'Foi um milagre', diz esposa de motorista de app baleado em assalto, após alta hospitalar

Baleado na cabeça em assalto na tarde de 7 agosto enquanto trabalhava, no bairro Jardim Mauá, em Novo Hamburgo, o motorista de aplicativo Enedir Wüst, 48 anos, saiu nesta segunda-feira do hospital. Para ele e a família, é momento de recomeçar a vida. “Foi um milagre. O atendimento rápido salvou a vida do meu marido”, diz a técnica de enfermagem Elizabete Viaziminski, 51, que agora tem a tarefa dos cuidados em casa.

“Agora têm os cuidados em casa e a fisioterapia, pois ele está com dificuldade de movimentos no lado esquerdo. Não consegue segurar com a mão”, conta Elizabete, que não está trabalhando para se dedicar ao marido. “A prioridade é a recuperação”, salienta. O casal mora no bairro Canudos com o filho da técnica, de 30 anos.

Estado grave

Wüst trabalhava há quatro meses como motorista de aplicativo. “Estava sem emprego fixo, mas tinha duas entrevistas em empresas para aquela semana. É comprador, com experiência.” A esposa conta que, naquele domingo, ele saiu às 15 horas para fazer corridas. Às 17h40, foi atacado por uma dupla de assaltantes em um Ford Ka. Alvejado na cabeça, bateu o Onix que dirigia no muro de uma casa na Rua São Jerônimo e foi hospitalizado em estado grave.

 “Ele não lembra do que aconteceu”

A alta hospitalar foi às 10h30 desta segunda. Elizabete conversou à tarde com a reportagem, já em casa, ao lado de Enedir, que preferiu não falar. “Ele não está em condições. Não lembra nada do que aconteceu”, diz ela, que elogia a recuperação e o atendimento no Hospital Municipal de Novo Hamburgo.

“A gente passou por um momentos complicados, foi uma tormenta na nossa vida, mas hoje é só agradecer. Também tivemos muito apoio de vizinhos e amigos.” Ela coloca em segundo plano as dificuldades financeiras pelo estado do marido, que estava com esperança de voltar a um trabalho formal e agora precisa retomar a saúde. “A gente só pensa na recuperação”, reitera.

Médicas comentam a complexidade do caso

A neurocirurgiã endovascular Daniela Carla Lunelli define o caso como “extremamente grave” e salienta o desfecho positivo. “O fato de o paciente apresentar uma evolução tão positiva de seu quadro se deve, certamente, à excelência e à prontidão no atendimento com neurocirurgiões desde a sala vermelha da Emergência, que executaram uma cirurgia complexa de descompressão para diminuir o edema cerebral, e tão especializada, no caso, dos doutores Anderson e Richard.” A médica ressalta que a UTI tem papel fundamental no pós-operatório imediato.

A médica intensivista Bárbara Fior diz que a alta de Wüst é comemorada por todos os profissionais da instituição e é a resposta a um trabalho multiprofissional do Hospital Municipal de Novo Hamburgo. "Toda a equipe teve muita participação e o momento deve ser celebrado, pois demonstra as boas práticas aplicadas e, sobretudo, a importância de se acreditar na recuperação do paciente. É um dia de vitória e estamos todos muito felizes."

Assaltantes foram presos e confessaram

Os dois assaltantes foram presos por agentes da 2ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo no bairro Vicentina, em São Leopoldo, na manhã da última quinta-feira. Um tem 26 anos e estava foragido, com mais de 14 anos de condenações por roubo e tráfico. O outro tem 20 anos e desfrutava de liberdade provisória por receptação. “O mais velho confessou que atirou. O outro era quem dirigia o Ka”, conta o delegado da 3ª DP, Alexandre Quintão. Os nomes não são informados por conta da Lei de Abuso de Autoridade.

Na casa do foragido de iniciais HYAP, na Rua Caetano J. Munhoz, os agentes apreenderam, além do revólver, aproximadamente três quilos de maconha, meio quilo de cocaína, balança de precisão e um rádio na frequência da Brigada Militar. “O indiciado admitiu que é a arma utilizada no crime e que ele que efetuou o disparo no motorista”, reitera Quintão.

Na Rua Capitão Armindo Bier, o motorista do Ka, de iniciais LJBC, também confessou, segundo o delegado. “Ambos foram indiciados pelo crime de tentativa de latrocínio e foram encaminhados ao sistema prisional.”