Vendedor é condenado no regime aberto por fazer filho refém e esfaqueá-lo em Ivoti
Em tom de arrependimento, réu chorou durante o júri e pegou pena de cinco anos nesta segunda-feira
Acusado de manter o filho refém durante cinco horas e esfaqueá-lo, em março do ano passado, em Ivoti, o vendedor Dari Armindo Heidecke, o Padre, 51 anos, foi condenado nesta segunda-feira (3) a cinco anos, um mês e 20 dias no regime aberto. Heidecke teria cometido o crime por não concordar com medida protetiva em favor da ex-esposa, que é mãe da vítima. Durante o interrogatório, ele chorou e negou a intenção de matar o filho.
O júri começou por volta das 9h30, no fórum da cidade. Preso desde o dia do fato, quando levou quatro tiros de brigadianos, o réu chegou sob escolta da Susepe.
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A sentença saiu por volta das 18h30. A acusação mais grave, de tentativa de homicídio, foi desclassificada para uma mais branda, de lesão corporal. O réu ficou ainda enquadrado em cárcere privado, ameaça e violação de medida protetiva.
Voltou ao presídio
A juíza de Ivoti, Larissa de Moraes Morais, determinou que o condenado não poderá recorrer em liberdade, e ele foi levado de volta ao presídio. A acusação foi feita pela promotora Cristine Zottmann e a defesa esteve com o advogado Jean Severo.
Para usufruir do regime aberto, Heidecke terá que conseguir uma carta de emprego. Só assim ganhará autorização para poder trabalhar fora e retornar à cela somente para o pernoite. Os 19 meses em que ficou recolhido à espera do júri serão subtraídos da pena.
“Ele me mataria e depois se mataria também"
A casa, na Rua Albino Kern, no bairro Sete de Setembro, teria sido invadida pelo comerciário por volta das 2 horas de 3 de março de 2021. Ele estaria à procura da ex-esposa, em razão de medida protetiva decretada no dia anterior, mas só estava no imóvel o filho, então com 24 anos. A mulher e a outra filha tinham ido para casa de parentes.
O rapaz teria sido surpreendido com o arrombamento da porta do quarto, que ele havia trancado antes de dormir. O pai teria ido para cima do filho e, em luta corporal, o ferido com facadas na perna, ombro e pescoço.
Segundo o jovem, sob ameaça de morte, o acusado mandou que ligasse para a mãe e ordenasse que ela tirasse a queixa de violência doméstica. A ex-mulher confirma que atendeu ao telefone e ouviu palavrões e intimidações extremas, como: “se não ligar para o oficial de Justiça, o teu filho vai morrer”.
Houve nova luta, até que o invasor colocou uma estante na porta do quarto para impedir o filho de sair. O jovem relatou que perdia muito sangue. Por volta das 5 horas, chegaram brigadianos para a negociação. O acusado estava irredutível. Dizia para os policiais não entrarem no quarto. A vítima relatou a ameaça. “Ele me mataria e depois se mataria também".
A área foi isolada. Ao amanhecer, chegou o Batalhão de Operações Especiais (Bope), de Porto Alegre. A negociação foi ficando mais tensa. Eram 7h30 quando os policiais de choque arrombaram a janela e jogaram uma bomba de efeito moral.
Um policial do Bope contou que, após o arrombamento, visualizou o denunciado esfaqueando o filho, que estava encolhido perto da parede tentando se desvencilhar do réu com as mãos. Falou que, mesmo após tomar três tiros e cair, o pai ainda tentou levantar, com a faca em punho, para acertar o filho, razão pela qual disparou pela quarta vez para contê-lo.
"Só não matou o filho dele em função da nossa intervenção", afirmou o soldado. Feridos, pai e filho foram levados ao hospital.
Réu alega que tentou se defender de agressões
O vendedor alegou que recebeu a intimação de medida protetiva por volta das 21 horas de 2 de março do ano passado e que foi à casa para buscar objetos pessoais. Mencionou que deixou o carro na Rua Castro Alves, a cerca de um quilômetro da residência, para se precaver. Disse que o filho estava acordado e que ficou conversando amigavelmente com ele sobre a família, jogos de futebol e outros assuntos, mas que, pouco depois, o jovem começou a ofendê-lo e a agredi-lo. Afirma que só tentou se defender.