da erva-mate, técnica que foi ensinada pelo biólogo Moises da Luz. Natural de Panambi, na região noroeste do Estado, Luz aprendeu o carijo com familiares e decidiu levar o conhecimento adiante. O carijo é uma estrutura tradicional utilizada para a secagem da erva-mate durante a sua produção artesanal. Além disso, é um momento de socialização e encontro de pessoas.

Segundo Solange Carmem Manica, do grupo Araçá, a intenção inicial era fazer uma reunião menor, mas à medida que a ideia foi se espalhando, foram surgindo produtores que cultivam erva-mate. “Não é uma grande quantidade, mas de cinco a oito pés”, explica. Tanto que para a carijada, os galhos foram trazidos de agricultores de Dois Irmãos e Santa Maria do Herval.

Luz garante que a erva-mate artesanal tem um sabor diferenciado. “A erva fica levemente defumada, conforme o clima e a lenha usada. Em geral é melhor sapecada do que a indústria”, compara. De acordo com o biólogo, a produção de erva-mate artesanal pode se tornar uma opção de renda para os produtores, com potencial de manejo agroflorestal na agricultura. Luz garante que com uma plantação pequena de árvores é possível garantir uma produção entre 100 e 300 quilos de erva. “Também valoriza e faz a gente se aproximar dos povos indígenas, da sua cultura e necessidades”, destaca.

Solange explica que a produção da carijada deste fim de semana será dividida em três partes. Uma para os produtores das árvores de erva-mate, outra para os participantes do encontro e uma terceira será comercializada na cesta que o Araçá comercializa para 150 clientes da região.

Carijada de Lomba Grande
Carijada de Lomba Grande Foto: Coletivo Catarse/Divulgação
Entenda como funciona o carijo, que é dividido em cinco etapas

  1. Poda da árvore;
  2. Sapecada: é quando os galhos são passados por uma fogueira. Este procedimento retirar uma substância da planta que deixa o gosto muito amargo. Além disso, garante a cor verde da erva. Também acontece a desgalha, permanecendo apenas os galhos finos, o que vai garantir depois os palitos e as folhas;
  3. Secagem: a planta é colocada sobre o carijo durante 12 horas. Trata-se de uma estrado de taquara, que fica há 1,3 metro do chão, para que o fogo seja feito embaixo. Este ritual normalmente começa no final da tarde e entra noite adentro justamente porque marca um momento de confraternização e de partilha das pessoas;
  4. Cancheamento: é a moagem ou fragmentação da erva-mate. O nome tem origem na palavra “cancha”, nome do equipamento usado para moer a erva após a secagem. O produtor bate na erva com madeira, sendo que no modo mais tradicional, utiliza-se um facão de madeira
  5. Soque: é a fase final, quando a erva é socada, pode ser no pilão ou em máquinas de pequena escala. Conforme o tempo de moagem, a erva fica mais fina ou mais grossa. 
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