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Notícias | Região ECONOMIA

Entenda como a gangorra do dólar afeta preço do calçado na exportação

Moeda americana tem acumulado quedas desde o início do ano

Por Juliana Nunes
Publicado em: 30.03.2022 às 03:00 Última atualização: 30.03.2022 às 09:44

O dólar acumula queda de 7,43%, em março e 14,41%, em 2022. Se em janeiro a moeda americana passou de R$ 5,30, nos últimos dias tem ficado abaixo de R$ 4,80. E como fica a indústria calçadista que exporta e importa produtos?

O dólar operou em alta durante quase toda a sessão
O dólar operou em alta durante quase toda a sessão Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
Para o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, o problema maior não é a queda ou a alta da moeda americana, mas a volatilidade do câmbio, que interfere na base de preços.

“Com o dólar a R$ 5,60, R$ 5,70, os produtos nacionais ficam mais competitivos internacionalmente, mas por outro lado a base de insumos também vai trazer este custo da desvalorização do real ante o dólar”, pontua. “Na prática, quanto mais alto o dólar, melhor para formar preço para exportação, mesmo que insumos custem mais, ficam mais competitivos, e quando cai é o contrário. Mas o maior problema ainda é a volatilidade, não saber qual taxa poderá usar para calcular, já que o câmbio não é estável”, completa Ferreira.

Formar preços

Esta instabilidade cambial também é analisada pelo consultor do setor calçadista (Abicalçados e Assintecal) e professor de Economia na pós-graduação da Unisinos, Marcos Lélis. “Com esta volatilidade ficamos sem uma régua para definir e formatar o preço”, afirma.

Lélis exemplifica. “Imagina que alguém que exportou no mês passado e formatou preço em R$ 5, agora tem um dólar em R$ 4,70, desta forma pode haver uma perda. Isso vale para quem importa também, porque compra em um dia por um valor e depois já se tem outro. O preço acaba sendo formado em cima de uma expectativa que muda pela volatilidade do câmbio.”

O segundo problema, cita Lélis, seria se o real se valorizasse muito. “Aí se começa a perder rentabilidade e não vale a pena exportar, isso pode acontecer se o dólar chegar a uns R$ 4,40”, explica.

Exportações

Independentemente da queda ou alta na moeda americana, a expectativa do setor calçadista segue positiva, baseada na quantidade de produtos a serem embarcados. O setor deve produzir mais de 820 milhões de pares em 2022, o que representa um incremento de 2,3% em relação a 2021.

A coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, destaca que o crescimento deve ser impulsionado pelas exportações, que no primeiro bimestre do ano somaram envio de 27,57 milhões de pares ao exterior, gerando US$ 209,23 milhões, incrementos em volume (+40%) e em dólares (+70,8%) em relação ao mesmo intervalo do ano passado.

Consumidor deve ficar atento às variações cambiais

A queda do dólar está atrelada a alguns fatores, como o aumento da circulação da moeda no País. “O Brasil está exportando mercadorias com preço mais elevado (produtos como trigo, milho e petróleo), o que traz mais dólares para a economia brasileira. Estamos com uma taxa de juros muito alta e isso atrai investimentos no mercado financeiro, mas associado a uma especulação financeira. O movimento no mercado financeiro é mais volátil, se eu tenho mudanças na taxa de juros este dinheiro pode mudar de lugar”, detalha a economista e professora da Feevale, Lisiane Fonseca da Silva.

Na prática, não deve haver um impacto a curto prazo. “O preço de alguns produtos que o Brasil importa se torna mais barato e isso pode vir a repercutir no preço final. Mas é imediato? Não, porque o mercado sempre tenta entender o comportamento do câmbio, que acaba sendo temporário. Só sentimos isso à medida que novos contratos de negociação, com cotação na moeda internacional sejam feitos com um custo menor”, observa a economista.

Algo que acontece muito quando há queda do dólar é a cotação de viagens. Mas Lisiane lembra que é importante ter cuidado. “A compra de passagem e hospedagem pode ser uma boa ideia. Mas muita cautela nos gastos no cartão de crédito. O consumidor pode fazer contas em um momento e a fatura vir maior, por esta alteração cambial.”

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