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Notícias | Região ÓDIO NAS REDES

Polícia investiga grupo neonazista em tradicional escola pública de Novo Hamburgo

Agentes apreenderam cinco celulares, computador e arma de brinquedo nas casas de quatro alunos na manhã desta sexta-feira no bairro Boa Saúde

Por Silvio Milani
Publicado em: 07.05.2022 às 11:49 Última atualização: 07.05.2022 às 11:57

Apologia ao nazismo e manifestações racistas em grupos de alunos do Colégio Estadual 25 de Julho, em Novo Hamburgo, viraram caso de Polícia. Na manhã desta sexta-feira (6), a 1ª DP da cidade cumpriu mandados de busca nas casas de quatro estudantes suspeitos, todos de 17 anos, onde foram apreendidos cinco celulares, um computador e um revólver de brinquedo. A escola diz que não tem conhecimento da situação e que prefere não se manifestar porque o caso está sob investigação.

Material recolhido com investigados será periciado
Material recolhido com investigados será periciado Foto: Polícia Civil

"Vamos fazer o pedido ao Judiciário para quebra dos dados telemáticos dos aparelhos eletrônicos, a fim de aprofundar as investigações, mas já temos postagens que responsabilizam alguns adolescentes", declara o delegado da 1ª DP, Tarcísio Kaltbach. Publicações de alunos com suásticas e de avisos associando negros a assaltos já chegaram à Polícia.

Há dezenas de estudantes nos grupos de WhatsApp com as mensagens de ódio, mas somente os quatro alvos da operação são os acusados até o momento. "Fica evidenciado que a maioria dos estudantes não tem participação. Nessa etapa, estamos indo atrás dos que mais se manifestam com tais conteúdos segregacionistas."

Ameaças de atentado

Em meio às ideias tóxicas de sectarismo, conforme o delegado, há menções de atentados à escola. "Desconfiamos que tudo venha desse grupo investigado. Essa suposta ameaça de ataque, no entanto, parece fantasiosa, pois não vimos indício de planejamento de um ato assim. Mas temos que apurar até afastar e rechaçar qualquer possibilidade", salienta o delegado. A 25 de Julho, situada no bairro Rio Branco, junto ao Centro, é umas das escolas mais tradicionais do Vale do Sinos.

Quebra de sigilo pode aprofundar investigação

O delegado reitera que os cinco celulares e o notebook apreendidos poderão trazer novas informações à investigação. "Precisamos de autorização judicial para análise e perícia dos aparelhos, até porque estão bloqueados por senha." Como são adolescentes, podem ser responsabilizados por ato infracional equiparado aos crimes de incitação ao nazismo e racismo, que não deve resultar em internação, mas em medida alternativa de cunho educativo. "Estamos diante de uma situação grave. A história nos ensina muito sobre pensamentos supremacistas, que devemos combater na raiz", ressalta Tarcísio.

“Não acredito que meu filho esteja fazendo esse tipo de coisa”

Os agentes chegaram por volta das 6 horas às quatro casas, situadas no bairro Boa Saúde. Acordaram os alunos suspeitos e as famílias. "Acreditamos que os pais realmente não sabiam dos atos dos filhos, conforme argumentaram. Estavam perplexos com a operação. São residências humildes, de famílias trabalhadoras, sem antecedentes criminais", comenta o chefe de Investigação da 1ª DP, comissário José Urbano Lourenço.

Segundo ele, nenhum material de apologia ao nazismo ou de intolerância racial foi encontrado nas casas. "Não acredito que meu filho esteja fazendo esse tipo de coisa", disse, assustada, uma mãe. Um investigado começou a chorar. "Esses jovens negaram pertencer a grupos nazistas ou racistas, mas admitiram a troca dessas mensagens. Parece que consideram normal divulgar e compartilhar esse tipo de conteúdo."

Crimes no celular

Aluno usa suástica no braço, como se pertencesse a exército nazista, com o mesmo símbolo ao fundo em forma de bandeira
Aluno usa suástica no braço, como se pertencesse a exército nazista, com o mesmo símbolo ao fundo em forma de bandeira Foto: Reprodução
Aluno usa suástica no braço, como se pertencesse a exército nazista, com o mesmo símbolo ao fundo em forma de bandeira.

O recado racista teria divertido pequena parcela de jovens e revoltado a maioria dos estudantes membros dos grupos. 

O recado racista teria divertido pequena parcela de jovens e revoltado a maioria dos estudantes membros dos grupos
O recado racista teria divertido pequena parcela de jovens e revoltado a maioria dos estudantes membros dos grupos Foto: Reprodução

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