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Notícias | Região MAIS GASTOS NA FARMÁCIA

Remédios devem ficar mais caros em abril com reajuste anual dos medicamentos

Alta deve ser na faixa de 10% ou mais

Por Susi Mello
Publicado em: 30.03.2022 às 03:00 Última atualização: 30.03.2022 às 10:52

A partir de sexta-feira (1º), está previsto reajuste nos remédios de mais de 10%. Os valores são definidos pelo Comitê Técnico-Executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial responsável pela área, e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Conforme a Agência, a CMED ainda não publicou a resolução que define os percentuais.

Maria Elita e Cinato da Cunha Lopes comprometem mais de 10% da renda em remédios
Maria Elita e Cinato da Cunha Lopes comprometem mais de 10% da renda em remédios Foto: Susi Mello/GES-Especial

No ano passado, o aumento foi de até 10,08%. Em 2020, devido à pandemia, o reajuste nos medicamentos foi suspenso por dois meses, passando a valer em 31 de maio. Na época, o aumento máximo foi fixado em 5,21%.

Farmácias de Novo Hamburgo já estão atentas. Um supervisor, Mauro Nunes Monteiro, estima que a majoração será entre 10% e 12%. "A medicação que terá mais impacto é a de uso contínuo. As pessoas têm que comprar esses medicamentos, pois tomam diariamente e não têm opção. São medicamentos para controle de pressão, diabetes, diurético, problema cardíaco, entre outros", sublinha.

Antecipadamente

A gestora de farmácia Carla Patrícia Rodrigues acredita em aumento no preço final entre 12% e 15%. "Estamos falando no atendimento aos clientes que, a partir de 1º de abril, o valor de medicamentos estará mais alto. Todos se assustam e relatam que ficará ainda mais difícil. O idoso é mais afetado porque depende da baixa aposentadoria", comenta. Quem tem condições de parcelar no cartão de crédito, acrescenta, já está comprando mais de um medicamento, pensando no próximo mês.

Avaliação dos impactos e dicas para tentar economizar o máximo que dá

O presidente da Associação dos Aposentados de Novo Hamburgo, Idailton Alexandre Velho, conta que o aumento afetará fortemente a renda de idosos. "Nossos associados, 95% deles, ganham um salário mínimo. A maioria deles usa medicamentos e precisa do auxílio da família para ajuda. Se não fosse isso, nossos aposentados não teriam nem para comer. Por outro lado, ainda há os que 'seguram' as pontas em casa por conta de filhos desempregados", lamenta.

Economista e professor da Universidade Feevale, José Antônio Ribeiro de Moura salienta que as pessoas com doenças crônicas são mais afetadas pelos reajustes, utilizam mais remédios e têm menos possibilidade de abrir mão deles, por terem um quadro de saúde mais enfraquecido.

"Para os idosos os remédios representam próximo de 6% da renda, o que não é pouco, e os mais pobres sentem ainda mais o impacto. Segundo o Ipea, os 10% mais carentes comprometem uma fração da renda 3,6 vezes superior à dos 10% mais ricos com medicamentos, representando 11% do gasto total mensal", sublinha.

Sugestões

Assim como os alimentos, explica o economista, os medicamentos são necessários na cesta de compras, estrangulando ainda mais o já fragilizado orçamento doméstico.

"A dica é economizar", acrescenta. Ele recomenda pesquisar farmácias do bairro. A Internet ajuda a descobrir preços mais baratos. "Dê preferência aos genéricos e similares, mas solicite ao médico a prescrição pelo nome do princípio ativo e não do nome comercial para facilitar a identificação no momento da compra. Outro jeito é participar de plano de fidelidade das farmácias, que oferecem descontos ou pelos laboratórios que produzem os medicamentos", recomenda.

Desabafo: somos movidos a remédios

Morador do bairro Jardim Mauá, o casal de aposentados Cinato da Cunha Alves, 75 anos, e Maria Elita Rangel Lopes, 73, compromete praticamente 12% de sua renda de três salários mínimos na compra de medicamentos. "Somos movidos a remédios", resume a aposentada.

As medicações de ambos são separadas em caixas plásticas. Somente na dele, são 12 medicamentos. Oito são comprados e outros quatro são fornecidos na farmácia comunitária. "Por mês dá mais ou menos 250 reais só nos remédios dele. Se não fossem descontos chegaria aos 300 (reais)", comenta Elita, que desembolsa aproximadamente 150 reais mensalmente.

O casal conta com o auxílio da filha, que é quem faz "a correria". Inclusive, atenta ao aumento, ela iria fazer as compras de remédios antes. O casal também comenta que o pagamento da aposentadoria virá depois dos novos valores.

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