Operação Copa Livre tem interceptação de mensagens que mostram negociação de propina

Na decisão judicial que determinou, nesta quarta-feira (6), o imediato afastamento dos dirigentes do Instituto de Atenção à Saúde e Educação (Aceni) da gestão do Hospital de Pronto Socorro de Canoas por 120 dias, a juíza da 2ª Vara Cível de Canoas, Adriana Morozini, tornou público que mensagens interceptadas pelo Ministério Público no âmbito da Operação Copa Livre, desencadeada na semana passada, apontam o suposto envolvimento do prefeito Jairo Jorge (PSD) em irregularidades.

Conforme escreveu a juíza na decisão que autoriza o Estado a intervir no HPSC, a organização social (OS) Aceni contratada em janeiro deste ano para gerir o hospital havia prometido R$ 300 mil a Jairo Jorge ainda na campanha eleitoral de 2020. A contratação sem licitação da Aceni para gerir o Hospital de Pronto Socorro de Canoas seria uma "retribuição" ao dinheiro repassado na campanha, em 2020. A Operação Copa Livre investiga irregularidades em cinco contratos da Prefeitura, incluindo o da Aceni.

Desse valor, aponta a partir da página 4 do despacho de urgência, ”no mínimo” metade foi entregue ao então candidato do PSD em um restaurante de São Paulo. A magistrada pontua ainda que “as mensagens trocadas pelos envolvidos, que tiveram o sigilo quebrado, transcritas de forma clara e com a observância da cronologia peça portal, são demonstração do 'apoio' que o grupo paulista pretendia disponibilizar ao candidato com maior intenção de votos para o pleito municipal que se aproximava, conforme pesquisas eleitorais da época".

Jairo Jorge foi eleito em 2020, assumiu a Prefeitura em 1º de janeiro de 2021 e foi afastado afastado pela Justiça na semana passada. 

A juíza da 2ª Vara Cível de Canoas afirma também "não ter dúvidas", após analisar as mensagens interceptadas, que os empresários viram em Canoas "uma boa oportunidade para seus negócios". A magistrada conclui que, com a suposta propina, a empresa “pretendia obtenção de futuras vantagens indevidas, através de contratações com o Município, o que, de fato ocorreu, com a eleição de Jairo Jorge como prefeito de Canoas".

Desde a semana passada, quando foi desencadeada a Operação Copa Livre, o Diário de Canoas busca contato com o diretor da Aceni, Sylvio Pereira, sem sucesso. O advogado de Jairo Jorge, Jader Marques, confirmou que teve acesso à decisão da Justiça mas que ainda não irá se manifestar sobre as acusações de propina. "Não posso me manifestar à imprensa antes de responder ao desembargador", alegou. Ele informou que, por ora, Jairo Jorge ficará em silêncio.