Polícia encerra buscas por casal que desapareceu há seis meses em Cachoeirinha
Filha do idoso Rubem Heger, de 85 anos, está em prisão domiciliar e nega envolvimento dela e do filho no crime
As buscas pelo casal Rubem Heger, 85 anos, e Marlene Heger Stafft, 54, desaparecido desde 27 de fevereiro, estão encerradas. Quem confirma é o delegado Anderson Spier, responsável pelo caso e titular da 1º Delegacia de Polícia (DP) de Cachoeirinha. Conforme Spier, todos os locais suspeitos foram verificados e nada foi encontrado.
Além disso, o inquérito também está concluído e já foi encaminhado ao Judiciário. “As últimas provas que encontramos e fizemos a ligação com o caso, foram compras realizadas cerca de duas semanas antes do dia 27 de fevereiro. Cláudia adquiriu três lonas, duas luvas e uma fita adesiva.” As compras citadas, de acordo com o delegado, foram encontradas por meio do CPF de Cláudia de Almeida Heger, 51, filha de Rubem, que esteve na casa do idoso onde teria almoçado na companhia da madrasta e do filho, Andrew Heger Ribas, 28.
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Família quer viver o luto
Desde o dia 27 de fevereiro, a neta de Rubem, Brenda Heger, 24, diz que a família busca viver seu luto, mas não consegue. “Seguimos esperando para ver se os corpos vão ser ou não encontrados. A esperança é cada vez menor”, conta ela, que deu um depoimento esperançoso no início de julho. As lembranças ganharam ainda mais força no último domingo (28), data em que Rubem festejaria 86 anos. “Ele gostava de fazer um café da tarde. Chamava toda a família para a casa dele e da Marlene, os dois eram muito próximos.”
Enquanto as respostas não chegam, a angústia continua. “O pai está bem desanimado, sofre de depressão. Estamos tentando nos virar”, explica a neta, se referindo ao filho mais velho de Rubem, Clóvis de Almeida Heger. As idas até a casa do avô são raras. “Meu pai vai até lá apenas para pegar as contas de água e luz, que continuamos pagando, mas não chega a entrar.” O contato, dentro do possível, também é mantido com os filhos de Marlene. “Um mora em Novo Hamburgo e o outro em Cachoeirinha mesmo, seguidamente perguntamos se eles estão bem, se precisam de alguma coisa.”
Relação com tia e primo
Sobre a prisão da tia, Brenda diz que espera que ela e primo sigam presos. "Eles têm que pagar pelo que fizeram", declara. Há duas semanas, a Polícia Civil comunicou que Cláudia havia retornado para a prisão domiciliar. "Nos disseram que ela ficou paraplégica na prisão", relata Brenda. Já em relação ao primo, a neta diz que nunca teve muito contato com ele. "Não víamos eles com frequência, sempre foram distantes."
Um dos filhos de Marlene, Marcelo dos Passos, 30, esteve um dia antes do desaparecimento na residência do casal em Cachoeirinha. "Não temos mais esperança de encontrá-los vivos", expressa. Marcelo alega que a relação da mãe com a enteada nunca foi boa. "Eu me recordo pouco da Cláudia, vi ela poucas vezes."
No momento, a família ainda discute o que fazer em relação aos bens do casal. A advogada da família, Priscilla Marmacedo, explica que o processo precisa ser feito em uma ação na esfera civil. "É necessário informar que existem bens de ausentes, daí se inicia um processo para nomear um curador", completa. Ela comunica que ainda não foi procurada para tratar do assunto.
“Não tenho nada para esconder, quero encontrar meu pai”, diz filha
A reportagem conversou por telefone na tarde desta segunda-feira (29) com Cláudia de Almeida Heger, filha de Rubem e enteada de Marlene. Ela, que é ré no caso, está em prisão domiciliar desde o dia 15 de agosto. A moradora de Canoas nega o envolvimento com o desaparecimento do pai e da madrasta. Diz que foi vítima de uma armação da família. “A investigação não foi feita para encontrar meu pai e sim para me prender”, declara.
Questionada sobre o afastamento com o pai, alegado por familiares, Cláudia nega e afirma ser presente na vida de Rubem e Marlene. “Eles falam isso porque o pai não aceitava dormir na casa deles e só frequentava a minha.” As visitas do casal eram frequentes em Canoas, conforme a filha. “Quem é que disse que eles não levaram roupa para minha casa? Levaram sim, uma sacola e inclusive os medicamentos”, conta Cláudia.
A filha do idoso reafirma o que disse em depoimento à Polícia Civil. “Eles foram para minha casa aquele dia, jantamos juntos, fizemos um churrasquinho. Passaram ainda os outros dias e sumiram apenas no dia 1º de março, quando eu fui ao médico. Quando voltei tinham sumido.”
Sobre a passagem do aniversário do pai, que teria sido no domingo, ela é incisiva. “Não tenho nada para esconder, quero encontrar meu pai e Marlene", completou Cláudia.
Andrew
Em relação ao filho, Cláudia confirma que apenas ele teria condições de ajudá-la em casa, já que se encontra paraplégica por conta de um vírus. "Ele pode me pegar no colo, me ajudar. Estou contando com o auxílio dos vizinhos", esclarece. Andrew segue detido no Instituto Psiquiátrico Forense (IPF) e, de acordo com o advogado de defesa, Rodrigo Schmitt, aguardando um laudo da perícia.